"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso"

domingo, 23 de outubro de 2011

CHE GHEVARA: ANATOMIA DE UM MITO

Caro Leitor:
Este vídeo tem 1h 11min. de duração e revela quem era de fato o mito produzido nos laboratórios comunistas e venerado neste país como se fosse uma divindade. O vídeo faz mais que isso: denuncia a farsa, a mentira e o engodo apologético de uma ideologia que produziu em Cuba 150 mil mortos e mais de 100 milhões no mundo todo durante o século XX.
A seguir, um importante depoimento de uma amiga que conhece a gênese dessa produção de Pedro Corzo, um ex-preso político cubano que depois fugiu com a família para Miami, onde hoje preside uma organização respeitadíssima chamada "Instituto de la Memoria Historica Cubana contra el Totalitarismo", a quem rendemos as reverências deste blog. [http://www.cubamemorial.net/Eventos/110328-IIConferenciaEspiasCubanosenEEUU.htm ]

"Todos os envolvidos nesse documentário são exilados políticos que sofreram nas prisões castristas, e o único objetivo é tentar destruir o mito do guerrilheiro sentimental, generoso e que está servindo de modelo e inspiração para a juventude.
O que se tem nesse vídeo são depoimentos de pessoas que serviram à revolução, pois no começo Fidel tinha um discurso que foi aprovado por muitos - acabar com a ditadura de Batista e devolver a democracia, liberdade e progresso a todos, indistintamente - e que, quando descobriram as reais intenções 'desertaram', sendo alguns deles assassinados, outros presos e outros ainda deportados. Se alguns aparecem fazendo elogios, fazem-no em relação ao sentimento da época, mas todos são muito firmes e respeitados em sua postura CONTRA a ditadura." (Graça Salgueiro)

O título mais adequado para este documentário seria: "Che: Anatomia de um Porco".

O Editor.


Documentário com 1h11min de duração.



Vitimas do porco psicopata: Cornelio Rojas

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CORTAR O MAL PELA RAÍZ! História e memória do comunismo na Europa

Título original: Du Passe Faisons Table Rase! [Façamos tábula rasa do passado!]
Autor: Stéfane Courtois e Outros
Tradução: Caio Meira
Editora: Bertrand Brasil
Assunto: Comunismo
Edição: 1ª
Ano: 2006
Páginas: 588



Sinopse: Esta obra publicada sob a direção de Stéphane Courtois, revela fatos subestimados e deliberadamente ignorados dos crimes realizados pelo comunismo na Europa. A obra dá continuidade ao trabalho de Courtois iniciado no “O livro negro do comunismo: crimes, terror, repressão” cuja obra foi publicada em 1997 na França, em 1999 no Brasil e em mais de 25 países.


Comentários: Dezesseis historiadores da Europa e da América revelam as tragédias subestimadas e até mesmo deliberadamente ignoradas.

Na Estônia, os “batalhões comunistas de destruição” tiveram, durante a guerra, direito de optar pela vida ou pela morte de todos que caiam em suas mãos. Na Bulgária, a população foi submetida, durante décadas, ao terror generalizado. Na Romênia, a prisão de Pitesti foi, segundo François Furet, “uma das piores experiências de desumanização ocorridas em nossa época”: os torturadores comunistas exigiam dos detentos que eles próprios se tornassem os seus torturadores, a fim de negar-lhes até mesmo a condição de vítimas. Sem falar nas torturas físicas e psíquicas perpetradas com requinte de crueldade pela Stasi ou pela Securitate.

Em face desse panorama abominável, como explicar que no Ocidente, em particular na França – com a indiferença e a frivolidade que também são a marca da característica cultural brasileira –, a memória do comunismo permaneça, ainda hoje, gloriosa, e sua história, apologética?

Do prefácio: “Este livro é, ao mesmo tempo, o fruto das circunstâncias e de um dever histórico. ‘O livro negro do comunismo’, por falta de espaço, teve de limitar seus propósitos aos fenômenos mais intensos da criminalidade comunista – URSS, China, Camboja –, deixando apenas uma parte mesquinha para o Leste Europeu, o Komitern, a África, a América Latina e o Afeganistão. Assim seguindo a lógica e os princípios de historiador, era indispensável retomar o trabalho e aprofundar os fenômenos algo abandonados e mesmo subestimados.” (Paris, julho de 2002 Stéphane Courtois).

domingo, 2 de outubro de 2011

COCAINA VERMELHA: A Narcotização da América *

Título original: Red Cocaine: The Drugging of America
Autor: Joseph D. Douglas, Jr.
Editora: Clarion House, Atlanta.
Assunto: Comunismo
Edição: 1ª
Ano: 1990
Páginas: 280
Nota: * O título em português é meramente ilustrativo. Não há edição brasileira.

 Introdução

O leitor que se debruçar sobre Red Cocaine deverá se preparar de duas maneiras: redobrar a atenção para nomes e datas e certificar-se de que possui um estômago capaz de digerir um detalhadíssimo relatório sobre algumas das mais pérfidas e prolongadas ações perpetradas por regimes e indivíduos em toda a história. O estilo seco, quase monocórdio, de um autor acostumado a análises técnicas minuciosas, não consegue abafar a revolta que se revela através das repetidas menções aos objetivos dos agressores (os traficantes estatais comunistas) tanto quanto através da semi-perplexidade diante da inação e inépcia das autoridades americanas e ocidentais em geral. Red Cocaine traça o quadro geral, dá os antecedentes históricos, apresenta a evolução do planejamento estratégico de longo prazo chinês e soviético quanto ao uso das drogas como arma política e química contra os soldados e oficiais americanos, mas principalmente, contra a juventude americana a médio e longo prazos.

Ao contrário de tantos livros sobre teorias conspiratórias, Joseph D. Douglass, Jr. não apresenta teoria nenhuma, mas sim provas, documentos oficiais de vários países envolvidos, testemunhos de desertores e depoimentos de traficantes em processo de julgamento.

Douglass começa por alertar quanto a um modo de pensar já bastante enraizado, ou seja, de que de um lado haveria apenas os traficantes das Máfias “locais”, organizações inescrupulosas por natureza, e do outro, os usuários de drogas, sem levar em consideração outra possibilidade: a epidemia, ou pandemia das drogas ilegais, como resultado de estratégias de guerra política orquestradas por vários países comunistas contra o Ocidente em geral e contra os Estados Unidos em particular, em combinação com as organizações criminosas locais, com ou sem o conhecimento destas, especialmente quanto aos objetivos estratégicos de longo prazo.
Em seguida, a guisa de introdução mais abrangente, o autor dá uma visão panorâmica dos acontecimentos então recentes, ou seja, as ações cubanas na América Latina, especialmente na Colômbia dos cartéis, já citando a atuação das FARC em conjunto com a política cubana de exportação de cocaína e de outras drogas para os EUA e com isso, o financiamento de ações de movimentos terroristas e revolucionários. O ano era 1989 e George H. W. Bush acabava de assumir a presidência quando decidiu por um plano de ajuda à Colômbia no combate ao tráfico de drogas. Ainda não era o Plano Colômbia, urdido por Bill Clinton e que só beneficiou as FARC em detrimento dos cartéis, como o de Medellín, p.ex.. Mas a Colômbia já estava tão infiltrada e corrompida, que os esforços de Bush pai tiveram resultado quase nulo. Foi necessária a ascensão de Alvaro Uribe para que o quadro mudasse, mas isso está além do escopo temporal do livro. De todo modo, a coordenação cubana do tráfico de drogas na América Latina e desta para os EUA, já é um quarto estágio, ou degrau, na estratégia comunista de guerra política via drogas. Vamos às origens. (Henrique Dmyterko).
O ópio é uma palavra de origem grega (ópion, diminutivo de opós, suco vegetal) para identificar o "suco de papoula". Trata-se de um líquido espesso extraído dos frutos, ainda verdes das várias espécies existentes. Seu uso mascado ou fumado provoca euforia, seguida de sono profundo. A medicina utiliza, assim como seus alcalóides, morfina e papaverina, como sonífero e analgésico. O uso repetido conduz ao hábito, à dependência química, e a seguir a uma decadência física e intelectual, já que é um potente veneno. Seus efeitos já eram conhecidos desde os sumérios há 6 mil anos atrás.


Esta pequena introdução já nos dá a idéia que há, pelo menos, 6 mil anos, não há desconhecimento quanto ao uso do ópio. Até o século XIX, sua venda era livre, mas restrita a poucos, pois aliviava as dores e sofrimentos dos doentes. A metáfora já servia para que [o satanista] Karl Marx (1818-1883) definisse a religião como o ópio do povo.


Intencionalmente ou não, o crescimento do consumo de ópio deveu-se aos interesses comerciais da Inglaterra no século XIX. Sem produtos europeus que interessassem aos chineses, a Companhia Britânica das Índias Orientais encontrou no ópio o único produto como moeda de troca pela seda, porcelana e chá chineses.


Em 1839, a droga ameaçava seriamente não só as finanças da China, como também a saúde dos soldados. A corrupção grassava. Para chamar a atenção do imperador, um ministro descreveu a situação da seguinte maneira:


“Majestade, o preço da prata está caindo por causa do pagamento da droga. Em breve, vosso império estará falido. Quanto tempo ainda vai permitir este jogo com o diabo? Logo não teremos mais moeda para pagar armas e munição. Pior ainda, não haverá soldados capazes de manejar uma arma porque estarão todos viciados”.


Na tentativa de retomar o controle, o imperador lançou um forte apelo à população, advertindo sobre o consumo de ópio. As firmas estrangeiras foram cercadas pelos militares, que em poucos dias apreenderam e queimaram, na cidade de Cantão, mais de 20 mil caixas da droga.


Desde então, droga e ação social caminham juntas. Os ingleses reagiram às perdas de seus interesses. Superiormente armados, a resposta foram duas guerras, conhecidas como “guerra do ópio”. As conseqüências das disputas entre britânicos e chineses foram profundamente danosas aos chineses. Estes foram obrigados a abrir seus portos e permitir o livre trânsito das mercadorias européias em território chinês, bem como inúmeras concessões e privilégios comerciais. E ainda, pagar uma pesada indenização, entregando a ilha de Hong Kong aos ingleses que lá ficaram até 1997.


Se há uma sociedade que conheceu as agruras de uma sociedade viciada, corrompida e destruída, esta é a chinesa que viu seu país, com uma das mais tradicionais culturas, ser conquistado de uma forma até então inusitada, longe das espadas e armas de fogo dos generais que nem sequer suspeitaram de suas conseqüências: a droga.


Talvez por ter profundo conhecimento dos efeitos de drogas em populações urbanas foi a China comunista que primeiro percebeu o potencial da disseminação de drogas derivadas do ópio (morfina e heroína) como armas tão ou mais eficazes que fuzis ou morteiros. No início dos anos 1950, Mao Tse-tung e Chou En-lai se encarregaram pessoalmente de planejar o que viria a ser um grande esquema de tráfico de drogas, vendidas a preço baixo aos soldados americanos na Coréia, no Japão e, especialmente, na ilha de Okinawa. Comentário sobre as operações ou a simples menção dos planos chineses era motivo para execução sumária, mesmo de generais, tamanho o grau de segredo que os comunistas chineses deram à execução de seus intentos. Os objetivos chineses eram basicamente os seguintes:


1. Com o dinheiro do tráfico, financiar atividades subversivas no exterior;

2. Corromper e enfraquecer o moral dos povos do mundo livre;

3. Destruir o moral das tropas americanas que lutavam na Coréia (e depois, no Vietnã).


Outro detalhe importante do esquema chinês era a cooperação, ou coordenação de outros países sob sua esfera de influência. Isso trazia várias vantagens, sendo uma delas o fato de que isso desviava o foco de atenção da China para a Coréia do Norte ou para o Vietnã do Norte; outra vantagem era a ampliação dos campos de produção de ópio, ainda que os principais e melhores ficassem em território chinês. Tudo isso teria o efeito de confundir os serviços de inteligência americanos e de outros países do ocidente. Houve também muito trabalho e cuidado no desenvolvimento de heroína da melhor qualidade, i.e., com maior poder de adicção. A droga era passada aos soldados americanos através dos conhecidos traficantes locais e de prostitutas aliciadas ou chantageadas. Prisioneiros de guerra americanos e sul-coreanos foram usados como cobaias para experimentos de drogas mais refinadas e potentes, além de testes de resistência física, quando se verificou que eram justamente os bem jovens os mais propensos às overdoses.


No caso da Indochina, os chineses tiveram, como primeiro alvo, as tropas francesas, e obtiveram grandes êxitos: o número de soldados franceses que abandonaram seus postos ou pediram baixa já como farrapos humanos, foi estarrecedor. Oficiais franceses, quando começaram a receber ajuda material americana, repassaram a seus colegas as informações que tinham sobre as drogas e o envolvimento chinês. Os oficiais americanos, ainda em pequeno número, repassaram relatórios alarmantes aos serviços de inteligência, mas nenhuma política efetiva de contenção ou enfrentamento jamais foi tomada.


Mas já antes do envolvimento americano na Indochina, outra personagem já estava muitíssimo bem informada das atividades chinesas, pelas quais demonstravam grande interesse e entusiasmo: a liderança do PCUS – Partido Comunista da União Soviética. Após a morte de Stalin em 1953, foi possível uma reaproximação da URSS com a China, pois os interesses comuns e a afinidade ideológica eram absolutamente óbvios. Os soviéticos, especialmente Nikita Khruschev, estavam fascinados com as possibilidades da guerra política através das drogas. Numa reunião do Partido, questionado sobre a moralidade do uso de drogas como arma, Khruschev respondeu que qualquer coisa que causasse dano aos capitalistas e avançasse a revolução era moralmente justificado.


Mas os soviéticos ainda precisavam aprender algumas coisas com os chineses, que se mostraram relutantes em cooperar plenamente. Sem maior cerimônia, os russos associaram-se a agentes chineses ligados ao tráfico e passaram, a partir dali, a desenvolver seus próprios métodos, muito mais amplos e sofisticados. Todavia, é importante ressaltar que a estratégia soviética de guerra revolucionária é uma estratégia global, que envolvia desinformação, engodo e propaganda. A estratégia de narcotráfico soviética é um sub-componente dessa estratégia e é mais bem compreendida nesse contexto.


Tanto quanto a China fez uso de outros países, a URSS optou pela Tchecoslováquia para dar início ao seu plano de ampliação da guerra via drogas. Mais tarde, outros satélites soviéticos participariam das operações, especialmente a Bulgária, mas em meados dos anos 1950, a Tchecoslováquia era a mais bem equipada tecnicamente, além de ter a grande vantagem de manter boas relações comerciais e diplomáticas com vários países ocidentais, o que facilitaria a coleta de dados e o estabelecimento de redes de agente e colaboradores locais.

Para tornar a Tchecoslováquia um subordinado eficaz na guerra política via narcotráfico, os soviéticos transferiram a membros selecionados dos serviços de inteligência e do Partido tchecoslovaco, planos de cursos que instruíam sobre:


1. Natureza do comércio de drogas, tipos e qualidades;

2. Meios de produção;

3. Organização da produção;

4. Mercados e consumidores;

5. Segurança;

6. Infiltração nas redes de produção existentes;

7. Uso da experiência das redes de inteligência;

8. Comunicação no interior das organizações de tráfico;

9. Como transmitir informação;

10. Como recrutar fontes de inteligência.


O primeiro nível estratégico da guerra contra o Ocidente envolvia o engodo, a desinformação e a propaganda. O segundo nível pretendia a destruição do capitalismo com seu próprio dinheiro gasto em drogas. Quando do sucesso das duas primeiras etapas, viria então a terceira: o rolar dos tanques soviéticos sobre a Europa.


À medida que cresciam as operações de tráfico do bloco soviético, a organização tornou-se mais complexa, mas com o mesmo grau de segredo e compartimentalização (“saiba somente o que é necessário saber”). Muitos estavam envolvidos, mas poucos sabiam do propósito da operação ou nem mesmo da participação e coordenação soviética.


Praticamente todos estes dados acerca da guerra política dos soviéticos provêm da extraordinária memória de um homem: Jan Sejna, que desertou da Tchecoslováquia para os Estados Unidos em 1968. Mas o General Jan Sejna não era um desertor comum e muito menos uma fonte comum. Ele foi membro do Comitê Central do PC Tchecoslovaco, da Assembléia Nacional e do Presidium. Foi também membro da Administração Política Principal e membro do Departamento de Órgãos Administrativos e primeiro secretário do partido no Ministério da Defesa, onde também foi chefe do estado-maior. Sua posição mais importante foi a de secretário do poderoso Conselho de Defesa, que era o mais alto corpo decisório em questões de defesa, inteligência, política externa e economia. Sejna era um oficial e funcionário do mais alto escalão, com acesso a informações sobre planos e operações ultra-secretos. Ele se encontrava regularmente com os mais altos funcionários da União Soviética e de outros países comunistas. Mas Sejna parece não ter tido muita sorte na escolha do momento para desertar, pois foi muito mal recebido nos EUA, que já no primeiro mandato de Richard Nixon, não parecia querer ouvir nada que atrapalhasse a pretendida détente (distensão) com os países do Leste Europeu e com a China. Henry Kissinger [comunista enrustido e membro do Clube de Bilderberg] veio a ter papel importante na negação das evidências e indícios coletados pela inteligência americana ou por aliados e corroborados por Sejna.


De qualquer maneira, muitos analistas e agentes de órgãos da inteligência americana o ouviram e lhe deram crédito. Se nenhuma ação eficaz foi empreendida no sentido de combater a política soviética e chinesa, é assunto que será analisado mais à frente.


Segundo Sejna, um dos objetivos de longo prazo do plano estratégico comunista era a destruição das religiões tradicionais: Cristianismo, Islã, Judaísmo e Budismo. Porém, nas etapas iniciais e intermediárias do plano, e especialmente na América Latina, os padres católicos deveriam ser cortejados e cooptados para a revolução. De acordo com o General Sejna, as projeções soviéticas indicavam que 80% dos padres latino-americanos eram antiamericanos (dados de 1967), 60% tinham tendências políticas de esquerda e 65% (especialmente os padres mais jovens), usavam algum tipo de droga. Os soviéticos acreditavam que esses padres jovens teriam grande influência nos vinte anos seguintes e havia três razões para trabalhar com eles: para ajudar a avançar a revolução, para usar a Igreja Católica na distribuição de drogas e para usá-los na obtenção de informações adicionais acerca das redes de tráfico já existentes.


A porção tchecoslovaca da operação soviética começou em 1960, em duas frentes: Ásia (Indonésia, Índia e Burma [Mianmar]) e América Latina (Cuba). Cuba tinha e tem especial relevância para o crescimento do fluxo de drogas ilegais para os Estados Unidos.


Entre agosto e setembro de 1960, apenas um ano e meio após Fidel Castro ter tomado o poder, seu irmão Raúl Castro visitou a Tchecoslováquia em busca de assistência militar. Naquela época, Fidel e os soviéticos nutriam desconfiança mútua e foi este o motivo da aproximação via Tchecoslováquia. Sejna foi o responsável por receber a delegação cubana e atuar como anfitrião. Mas uma de suas primeiras ações foi arranjar um encontro com Khruschev. Logo após a visita, os soviéticos instruíram os tchecoslovacos a trabalhar com os cubanos, mas sem que estes soubessem do papel soviético. Muitos agentes da KGB se fizeram passar por assessores militares ou técnicos da Tchecoslováquia. O objetivo era duplo: não deixar que Fidel soubesse da infiltração e não levantar suspeitas entre os americanos.


Cuba e Tchecoslováquia logo fizeram um acordo de cooperação e assistência militar (treinamento e equipamento) e ajuda na organização dos serviços de inteligência e contra-inteligência cubanos. Mais da metade dos instrutores “tchecoslovacos” eram, na verdade, soviéticos.


Uma das principais tarefas era aumentar o potencial cubano na produção e distribuição de drogas para os Estados Unidos, especialmente via México e Canadá. No México, a Tchecoslováquia já tinha desenvolvida uma excelente rede de agentes. Ao longo dos anos, o México se tornou a principal rota de entrada de narcóticos nos EUA, com a cumplicidade de autoridades locais corrompidas com o dinheiro das drogas, num círculo literalmente vicioso. Com o passar do tempo, cerca de trinta por cento de toda a droga que entrava nos EUA passou a ser através do México. O estabelecimento de redes de agentes no México e no restante da América Latina seguiu um mesmo padrão no mundo todo: corrupção por dinheiro, chantagem, dependência das drogas ou afinidade ideológica, ressalvando-se que a URSS nunca aparecia, mas apenas seus subordinados, o que tornou Cuba uma peça chave na operação estratégica junto aos EUA.


A DGI (Dirección General de Inteligencia) cubana acabou completamente subordinada à KGB entre o final de 1968 e o início de 1969, segundo o general Sejna. O entusiasmo de Fidel Castro pelo plano de narcotização da juventude americana era tão grande que os russos tiveram que refreá-lo, temendo uma exposição de seu próprio papel. Mais controlada, Cuba passou a ser, então, responsável pela coordenação do tráfico de drogas para os EUA, além de coordenar o apoio a grupos terroristas da América Latina. Fidel e Raúl Castro estão diretamente envolvidos nessa dupla coordenação. Além de Sejna, várias fontes (agentes do DGI que desertaram nos anos 1980, traficantes que receberam imunidade para testemunhar, etc.), confirmam o papel de Cuba, de Fidel e de Raúl Castro. Entre os países citados como componentes do esquema de produção ou de redes de agentes, estão: México, El Salvador, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Brasil, Chile, Argentina, Peru, etc. A destruição dos filhos da “burguesia” através da drogas, especialmente os estudantes nas universidades e o financiamento e coordenação de movimentos antiamericanos ou revolucionários, era o objetivo principal, além da arrecadação de vultosos fundos para realimentar as ações de subversão. No Chile do início dos anos 1960, o então senador Salvador Allende era um entusiasta do plano cubano-soviético.


Nos EUA, especialmente durante a Guerra do Vietnã, parte do imenso volume do dinheiro das drogas foi utilizada no apoio a movimentos pacifistas, anti-guerra nuclear, etc., seguindo o mesmo padrão de infiltração e manipulação nos campi universitários, mas também na imprensa e TV. Foram as drogas, em oferta maciça, que alimentaram o clima de desencanto e a busca por mais drogas, e não a guerra. A mídia americana em geral, quer por ignorância, arrogância ou colaboracionismo, encarregou-se de disseminar justamente a versão mais conveniente aos planos comunistas. Além disso, qualquer pessoa que possua os mais elementares conhecimentos de economia sabe que é a oferta que cria a demanda, e não o contrário. Em outras palavras: já havia o consumo de drogas nos países alvo antes do início das operações soviéticas ou chinesas, mas estas ofertaram uma quantidade de drogas tão grande e a preços relativamente baixos, que o resultado não poderia ser outro que não a explosão do consumo e do número de dependentes, multiplicando os ganhos políticos e financeiros da guerra política via drogas.


A Colômbia, México, Panamá, Bolívia e Peru merecem destaque, cada um por oferecer uma vantagem específica. Dentre estes, Colômbia, México e Panamá viriam a desempenhar papéis-chave. Por sua enorme fronteira seca com os EUA, pela fragilidade do sistema político, que por sua vez tornava as autoridades judiciais e policiais alvos fáceis de chantagem ou de corrupção, o México tornou-se rota livre para as drogas e quase todas as ações de repressão ao tráfico, ou eram boicotadas e reveladas com antecedência, ou eram simplesmente de fachada.


A Colômbia é outro capítulo especial, em função dos infames cartéis da droga (Medellín, Cali) e de nomes como Pablo Escobar. É importante notar que o plano cubano-soviético não fazia distinção quanto aos parceiros úteis: os cartéis não tinham nenhuma afinidade ideológica com os movimentos revolucionários ou com o comunismo, mas o lucrativo negócio das drogas exigia que fizessem política de boa vizinhança com os terroristas, (M-19 e depois as FARC), fornecendo-lhes armas em troca de proteção e informações, estas repassadas pelos soviéticos, via DGI. O mesmo pode ser dito da Máfia, na Europa ou nos EUA. Para os cartéis e para as máfias, era apenas uma forma de incrementar os negócios e para isso não precisavam nem queriam saber quem poderia estar fornecendo a inteligência de várias operações internacionais. Para os soviéticos, tal desinteresse era mais do que apenas conveniente.


Os primeiros passos da ajuda americana para a Colômbia foram dados em 1989, pelo presidente George H. W. Bush (Bush pai), com o envio de dinheiro e ajuda militar para o combate aos cartéis. Ainda não era o Plano Colômbia de Bill Clinton (que também só visava combater os cartéis e não os narcoterroristas).


A Inação Americana

Nos anos 1950, Harry Anslinger, Comissário do Governo dos Estados Unidos para Narcóticos trabalhava duro para convencer seus superiores de que a China comunista, e não a Máfia, era a força principal no tráfico de drogas: “O maior traficante é Pequim, e não a Máfia”. Anslinger forneceu ampla base de dados ao Congresso americano e também à ONU. Mas em 1962, o governo americano parou de dar atenção e publicidade ao assunto. Havia pessoas interessadas em cultivar boas relações com a China comunista. Portanto, talvez, não seja coincidência que em 1961, ano em que Anslinger se aposentou, o pessoal pró-China bandeou-se para o Departamento de Estado (que é a burocracia que de fato executa a política externa americana).


Em 1969, o presidente Richard Nixon declarou guerra às drogas. Uma das primeiras ações foi a de identificar as fontes do problema. Num desses esforços, analistas da CIA começaram a examinar o tráfico que emanava do Sudeste da Ásia. A partir de uma enorme quantidade de detalhes coletados de variadas fontes, foi desenhado o mapa da região denominada “Golden Triangle”, considerada a principal fonte de drogas. O triângulo incluía partes da Tailândia, Burma (Mianmar), Laos, e especialmente a província de Yunan, na China comunista. O triângulo está apresentado em linha de traço cheio na figura acima. Essa avaliação é idêntica àquela apresentada por Sejna, esta baseada em estudos da inteligência tchecoslovaca e soviética.


Em 1970, o mapa foi repassado para o Bureau de Narcóticos e Drogas Perigosas, antecessor da DEA (Drug Enforcement Agency). Meses depois, uma nova versão do mapa emergiu da Casa Branca. O “novo” triângulo agora era aquele representado pela linha de traço fino. Assim, a China comunista saiu do Golden Triangle. À época, o funcionário encarregado de presidir o Comitê de Narcóticos era Henry Kissinger, mas este raramente aparecia nas reuniões e demonstrava pouquíssimo interesse pelo assunto. O General Alexander Haig normalmente presidia as reuniões e se esforçava para abafar os esforços daqueles que tentavam combater o comércio de heroína.


Quando o Departamento de Defesa começou a usar aviões de reconhecimento para identificar campos de plantação de papoula na região, Kissinger [o comunista enrustido] determinou a interrupção dos vôos, para que estes não ameaçassem a política de détente (distensão) com a China.


Análises independentes indicam que, apesar da boa vontade de vários presidentes americanos, a começar por Nixon, o combate ao tráfico de drogas foi minado desde dentro, pela burocracia e por funcionários do alto escalão. O problema das drogas foi usado para erguer um império de poder e influência dentro da administração, provocar uma avalanche de manchetes manipuladas na mídia e fornecer as justificativas para a organização de uma política nacional antidrogas orientada a partir da Casa Branca, que na verdade, seria usada para objetivos políticos internos. Houve ordens expressas para que cessassem todas as manifestações e relatórios que mencionassem a China comunista como envolvida no tráfico de drogas. Além disso, funcionários de alto escalão já tinham um histórico de fazer uso do problema das drogas para ganhos políticos pessoais.


Um outro exemplo de clamorosa estupidez, é a dificuldade de comunicação ou de escandalosa má-fé no episódio da deserção do coronel da inteligência búlgara, Stefan Sverdlev, em 1970, quando ele trouxe documentos do governo búlgaro que comprovavam o envolvimento deste no tráfico internacional de drogas. A CIA confirmou a Bulgária como novo centro de distribuição de drogas e armas. E, no entanto, um outro departamento do governo americano mandou funcionários a Sofia, capital da Bulgária, para estabelecer cooperação aduaneira no combate ao tráfico de drogas! Somente em 1981 os americanos chegaram à conclusão de que a cooperação búlgara não era lá muito eficaz. Mas pior do que isso é que o treinamento americano em técnicas de identificação de narcóticos se estendeu à China e também a países do Leste Europeu.

Os Bancos, Lavagem de Dinheiro e Outros Interesses Escusos

Durante o breve escândalo búlgaro, a revista Forbes publicou matéria revelando que a lavagem do dinheiro do tráfico da Bulgária era facilitada pelos bancos suíços Credit Suisse e UBS. Absolutamente nenhuma medida de ordem prática foi tomada contra esses bancos. E é neste ponto que se revela a indignação mal disfarçada, da frustração e do desalento diante do avanço literalmente incontido das drogas nos Estados Unidos e no Ocidente em geral. Não se pode ignorar a imensidão de dados levantados pelas próprias agências do governo, especialmente pela NSA e por alguns setores da CIA e do DEA. Havia gente trabalhando sério no combate ao tráfico, a ponto de serem torturados e assassinados. No entanto, dentro dessas mesmas agências e nos Departamento de Estado e do Tesouro havia um muro de resistência a qualquer investigação ou ação mais direta quanto à lavagem de dinheiro e, rastreamento de recursos financeiros que saíam ou entravam nos EUA. E os valores são altíssimos: no início dos anos 1980, estimava-se que cidadãos americanos gastavam entre US$80 bilhões e US$110 bilhões por ano com drogas ilegais. No final da década, esses valores chegavam a US$300 bilhões, enquanto os gastos mundiais chegavam a US$500 bilhões. Algumas estimativas apontavam o valor de US$ 1 trilhão. Sabe-se que há uma lei americana que ‘obriga’ os bancos a relatar saques e depósitos superiores a dez mil dólares. Assim, muitas instituições financeiras foram investigadas e acusadas de operações de lavagem de dinheiro. Só um banco foi acusado de cometer dezessete mil violações da lei federal de transações em espécie. Mas houve pouquíssimos indiciamentos ou aplicações de multas pesadas. Tampouco foi dada muita publicidade ao assunto. Mas ironicamente, não há negócio no mundo que gire US$ 500 bilhões ao ano e que não tenha a ativa e bem informada assistência de bancos e instituições financeiras.


Ramon Milian Rodriguez, um dos responsáveis pela lavagem e investimentos dos recursos do Cartel de Medellín, foi preso nos EUA em maio de 1983. Em 1988, diante de uma Comissão do Congresso, relatou aos senadores John Kerry (Democrata) e Alphonse D’Amato (Republicano) de que forma, com a assistência das Forças de Defesa do Panamá, ele transferiu enormes quantias através dos bancos do Panamá, já então um paraíso fiscal criado com o beneplácito do governo e dos bancos americanos, e como era cortejado pelos bancos de Nova York. Segundo Rodriguez, “os bancos de Nova York não são bobos... o tempo todo sabiam com quem estavam lidando”. Os bancos apontados por Rodriguez compunham uma espécie de who’s who das altas finanças dos Estados Unidos: Citibank, Bank of America e First National Bank of Boston. Já a rede de TV ABC identificou o Citibank, o Marine Midland (de propriedade de banqueiros chineses de Hong Kong), o Chase Manhattan (dos Rockefeller) e o Irving Trust, além da maioria dos 250 bancos e sucursais de bancos estrangeiros em Miami como envolvidos na lavagem de dinheiro das drogas.


Além da lavagem de dinheiro, esses bancos americanos, acrescidos de instituições financeiras do Japão, Grã-Bretanha, Alemanha Ocidental, Itália, França e Suíça fizeram vultosos empréstimos a países do Terceiro Mundo produtores de ópio ou coca e também a países do bloco soviético, que por sua vez, coordenavam o tráfico. Encorajar exatamente esse tipo de transações comerciais e financeiras foi um dos principais objetivos políticos sob Lenin, Stalin, Khruschev, Brezhnev e, é claro, Gorbachev. Mas encorajar tal atividade tem sido também um dos maiores objetivos da política externa americana desde 1969. Só quem é o responsável não aparece, não se sabe se são os Bancos ou grandes empresas que encorajam essa política do Departamento de Estado ou é este que incentiva aqueles.


O Crack e as “Designer Drugs”: Violência Urbana, Drogas Sintéticas de Alta Potência e o Futuro.


O crack nos EUA apareceu no início dos anos 1980 e de sua rápida disseminação pelo mundo, incluindo o Brasil [o crack é um potente derivado de uma forma de pasta de coca, chamada de base livre, liberada quando fumada]. Seu poder de “adicção”, ou viciador, é multiplicado e há casos de dependentes a partir da primeira vez que fizeram uso da droga.


Ao contrário da cocaína, o crack é uma droga barata, vendida em regiões pobres dos grandes centros urbanos. Nos EUA, imigrantes jamaicanos, haitianos e negros americanos, dominam ou disputam o controle da venda, mas também do consumo. Nas palavras do especialista americano M.M. Kirsch, o marketing do crack “é direcionado aos jovens e ignorantes”. Além disso, o crack está associado a comportamento violento. O grande número de assassinatos em disputas de traficantes, ou de viciados, em função de pequenas dívidas com os traficantes é dado comum tanto nos EUA como no Brasil. O que parece claro é que a estratégia de longo prazo das drogas, do ponto de vista comunista, não se restringe aos danos às classes médias e altas, às “elites”, mas procura destruir o tecido social inteiro dos países alvo. Nos EUA, uma grande conflagração social e étnica via guerra de gangues já é vista em capítulos diários. No Brasil, a situação não envolve origens étnicas, mas a violência resultante do tráfico do crack é igual ou maior. Para aqueles que apreciam algum grafismo na linguagem, a estratégia comunista é destruir a pirâmide social dos países alvo minando a base e corroendo o topo.


Já nos caso das drogas sintéticas modernas, isto é, pós anos 1960, os objetivos eram de obter drogas de altíssima potência e de dificílima detecção, quer em buscas ou em exames toxicológicos. Um resultado secundário dessa alta potência é a multiplicação dos lucros. Em números aproximados, um “investimento” de US$2 mil em heroína pura renderia algo próximo a US$ 1 milhão nas ruas. O mesmo investimento de US$2 mil em produtos químicos e equipamentos renderiam um quilo de 3-metil fentanil [3 mil vezes mais forte do que a morfina] aproximadamente US$1 bilhão nas ruas.


Também notável é a facilidade que os traficantes têm na obtenção de produtos químicos produzidos por grandes empresas; produtos que poderiam ser facilmente controlados pelas agências americanas, européias e japonesas. A pergunta é simples: por que não o são?


Quanto ao futuro, há um misto de desalento, considerando a total ineficácia e pura politicagem da maioria das ações governamentais americanas no combate às drogas, e a única esperança vem de algumas iniciativas relativamente recentes de divulgação das origens do problema através da mídia. O que é imprescindível é tirar a população da letargia, ou seja, que essa deixe de acreditar nas declarações perfunctórias acerca da “guerra às drogas” e comece a cobrar resultados. Mas para isso é preciso informação, é preciso saber quais são os inimigos de verdade. Não é possível lutar contra fantasmas.


Conclusão

Esta longa crônica reportagem sobre a Cocaína Vermelha foi baseada no livro “Red Cocaine, The Drugging of América” do Dr. Joseph D. Douglass Jr, consultor de assuntos de segurança, com 43 anos de experiência em políticas de defesa, tecnologia e de inteligência, tendo trabalhão para o governo americano como vice-diretor do Escritório de Tecnologia Tática da Agência de Projetos Avançados e também com vários prestadores de serviços de defesa baseados em Washington, DC.


Serviu em vários conselhos de ciência e estudos de defesa e até 1990, foi consultor e assessor de várias agências governamentais americanas e de institutos sem fins lucrativos. Recebeu seu bacharelado, mestrado e doutorado da Universidade Cornell. Lá ele lecionou e também na Escola de Pós-Graduação Naval e na escola de Relações Internacionais Johns Hopkins. Foi autor ou co-autor de vários livros e relatórios, alguns secretos. Dentre os acessíveis ao público estão: Soviet Strategy for Nuclear War (Hoover Institute), America, the Vulnerable: The Threat of Chemical and Biological Warfare (Lexington Books) e Communist Decision Making: An Inside View (Pergamon-Brassey’s).


Achei oportuno colocar o resumo no site por ser uma problemática atual com a forte tendência a crescer no futuro próximo. Apesar de afetar a sociedade como um todo, considero um assunto negligenciado pelas autoridades brasileiras e, ainda, pela sociedade, que sem políticas governamentais claras, determinadas e, principalmente, isentas e imparciais, se tornam completamente impotentes e vulneráveis.


O texto revela apenas um lado da história. Certamente muitos outros são passíveis de análise e que demandaria tempo e espaço mais apropriado para um debate. A questão deveria ser meditada e somente a busca por todos da profunda compreensão dos problemas que envolvem as drogas é poderá extirpar este mal que assolam as sociedades, tanto ricas como miseráveis, no mundo inteiro. Vale lembrar que na América Latina, só em 2010, estima-se que 50.000 pessoas, ligadas às drogas direta ou indiretamente, perderam a vida. Quer dizer, vivemos numa guerra não declarada.


Quero dizer que o todo cidadão de cultura mediana precisa procurar compreender a sociedade brasileira mais profundamente sob todos os aspectos possíveis para que possa: 1º avaliar se as medidas oficiais são eficazes diante do problema; 2º cobrar posições mais claras dos órgãos de repressão e controle; 3º sugerir e colaborar com meios que possam otimizar a eficiência dos mesmos; 4º trocar experiências com os muitos setores do conhecimento científico para prevenir, recuperar os atingidos pelo mal, quer drogados, quer traficantes; 5º devolver a população o sentido de participação, de família, e de comunidade.


Com eleições tão próximas, devemos ficar atentos às denúncias abertas de relacionamentos de partidos políticos brasileiros com guerrilhas de diversas tendências dentro do continente sul-americano. A importância do Brasil é capital dentro deste bloco que vai se formando pouco a pouco. Nossa escolha, certamente definirá a tendência dos demais e, nossa tímida experiência democrática, tão improvisada quanto confusa, ainda está muito distante de garantir aos cidadãos a manutenção das liberdades democráticas através de uma governabilidade eficaz. Aliás, é pois nossa fragilidade como civilização que nos empurra para o buraco sem fundo da alienação plena de nossa sociedade, com a completa submissão aos nossos algozes que, lamentavelmente, acabam por ser aqueles que escolhemos para nos representar junto ao parlamento.


Estas crônicas não esgotam o assunto de maneira alguma, mas, creio, que podem ajudar a desvendar os pontos sombrios deste tema a fim de atingir os objetivos propostos acima. (Ricardo Figueiredo).


Nota: estas crônicas foram embasadas na síntese de Henrique Dmyterko.