Autor: Juan Claudio Sanahuja
Tradutor: Lyège Carvalho
Assunto: Ensaio social e religioso
Editora: Ecclesiae
Edição: 1ª
Ano: 2012
Páginas: 206
Este “poder global”,
como um novo Leviatã, “procura a perversão dos menores, a anticoncepção, o
aborto, a eutanásia, a investigação com embriões humanos, a injusta legitimação
jurídica de casais do mesmo sexo etc. A falsa espiritualidade da nova ordem procura ensinar às crianças
de 5 anos a normalidade da homossexualidade e da masturbação e instruí-la no
uso de preservativos e da pílula do dia seguinte, inculcando-lhes que o aborto
é um direito, como propõe a UNESCO”.
Comentários: A crise da Igreja é grave. Tenho a
impressão de que não se esconde de ninguém que o cataclismo social – que afeta
o respeito à vida humana e à família – tem essa triste situação como causa.
Michel Schooyans afirma, sem nenhuma dúvida, que a Nova Ordem Mundial, “do
ponto de vista cristão, é o maior perigo que ameaça a Igreja desde a crise
ariana do século IV”, quando, nas palavras atribuídas a São Jerônimo, “o mundo
dormiu cristão e, com um gemido, acordou ariano”.
(...) Soma-se à atitude vacilante de
muitos católicos a ditadura do politicamente correto, muito mais sutil que as
anteriores e que reivindica a cumplicidade da religião, uma religião que por
sua vez não pode intervir nem na forma de conduta nem no modo de pensar. A nova
ditadura corrompe e envenena as consciências individuais e falsifica quase
todas as esferas da existência humana.
A sociedade e o estado excluíram Deus, e
“onde Deus é excluído, a lei da organização criminal toma seu lugar, não
importa se de forma descarada ou sutil. Isto começa a tornar-se evidente ali
onde a eliminação organizada de pessoas inocentes – ainda não nascidas – se
reveste de uma aparência de direito, por ter a seu favor a proteção do
interesse da maioria”.
Entrevista
com o autor:
Canção Nova - De que forma funcionam essas estratégias de
estabelecimento de um poder global e religião universal?
Monsenhor Juan Claudio Sanahuja - É algo fabricado pelos
mesmos lobbys antivida, porque precisam transformar a cultura dos países
cristãos, a fim de que a mensagem antivida possa ser aceita nesses países. Para
isso, precisam "trocar" as crenças dos povos cristãos, especialmente
católicos, e isso desgraçadamente é favorecido por uma situação de
"crise" no interior da Igreja, pois há pessoas, inclusive
eclesiásticos, que não aceitam os pronunciamentos magisteriais.
Justamente estes projetos de
nova ética internacional baseiam-se no relativismo ético. Portanto, os
documentos do Magistério que afirmam verdades imutáveis são rechaçados por
esses projetos. E querem inculcar isso no povo cristão e católico, em parte
valendo-se de alguns eclesiásticos que não aceitam o ensinamento da Igreja.
Canção Nova - Já tivemos na história regimes políticos que
promoveram o ateísmo, e, depois, surgiu essa tendência de promover a religião
aconfessional. Qual é a diferença desses dois mecanismos?
Monsenhor Sanahuja - As pessoas são quase sempre
as mesmas e tudo está impregnado de um neomarxismo. Então, o que ocorre é que
querem substituir a religião revelada, cristã, por uma outra, de valores
relativos, utilizando inclusive as mesmas palavras que têm grande valor para a
religião cristã. Por exemplo, a "paz". É uma palavra que tem forte
embasamento de conteúdo cristão. Por isso, não bastam as palavras: temos que
ver quem diz e por que as diz.
É o que o então Cardeal
Joseph Ratzinger chamou de moralismo político. Não basta falar sobre paz,
proteção das crianças, igualdade. Tem-se que ver quem diz e qual é a sua
ideologia, pois podem ser palavras enganosas, embora baseadas em conteúdo
católico. Então, aqueles que pregavam ateísmo há uns anos são os mesmos, ou
discípulos desses, e agora pregam uma nova ética de valores relativos,
mutáveis. Assim, tudo o que seja verdade imutável é fundamentalismo e,
portanto, rechaçável, condenável. Por isso, alguns dizem que a posição da
Igreja em relação ao aborto altera a paz, tanto social quanto mundial. Já
outros abordam as formas de se combater a Aids: a Igreja fala sobre o cultivo
de bons costumes, e há quem acuse isso de crime!
Canção Nova - De que forma os padres e bispos podem ajudar nesse
contexto? E o povo católico, já abriu os olhos para essa realidade?
Monsenhor Sanahuja - Sendo fiéis ao Magistério,
pregando a doutrina ensinada por Jesus. Acontece que nós sacerdotes, os
clérigos, inclusive bispos, temos a pressão do ambiente, do "politicamente
correto". Temos que pregar a Jesus e a conduta que Ele nos ensina a ter,
apesar da presença do politicamente correto. Com a ajuda de Deus, não podemos
ceder às pressões. Isso é inadmissível. Os sacerdotes devem pregar Jesus e a
doutrina católica, em sua integridade, e não se deixar pressionar, ainda que
isso possa trazer dor de cabeça.
CONSPIRAÇÃO ANTICRISTÃ
Principe Dom Bertrand de Orléans e Bragança
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