"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso"

domingo, 19 de dezembro de 2010

O PAÍS DOS PETRALHAS

Autor: Reinaldo Azevedo
Editora: Record
Assunto: Política
Edição: 1ª
Ano: 2008
Páginas: 338

Sinopse: Crítica ácida e implacável à sociedade brasileira, principalmente ao governo petista dos últimos seis anos. Reinaldo Azevedo escreve o blog político mais influente da rede, alojado no site da revista Veja, e é o criador da expressão "petralha", fina ironia aos petistas no governo.

"Não pedirei a compreensão dos que se arvoram a ser juízes do meu trabalho só porque tenho a grande ousadia de defender o cumprimento da Constituição e das leis - ou tentem evidenciar o contrário -, e chamo de 'petralhas' (também de 'vagabundo', 'esquerdopatas', 'meliantes morais', 'vigaristas' - a lista é imensa) os que pretendem solapar as bases da sociedade democrática. Quando Stédile invade uma fazenda produtiva, ao arrepio da lei, não vejo por que ele deva merecer um tratamento diferente do que recebe Marcola. E escrevo isso. E escrevo porque posso escrever. E escrevo porque não devo satisfações aos aiatolás do pluralismo de um lado só".

Comentários: O país dos petralhas é um livro escrito pelo jornalista brasileiro Reinaldo Azevedo. A obra reúne artigos escritos em seu blog hospedado pela versão online da revista Veja e outros publicados no Jornal do Brasil.

No livro Azevedo analisa criticamente o comportamento da esquerda brasileira, em especial o do Partido dos Trabalhadores (PT). Todavia, o autor não se restringe à esfera da política, discutindo também a ação dos meios de comunicação, a situação do sistema educacional (básico, médio e universitário), o posicionamento Igreja Católica, entre outros temas.

O título do livro traz o neologismo criado por Azevedo que mistura as palavras petista e metralha, dos Irmãos Metralha, quadrilha das histórias em quadrinhos cujo objetivo único era assaltar o cofre do Tio Patinhas, numa clara alusão ao que considerada sanha do Partido dos Trabalhadores em engordar as caixas do partido com fundos provenientes do erário.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

POMBAS E GAVIÕES

Autor: Percival Puggina
Editora: AGE Editora
Assunto: Política
Edição: 1ª
Ano: 2010
Páginas: 168

Sinopse: Aos leitores que lhe pediam para publicar uma coletânea de seus artigos, Percival Puggina oferece, em Pombas e Gaviões, algo muito melhor. Ele sistematizou neste livro o conteúdo de centenas de artigos, compondo um conjunto de dez ensaios da vida social, política e econômica brasileira.

O fio transversal que os une é o sentido de alerta, sempre presente nos textos do autor. As idéias produzem conseqüências. Há idéias que carregam consigo terríveis culpas. As causas dos mais graves males no país são encontradas em conceitos que vão, gradualmente, ganhando trânsito nas comunidades e promovendo uma revolução por dentro da cultura. Essa revolução é empreendida por pequena minoria organizada em posições de mando e formação da opinião pública – os gaviões – e se impõem pela via política à maioria dócil e desatenta – as pombas.

Excerto da Introdução: “Este livro é um desabafo do seu inconformado autor. E uma advertência aos seus leitores. Decidi escrevê-lo quando o governo federal, em solene e lacrimosa cerimônia, lançou o 3.º Programa Nacional de Direitos Humanos, que se tornou conhecido pela alcunha de PNDH-3. O referido Programa correspondia à parte anexa de um decreto presidencial, subscrito por 28 ministros de Estado. Suas 30,7 mil palavras, esparramadas em 93 páginas, enfeitam, com frases sobre direitos humanos, um tabique atrás do qual são demolidos valores que devemos preservar e estruturas essenciais do ordenamento jurídico nacional. O Programa desfigura a democracia representativa, o Poder Judiciário, o direito de propriedade, a anistia, a religiosidade popular, a cultura nacional, a família e a liberdade de imprensa.
Excertos do epílogo:
"... se este livro não conscientizar os seus leitores, continuaremos mergulhados nas trevas de acordos tão velhos quanto errados sobre temas da mais alta relevância. E essa pode ser a sepultura das esperanças de dias melhores. O povão é a última ponta de um longo novelo de confusão mental e incapacidade de análise que começa nas elites e, a partir delas, através de inúmeros fios condutores, chega ao conjunto da sociedade."
"Se me fosse dado o poder de demitir alguém nesta quadra da nossa história eu demitiria a grande elite nacional. Ela, tanto quanto o Congresso, só se mobiliza por interesses corporativos. Ela não mexe uma palha pela Reforma Política, porque o modelo que temos lhe serve muito bem. Ela reclama do apagão aéreo e do apagão energético, mas não ergue a voz contra o apagão institucional do país. Ela critica o mar de lama que inundou o governo federal, mas financiou Lula nos dois últimos pleitos. Ela acusa o Congresso de gastar demais, mas finge não saber que o Gabinete da Presidência da República gasta praticamente a mesma coisa que todo o Poder Legislativo federal. Criticar o Congresso proporciona, a custo zero, uma idéia de nobre repulsa à ignomínia. Mas convêm a essa elite um governo assim e um Congresso assim!"

Extraído da obra:
Nós, conservadores, que no mundo inteiro respondemos pelos valores que conduzem ao progresso e ao bem, nos deixamos submeter e conduzir pelos tais "progressistas" de araque, sabotadores do templo, seus fazedores de cabeça e seus manipuladores do vocabulário para controlar o pensamento nas sociedades de massa.


Talvez nada represente tão bem essa novilíngua, antevista e denunciada por George Orwell, quanto a oração proferida pelo pastor Joe Wright na sessão de abertura do Senado do Kansas em 1996. O corpo central desta prece é uma confissão pública da perversão que a 'cultura moderna' (quase totalmente dominada pela esquerda corruptora) promove no sentido das palavras e dos valores. Resumindo-a um pouco, ela diz assim:


"Senhor:

Ridicularizamos a verdade absoluta de Tuas Palavras e chamamos a isso de pluralismo.

Adoramos outros deuses e chamamos isso de multiculturalismo.

Aderimos à perversão e chamamos a isso de estilo de vida alternativo.

Incentivamos a preguiça e chamamos a isto de bem-estar social.

Assassinamos os não nascidos e chamamos a isso de livre escolha.

Negligenciamos a disciplina de nossos filhos e chamamos a isso de construir a autoestima.

Abusamos do poder e chamamos a isso de política.

Cobiçamos as posses de nossos vizinhos e chamamos a isso de ambição.

Poluímos e profanamos o ambiente com pornografia e chamamos a isso de liberdade de expressão.

Ridicularizamos os tradicionais valores de nossos antepassados e chamamos a isso de Iluminismo."

Sobre o autor: Percival Puggina foi apresentado ao mundo das letras pela mãos de sua mãe, a laureada poetisa Eloah – conhecida no meio cultural como Alma Dóris. À política, por seu pai Adolpho, deputado estadual por quatro legislaturas. Ao ambiente profissional, pela graduação em Arquitetura na UFRGS. Ao legado espiritual e filosófico do Cristianismo, pelo Movimento dos Cursilhos de Cristandade, por seus próprios impulsos vocacionais.

Fronteiriço de Santana do Livramento/RS, tem 65 anos, é esposo de Mariza, pai de Mariana e Cristian e avô de Lucas. Mora na capital gaucha, onde é proprietário da empresa de consultoria e geração de conteúdo Texto & Contexto, colunista de Zero Hora e articulista de diversos periódicos e sites.

Essa mescla de experiências, escolhas e aptidões foi formatando o perfil de um dos pensadores mais respeitados do cenário intelectual gaúcho. Na última década, suas opiniões migraram para além das fronteiras sul-rio-grandenses. Além da publicação de textos em jornais e na internet, Puggina viaja pelo país para ministrar conferências sobre temais sociais, políticos e religiosos. É um dos mais combativos críticos do relativismo moral e das muitas feições que o totalitarismo assume em nossos dias.

No contrafluxo do politicamente correto, Puggina postula que o ideário conservador nunca foi tão moderno e indispensável. E o mesmo vale para a contribuição do Cristianismo em favor da história das civilizações e da Política. Não se importa com clichês, maiorias e minorias. Pensa por si. É livre e ao mesmo tempo absolutamente conexo com a realidade e coerente com suas convicções.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O GRANDE CULPADO - O Plano de Stalin para Iniciar a Segunda Guerra Mundial

Título original: The Chief Culprit Stalin´s Grand Design to Start World War II
Autor: Viktor Suvorov
Tradução: Flora Salles
Editora: Amarilys
Assunto: História
Edição:
Ano: 2010
Páginas: 456

Sinopse: Neste livro, questiona-se o modo como a União Soviética agiu antes e durante a Segunda Guerra Mundial e o papel de Joseph Stálin em toda a trama. O autor estudou as facetas desse ditador, um líder obcecado pela revolução comunista internacional a qualquer preço. Viktor Suvorov baseia-se em documentos dos arquivos da ex-URSS para trazer à tona os bastidores do conflito, apontando contradições nas narrativas históricas mais célebres sobre o período da Segunda Guerra Mundial. No processo, revela o perfil de um gênio maquiavélico, um líder obcecado pela revolução comunista internacional a qualquer preço. Repleto de evidências incontestáveis, O grande culpado certamente provocará discussões entre os historiadores do mundo inteiro.

Do prefácio: "Hitler tinha uma bandeira vermelha. Stálin tinha uma bandeira vermelha. Hitler governava em nome da classe operária, e seu partido se chamava Partido dos Trabalhadores. Stálin também governava em nome da classe operária; seu sistema tinha o nome oficial de Ditadura do Proletariado. Hitler odiava a democracia e lutava contra ela. Stálin odiava a democracia e lutava contra ela. Hitler construia o socialismo. E Stálin construia o socialismo. Sob o título do socialismo, Hitler via uma sociedade sem classes. E Stálin, sob o título do socialismo, via uma sociedade sem classes. No seio das duas sociedades sem classes construídas por Hitler e Stálin floresceu a escravidão, no mais puro sentido da palavra."

Comentários: O escritor Viktor Suvorov, ex-oficial da espionagem soviética, examina documentos soviéticos recém-divulgados e reavalia o material histórico existente a fim de analisar o projeto estratégico de Stálin para conquistar a Europa e as razões por trás de seu controverso apoio à Alemanha nazista. Explica que toda a estratégia de Stálin visava à Segunda Guerra Mundial, com base na crença de Lênin de que se a Primeira Guerra Mundial não provocasse uma revolução comunista mundial, esta apenas seria alcançada com uma segunda grande guerra. Stálin viu, na Alemanha nazista, um poderoso instrumento para enfrentar e enfraquecer os países capitalistas, abrindo caminho para os exércitos soviéticos, que depois conquistaram toda a Europa. Suvorov revela como Stálin conspirou com o governo da Alemanha para burlar o Tratado de Versalhes, que proibia o rearmamento alemão. Secretamente, a União Soviética treinou engenheiros e oficiais alemães, fornecendo-lhes bases e fábricas para a guerra. O autor também chama a atenção para o pacto de não agressão de 1939 entre a União Soviética e a Alemanha, o que deu permissão para Hitler prosseguir com seus planos de invadir a Polônia, fomentando a guerra na Europa.

Suvorov desmascara a teoria de que Stálin foi enganado por Hitler e de que a União Soviética foi vítima da agressão nazista. Em vez disso, ele afirma, com todos os fatos e argumentos, que Stálin não temia Hitler nem nele confiava cegamente. O autor sustenta que, após a Alemanha ocupar a Polônia, derrotar a França e preparar-se para invadir a Grã-Bretanha, os serviços de espionagem de Hitler descobriram que a União Soviética preparava-se para uma grande guerra contra a Alemanha. Essa descoberta, afirma Suvorov, levou a Alemanha à guerra preventiva, isto é, a invadir antecipadamente a URSS. Stálin emerge das páginas deste livro como um gênio diabólico, obcecado pela idéia da revolução comunista mundial a qualquer preço – um líder que cortejou Hitler e a Alemanha, no esforço de conquistar o mundo. O grande culpado contrataria as tradicionais teorias sobre os planos soviéticos antes da invasão alemã e defende uma nova visão das reais intenções de Stálin.

No prefácio deste livro, Suvorov faz importante recomendação aos leitores e notadamente aos historiadores. Diz ele:

“Considero a União Soviética [atual Rússia] um conglomerado do crime. Os líderes soviéticos cometeram incontáveis atos de atrocidade contra o próprio povo e nações vizinhas. É por isso que, para mim, a história da União Soviética deve ser estudada sob o método de criminologia e inteligência, não com pesquisas científicas clássicas. [...] Quanto a mim, estudo a história  da União Soviética segundo o método de espionagem. A primeira regra é: não acredite no que é oficialmente mostrado; procure o que está oculto.”

O comunismo é, em si mesmo, uma mentira e os comunistas mentirosos congênitos. Cínicos e dissimulados. Seguem-se alguns exemplos desta assertiva:

“Na noite de 6 de outubro de 1948, a cidade de ashkhábad foi arrasada por um terremoto avaliado como magnitude 10 na Escala Richter – ou seja, a máxima. O epicentro ficava a apenas vinte quilômetros do coração da cidade. O desastre aconteceu à noite, quando todos dormiam. Tudo foi arrasado instantaneamente, o único prédio que ficou de pé foi a prisão. O resto transformou-se em escombros de tijolos e pedra, e 110 mil pessoas morreram soterradas. Este fatos vieram a público apenas trinta anos depois. Em 1948, nem um único jornal ou estação de rádio deu a notícia. Nem um único porta-voz do governo comentou o fato. Além disso, quem quer que falasse sobre o terremoto era detido e preso, por ‘espalhar falsos rumores’. E eu me perguntava: por que esconder um terremoto? Assim funcionava o sistema soviético: somos tão bons que sequer temos terremotos.”

“Sob a mesma premissa, nenhum órgão oficial da União Soviética mencionou o desastre de Chernobil quando ele ocorreu. Os suecos foram os primeiros a dar o alarme. O vento havia soprado a nuvem radioativa da Ucrânia, passando por Bielo-Rússia, Lituânia, Letônia, Polônia e atravessando o Mar Báltico até a Suécia, onde o equipamento de alerta disparou em uma estação nuclear local. Os engenheiros suecos não entendiam porque o equipamento disparara e procuraram o problema na própria estação. Levaram algum tempo para perceber que a radiação estava no ar, trazida por ventos longínquos. Depois que a investigação internacional começou, o governo soviético admitiu que houvera um pequeno acidente na usina nuclear de Chenobil. Ainda assim, os soviéticos alegaram que o acidente era totalmente insignificante, ninguém deveria dar-lhe atenção.”

“A Rússia de hoje herdou a tradição de esconder tudo o que é negativo. Quando o submarino Kursk afundou, não foi possível esconder o fato. As autoridades russas anunciaram que ele estava submerso e que havia sido estabelecida comunicação com os tripulantes; não havia vítimas e uma mangueira bombeava ar para o submarino. Durante uma semana, o governo russo contou histórias sobre como tudo no Kursk corria bem. Mais tarde descobriu-se que não houvera comunicação com os homens a bordo, e ninguém bombeara ar para eles.” (Viktor Suvorov).

Estes três relatos são exemplos infinitesimais de quão congênita é a mentira e a dissimulação do comunismo e dos comunistas. Ainda assim, notadamente no Brasil, o comunismo é idolatrado às raias da estupidez a ponto de ministros comunistas ocuparem cargos no governo, igualmente comunista, mas que se oculta sob o manto do socialismo que nada mais é do que a ante-sala do comunismo, promoverem rapinagem no erário e serem aceitos pela massa ignara brasileira: Estúpida e desinformada.

Sobre o autor: Viktor Suvorov é o pseudônimo de Vladimir Bogdanovitch Rezun, nascido na União Soviética. Ele é autor de dezoito livros, incluindo três de ficção. Todos foram publicados em mais de trinta idiomas. Na Rússia e na Polônia, foram vendidos mais um milhão de cópias. Suvorov foi um oficial do exército soviético e serviu na inteligência militar (GRU). Em 1978, quando estava em Genebra sob a imunidade de diplomata soviético, desertou com a mulher e dois filhos no Reino Unido, onde trabalhou como analista de inteligência e palestrante. Mora incógnito na Inglaterra, uma vez que foi sentenciado à morte pela corte militar soviética e a Rússia atual recusa-se a perdoá-lo.

domingo, 15 de agosto de 2010

V de VINGANÇA

Título Original: V for Vendetta
Gênero: Aventura
Atores: Natalie Portman, Hugo Weaving, Ben Miles, John Hurt, Natasha Wightman, Roger Allam, Rupert Graves, Sinéad Cusack, Stephen Fry, Stephen Rea, Tim Pigott-Smith.
Diretor: James McTeigue
País: EUA
Ano: 2006
Duração: 132 min.

Sinopse: O filme mostra um futuro não muito distante no qual a Grã-Bretanha é dominada por um regime totalitário que retirou às pessoas todos os seus direitos. Os cidadãos vivem no medo constante de um governo tipo comunista de Lênin e Stalin e nazista de Hitler, somados. Apresenta-se V, um paladino mascarado que pretende sublevar as massas da sua apatia submissa e destruir o símbolo do absolutismo – as casas do parlamento.

Na paisagem futurista de uma Inglaterra totalitária, V de Vingança conta a história de uma pacata jovem chamada Evey que é resgatada de uma situação de morte por um homem mascarado, conhecido apenas como "V". Incomparavelmente carismático e extremamente habilidoso na arte do combate e destruição, V inicia uma revolução quando convoca seus compatriotas a erguerem-se contra a tirania e opressão. Enquanto Evey descobre a verdade sobre o misterioso passado de V, ela também descobre a verdade sobre si mesma - e emerge como uma improvável aliada na preparação do plano de V para trazer liberdade e justiça de volta à sociedade repleta de crueldade e corrupção.

Resumo da narrativa e comentários: Depois de uma guerra com os EUA, o poder foi tomado por um líder, denominado o “Chanceler”, que é uma mistura de Hitler, Stalin e tem a cara de Lênin. “Chanceler” é o protótipo dos tiranos que só aparece em imagens televisas, exceto quando da sua execução, no final. Tudo que escapa à homogeneização é perseguido e destruído. O medo é a base real de poder do governo. O clima lembra o 1984, de George Orwell, com o Grande Irmão a espiar a vida de todos pelos olhos eletrônicos. É seguramente o filme político mais expressivo.

Os diálogos são sheakespearianos. No filme sublinha-se que coincidências não são meras coincidências. O próprio filme, se tomarmos o que se passa na América Latina, e no Brasil, não poderia ter vindo em melhor hora para alertar-nos a todos dos perigos da tirania a avizinhar-se, que provoca deliberadamente o caos para justificar-se e exercer seu poder maldito. A película como que descreve a nossa realidade.

Mas da mais negra tiraria e da mais tenebrosa desesperança brota o indivíduo que não teme a morte, que é batizado pelo fogo – na personagem masculina – e pela água, na sua versão feminina. Aí vencem o medo dentro de si e tornam-se os campeões na luta contra os tiranos, e vencem. Sabem, sabem que sabem e sabem de si. Tornam-se super-homens, além das massas, além do homem-médio. O sofrimento extremo deu-lhes a têmpera dos heróis.

Os governos é que deveriam temer o povo, não o povo o governo”, uma frase lapidar. O homem da máscara é na verdade o indivíduo diferenciado que há em cada ser humano. Quando ele aparece o poder estatal se apequena, é destruído. A cena em que as Forças Armadas não têm coragem para disparar contra seu próprio povo, em movimento pacífico, é impressionante. O ator que faz o papel do general mostra a ambivalência do comandante que não pode dar a ordem mais nefanda, a de aniquilar os seus compatriotas.

A destruição do prédio do parlamento é um símbolo que mostra que a democracia, quando aparelhada para a tirania, não está mais representada no Poder Legislativo. Torna-se ele outro símbolo, o da opressão, e precisa ser destruído de forma impiedosa. Uma leitura rasa dessa seqüência poderia dizer que os autores do filme não gostam da democracia. É exatamente o contrário. A democracia só está no parlamento quando ele é legítimo e se subordina aos valores próprios da sociedade aberta.

O filme é uma obra de arte notável também pela sua trilha musical. A Abertura do 1812, de Tchaikovsky, que é tocada em dois momentos, torna sublimes e espetaculares as cenas de destruição que se desenrolam. O encontro do mascarado com o chefe da polícia secreta é marcado pelo toque da Quinta Sinfonia de Beethoven. Momento mágico, uma citação de Kubrick, que ornou o seu 2001 com outra notável peça musical, o Danúbio Azul.

A personagem mascarada sobrevive no submundo lotado de livros e obras de arte antigas, uma síntese dos tesouros culturais do Ocidente. Consciência é preservação da tradição. Ele luta com uma armadura. Veste a persona dos europeus nobres dos tempos antigos, que eram nobres precisamente porque conquistavam a distinção no campo de batalha, em defesa de seus compatriotas mais fracos e mais pobres. Quem “sabe” é aquele que carrega o peso de todo nosso tesouro cultural. É isso que pode tornar um homem-massa um indivíduo diferenciado. Pelo conhecimento. Conhecer-se a si mesmo impõe conhecer os tesouros da tradição.

O caráter duplo das personagens principais: “V” e “Evey” formam uma totalidade. A personagem feminina entra na cena inaugural fazendo a narrativa de seu encontro com o seu duplo. A mulher representa a Verdade, enquanto que o homem o guerreiro que a defende.

A narrativa mostra ambos se preparando para sair à rua, para viver a sua saga, ele se armando e ela se vestindo, como é próprio do ser feminino, sua arma. O pano de fundo é o locutor governamental fazendo sua exaltação antiamericana e sua profissão de falsa fé e de falso moralismo. Sua propaganda política mentirosa. Na rua Evey é surpreendida pelo toque de recolher “para a proteção do povo”, como se a morte da liberdade protegesse alguém de qualquer coisa. Flagrada pelos esbirros da ditadura Evey sofre a ameaça de estupro, abortada pelo surgimento providencial do guerreiro “V”. Essa imagem não poderia ser mais delineadora do que se passa nos regimes totalitários, onde a liberdade é estuprada rotineiramente.

Uma das falas capitais da película é quando “V” se pergunta quem são os culpados e manda que todos se olhem no espelho. A culpa é de todos e de cada um. Nessa cena pode-se imaginar o que acontece no Brasil. Qualquer que seja o desfecho do processo que estamos a viver não há inocentes. Todos e cada um de nós temos a nossa parte de responsabilidade por colocar no poder a quadrilha criminosa de que nos falou o procurador-geral, em sua denúncia. Não há inocentes.

Uma Idéia não pode ser assassinada”, a idéia de liberdade. É uma frase imortal. Notável como o guerreiro vingador se vale exclusivamente de armas brancas, de punhais vingadores. “Há uma violência que trabalha a favor do Bem” e é aquela que vinga os sacrificados pelos totalitários. Na verdade pode-se falar de uma violência defensiva do Bem, que pode ser preventiva, como foi por aqui em 1964, e pode ser vingadora como vimos na queda dos ditadores da Albânia e da Romênia.

“V” vai matando cada um de seus carrascos, que se revelam os líderes do partido totalitário que tomou o poder. Um deles é um padre pedófilo, que na verdade não é padre coisa nenhuma, é um militante infiltrado na Igreja que vira bispo porque é dirigente partidário e malfeitor enriquecido no poder. Outro, a cientista imoral que não hesitou em fazer de seus compatriotas cobaias humanas, a fim de obter seus objetivos torpes: semear o mal para vender o bem, a malvadez satânica personificada em um rosto sereno.

Claro, o sistema de poder totalitário exige uma polícia política ativa. Quem cai nas suas garras não escapa. A fala do ditador mandando seu Beria prender o que ele chamou de terrorista é reveladora: “Pegue-o o mostre o que é o verdadeiro terror”.

A cena final é emocionante. A multidão como que desfila diante das forças militares, em inversão do que se poderia esperar habitualmente. As Forças Armadas não podem agir contra seu próprio povo. Correu-me uma lágrima no canto do olho, porque não dizer? É um fecho surpreendente para uma história surpreendente.

Há que se destacar, também, o substrato principal, que permeia todo o filme: a história do Conde de Monte Cristo, homem que sofreu a injustiça mais atroz, tendo sido atirado impiedosamente às masmorras. Mas ele é forte e vence, não sem antes mergulhar no mais fundo de sua alma e por isso é recompensado pelo tesouro = riqueza interior buscada quase ao custo da própria vida. Torna-se um indivíduo no exato sentido da expressão. Tiraram-lhe tudo: esposa, filho, honra, bens e até o nome. Ele ficou só com a sua solidão e a sua sede de justiça: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.

A história de Alexandre Dumas é singular porque os que praticaram a maldade estão além dos poderes desse mundo, pois são eles mesmos os poderes: têm as alavancas do Estado à disposição e também o poder do dinheiro. Estão a salvo da Justiça, exceto a divina, cujo instrumento é a própria vítima vingadora. A violência usada para o Bem. “Toda ação gera uma reação igual e contrária”, frase que no contexto é lapidar. Aquele que sofre no limite do sofrimento, a quem só restou o fio de vida, esse perde o medo de qualquer coisa, pois nada mais tem a perder. Foi batizado pelo fogo e pela água. Torna-se o vingador, semelhante a um Deus encarnado: “Minha será a vingança, eu é que retribuirei”.

Só há felicidade no final, quando cada um pode escolher a sua árvore, o seu justo lugar no mundo. Num dos trechos vemos uma saborosa citação de Macbeth, de William Shakespeare, peça que se singulariza pelo fato de a protagonista ser do sexo feminino, a que pensa, planeja, mas não tem como agir, age através do marido, seu instrumento de ação. Assim é Evey, o duplo feminino de “V”. Vejamos o trecho citado:

"Estás temeroso de ser o mesmo em teu próprio ato e valor de que em teu desejo? Não terás o que mais estimas, o ornamento da vida, e viverás um covarde em tua própria estima, deixando ´Eu não posso´ ultrapassar ´eu farei´, como o pobre gato no adágio?". ... "És um homem".

Uma mulher falando assim ao seu homem impele-o para os embates gloriosos e desconfio que a maioria das mulheres fazem isso todos os dias. Não basta ser um mesquinho homem, é preciso se superar, alcançar o cume dos heróis, ainda que nas coisas do cotidiano. O cartão de visitas da mulher é a sua beleza, a do homem a virtude da coragem. Esse é “V”, a mão que empunha a faca vingadora e justiceira.

O heroísmo final, momento em que “V” se dá em sacrifício para completar o exercício da justiça contra os poderosos, é sublime. Creedy, o Beria do filme, a besta assassina, atira e fura mortalmente a sua armadura. “V”, todavia, sobrevive o bastante para realizar a sua vendetta. E diz uma frase lapidar: “Por baixo da armadura não está apenas carne, mas Esperança” (cito de memória). Haverá uma maneira mais bela e poética, sintética, de alguém se dizer cristão? Como no Matrix, os Irmãos Wachowski deixam claro sua inspiração cristã, pois não se pode falar da civilização ocidental, como o faz o filme, sem falar do Cristianismo de forma afirmativa e maiúscula.

Eis o filme. Vê-lo é um deleite para o espírito, um instrumento de inspiração, um consolo para quem, como nós brasileiros, estamos a flertar sem pudor com o totalitarismo.

Em resumo, se você ainda não viu o filme, veja. É de longe o melhor filme dos últimos tempos. (Nivaldo Cordeiro)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O ÓPIO DOS INTELECTUAIS

Título original: L´Opium des Intellectuels
Autor: Raymond Aron
Tradução: Yvonne Jean
Editora: UNB
Assunto: Pensamento Político
Edição: 1ª
Ano: 1980
Páginas: 260

Sinopse: “O Ópio dos Intelectuais” de Raymond Aron é uma das obras seminais do século XX. O livro é um contundente libelo de um combatente pela liberdade. O livro é dividido e três partes, precedido de longa e substantiva Introdução, a saber: a primeira trata dos mitos políticos, a segunda da idolatria da história e a terceira da alienação dos intelectuais. O estilo de Aron é direto, irônico, implacável. Lê-lo é um deleito.

(I)

"Se a tolerância nasce da dúvida, que nos ensinem a duvidar dos modelos e utopias, a recusar as profecias da salvação, os arautos de catástrofes".

Raymond Aron.


Por que comentar um livro escrito em 1954, de caráter aparentemente conjuntural? Por que resenhar um livro esgotado e para o qual não deverá aparecer editor interessado na sua publicação? Por que discutir um texto que coloca como tema o Império Soviético, já morto e enterrado? Por que se debruçar sobre uma problemática que já deveria ter sido esquecida nas dobras do tempo? Afinal, por que discutir o conceito de ideologia? Digo-lhe, caro leitor: porque o livro fala de nós, do nosso momento, da nossa necessidade mais premente. É uma luz para aqueles que se encontram encurralados, prisioneiros de alma diante das mentiras sistemáticas dos escribas e fariseus.

Falo do livro "O Ópio dos Intelectuais" (Editora UNB, 1980, primeira edição francesa de 1955), que é uma das obras seminais do século XX. Roberto Campos, que prefaciou a edição brasileira, sublinhava que vinte e cinco anos depois de sua publicação original a obra ainda mantinha a sua atualidade, a mesma que percebo nesse instante. Campos também assinala que a obra foi um ato de coragem, pois "o marxismo era então a grande religião dos intelectuais". Poderíamos dizer diferente hoje em nosso país? Certamente que não, em face do pleno domínio que os intelectuais marxistas têm na universidade, na mídia, na burocracia estatal, na classe política e – é de pasmar! – no próprio meio empresarial. Conservadores e liberais aqui são como restos que se ocultam nas frestas e apenas graças à Internet os seus poucos remanescentes conseguem agora se comunicar. O próximo pleito para a Presidência da República não passa de um duelo entre as facções marxistas, o que mostra o grau de domínio que essa ideologia conseguiu no Brasil, devendo ganhar a eleição a sua expressão mais radical e revolucionária.

O livro é um contundente libelo de um combatente pela liberdade.

Este é um texto inicial de uma série de comentários que farei sobre o livro, talvez mais dois ou três artigos. Ficaria muito longo um único comentário que procurasse fazer uma adequada apresentação e eu quero fazer justiça à importância de que se reveste essa obra-prima do escritor francês.

O livro é dividido e três partes, precedido de longa e substantiva Introdução, a saber: a primeira trata dos mitos políticos, a segunda da idolatria da história e a terceira da alienação dos intelectuais. Não é fácil de ser lido para aqueles que não tenham um conhecimento mais aprofundado do marxismo e das obras dos seus ícones dos anos cinqüenta, como Sartre, Marcuse, Merleau-Ponty, Koestler e outras estrelas que dominavam o meio intelectual mundial, na mídia e nas universidades. Só eles eram lidos. A razão liberal foi deixada de lado. O próprio Aron, como Fridman nos EUA e seus pares mundo a fora, eram vistos como excêntricos que davam as costas á "verdadeira ciência".

Mesmo Aron deixou-se trair – Ó ironia! – ao confessar, no prefácio que escreveu ao livro em 1954, que era "pessoalmente, keynesiano com saudade do liberalismo...". Mais para o final da vida certamente não teria escrito com candidez essa frase, ele, o grande denunciador das ideologias esquerdistas. Foi uma vítima delas também, mas quem escapou desse destino? A mentira ideológica emerge em todos os lugares e é pegajosa como a graxa usada pelos mecânicos.

[É por isso que nutro uma admiração muito especial por Milton Friedman e demais economistas liberais desse período, que resistiram bravamente ao assalto dos falsos economistas que, por traz de equações e sofisticados tratados, outra coisa não fizeram que não a exaltação do Leviatã e do coletivismo. Vida longa a Friedman, que acaba de completar noventa anos. Entre nós, exalto a figura quase quixotesca de nosso ilustre Embaixador Meira Penna, que nunca se dobrou aos modismos dos tempos.]

Para Aron, o marxismo tornou-se a ideologia por excelência, pois "as sociedades ocidentais não têm o equivalente ao marxismo-leninismo, seja como base para o regime, seja como fundamento de uma síntese, ou pseudo-síntese, intelectual". O autor entendia por ideologia "uma concepção mais ou menos sistemática da realidade política e histórica de mistura de fatos e valores".

Aqui temos ainda um outro efeito da perspectiva histórica, que teria ajudado Aron a ver que o marxismo-leninismo e suas derivações, bem como os socialistas em geral, nos final do século XX, fortaleceram-se como nunca em praticamente todo o Ocidente. Não tinha equivalente porque era a mesmíssima ideologia que aqui era dominante. O regime soviético caiu de podre, mas os crentes na ideologia prosperaram em todos os países. O Brasil é a prova mais sólida dessa excrescência histórica que se mantém firme, apesar de tudo, apesar de ter sido desmascarada, apesar de se demonstrar economicamente inviável, apesar de atentar contra as liberdades democráticas e a própria existência do indivíduo enquanto tal, a instância moral da humanidade.

Escrevendo diante dos acontecimentos de 1968, quando fez o texto introdutório (afinal, aquelas arruaças não passaram disso: arruaças planejadas pelos comunistas, em luta contra os EUA e sua campanha no Vietnã), Aron afirmou:

"Não existem, propriamente, novos sistemas ideológicos: o trotskismo e o freudismo-marxismo de Frankfurt remontam, o primeiro, ao princípio da década de 1930, à formação de uma seita marxista-leninista no exílio, que acusa a Igreja estabelecida de infidelidade; o segundo, à década de 1920, à conjunção de Hegel, Marx e Freud, à unidade fictícia das duas revoluções – sexual e político-social. Os revolucionários que promoveram revoluções verdadeiras – Cromwell, Robespierre, Lênin – tinham idéias morais bem diferentes: puros, ou puritanos, não incluíam a liberação dos instintos em seu conceito de liberdade. Mao ao que parece, também prega o domínio dos instintos, não sua liberação. Pode ser que o freudismo-marxismo, adaptado à índole cubana, tenha encontrado no Caribe a sua pátria de eleição".

Mal sabia ele o quanto Cuba iria durar sob a tirania comunista. O estilo de Aron é assim, direto, irônico, implacável. Lê-lo é um deleito. No próximo artigo pretendo escrever sobre o conteúdo da primeira parte, que trata dos mitos políticos.


(II)

"Longe de o marxismo ser a ciência da infelicidade operária e o comunismo a filosofia imanente do proletariado, o marxismo é uma filosofia de intelectuais que seduziu frações do proletariado e o comunismo faz uso dessa pseudociência para atingir seu fim próprio, a tomada do poder".

Raymond Aron


Continuando a resenha do livro "O Ópio dos Intelectuais", de Aron, não pode nos escapar o trocadilho que ele fez no título com a famosa frase de Marx, de que "a religião é o ópio do povo". Aron não o fez por acaso: para ele o marxismo assumiu uma forma de religião secular, abraçada pela "intelectuária" do mundo.

Aqui pretendo fazer um comentário sobre a primeira parte do livro, que trata dos três mitos políticos, a saber: o da esquerda, o da revolução e o do proletariado.

Aron começa fazendo a distinção dos conceitos políticos "direita" e "esquerda", sem o que não é possível distinguir a questão ideológica. É uma tarefa relevante e difícil mesmo hoje, é de se imaginar o quanto foi em meados dos anos cinqüenta. São denominações genéricas que não comportam unidade, mas são úteis para discernir o espectro político. Se a esquerda é uma "saco de gatos", a direita deve ser desdobrada em pelo menos dois grandes blocos, os conservadores e os liberais. E estes, mais das vezes, especialmente no contexto europeu e norte-americano, são também confundidos com elementos de esquerda. [na verdade, liberal no EUA é a esquerda mesmo. É o PT deles.]

A direita sempre se apresenta como partidária da tradição e da ordem, enquanto que "a esquerda apresenta-se como anti-capitalista e combina, numa síntese difusa, a propriedade pública dos instrumentos de produção, a hostilidade contra a concentração de poder econômico batizados de trustes e a desconfiança para com os mecanismos de mercado". Aron foi um dos pioneiros em mostrar que o nazismo se alinhava à esquerda, e não à direita, como fazia crer a propaganda comunista depois da invasão da União Soviética por Hitler.

O que Aron sublinha é que as tiranias que desacreditam no mercado, na livre empresa, nas liberdades individuais, colocando em seu lugar o dirigismo estatal e o regime de partido único – o comunismo assim como o nazismo – são o que se pode chamar de esquerda, a forma antagônica de organização da sociedade capitalista como a conhecemos.

O autor é extremamente contundente ao demonstrar que a estatização (como diríamos hoje) dos meios de produção nem estabelece a igualdade política e nem de rendimentos. "A hierarquia técnico-burocrática, na qual os trabalhadores são integrados, não fica modificada por uma mudança do estatuto de propriedade", afirma, com razão. A hierarquia é mantida, porque essa é a condição humana. Da mesma forma, a distribuição de renda: "O limite da igualização das rendas é traçado pela gravidade da matéria social, o egoísmo humano, mas também por exigências coletivas e morais não menos legítimas do que o protesto contra a desigualdade". Aron tem profunda consciência, qual um liberal clássico, dos limites impostos pela chamada natureza humana, que não pode ser abolida e nem modificada pelos engenheiros sociais.

[À certa altura, Aron se pergunta, olhando a França, "mas onde estão os capitalistas a fustigar"? A pergunta é muito pertinente para o Brasil de hoje, em vista do inusitado fato político que se registra de maciça adesão de muitos membros da direita tradicional aos representantes do marxismo. Até usineiros de cana-de-açúcar de Pernambuco, conservadores tradicionais, andam declarando votos em Lula para a presidência da República.]

Passando a analisar o mito da revolução, Aron afirma que "não se pode considerar inseparáveis a violência e os valores da esquerda: o inverso estaria mais próximo da verdade". Tomando esse mote, talvez caiba aqui uma conclusão, a de que a ação política da esquerda no poder, ainda que a ele chegue de forma pacífica, sempre descambará para a violência revolucionária, seja porque essa ação contraria fatos básicos da condição humana (propriedade privada e liberdade), seja porque seus métodos de progresso baseados no planejamento central impõem a lógica do trabalho compulsório. Só é possível conseguir uma ordem assim pela força.

Aron, enquanto agudo e irônico observador da História, afirma: "Os regimes vitimados por levantes populares ou golpes de Estado não demonstram pela sua queda vícios morais – são muitas vezes mais humanos do que os vencedores – e sim erros políticos... A revolução do tipo marxista não aconteceu porque seu próprio conceito era mítico: nem o desenvolvimento das forças produtivas nem o amadurecimento da classe operária prepararam a derrubada do capitalismo pelos trabalhadores conscientes de sua missão. As revoluções que invocam o proletariado, como todas as revoluções do passado, assinalam a substituição violenta de uma elite por outra. Não apresentam caráter algum que permita saudá-las como o fim da pré-história".

Não escapa a Aron a conexão entre o conceito de revolução e o de revolta, o primeiro tirando partido do prestígio do segundo. Revoltados são aqueles que dizem não à modernidade, sejam ateus (Nietzsche), sejam homens de fé (Bernanos). Eles "têm horror à baixeza, à vulgaridade espalhadas pelas práticas eleitorais e parlamentares... Revoltados e niilistas censuram o mundo moderno: uns por ser o que quer ser, outros por não ser fiel a si mesmo."

Por fim, Aron fecha essa parte do livro analisando o mito do proletariado, que juntamente com o de esquerda e de revolução, dão o eixo explicativo do que move a alma dos intelectuais: são a sua crença e o seu engano. O autor aqui é mais cáustico do que nunca, mostrando as falácias dos que advogam o elemento operário como o libertador da humanidade. "O proletariado, no sentido preciso da massa operária criada pela grande indústria, não recebeu de ninguém – a não ser de um intelectual, originário da Alemanha e refugiado na Grã-Bretanha no meio do século passado (XIX) – a missão de ‘converter a história’, mas no século XX representa menos a classe imensa das vítimas do que a coorte dos trabalhadores que os managers organizam e que os demagogos cercam".

Ler essas páginas é colocar a nu diante dos olhos o besteirol que anima a classe política esquerdista. Basta olhar os programas eleitorais, naturalmente obrigatórios, para que nos deparemos com cada uma das falácias a sustentar suas falsas promessas. O resumo delas é que todas as misérias humanas podem ser resolvidas por e através do Estado. A História ensina que é exatamente o contrário: onde a livre empresa deixou de existir e o mercado foi substituído pelo planejamento central, o que se conseguiu, além do sacrifício da liberdade, foi a miséria econômica e o horror político.


(III)

"Quem pretende formular um veredicto definitivo é um charlatão. Ou a História é um tribunal supremo e só pronunciará a sentença sem recurso no último dia. Ou a consciência (ou Deus) julga a História, e o futuro não tem mais autoridade do que o presente".

Raymond Aron


A segunda parte do livro o "Ópio dos Intelectuais" trata do tema da idolatria da História. A primeira coisa que Aron nota é que os partidos revolucionários se comportam como se fossem uma igreja e os seus membros tornam-se uma congregação de fé. Os congressos desses partidos são apropriadamente chamados por ele de "congressos-concílios". O marxismo é uma forma laicizada de religião e tal como o Papa, arroga-se o princípio da infalibilidade.

A esse caráter religioso, Aron atribui a natureza dos processos contra os dissidentes políticos onde os comunistas chegaram a poder. "Comparáveis à Inquisição, revelam a ortodoxia, ao salientar as heresias", afirma. É comovente a descrição que ele faz dos expurgos dos Partidos Comunistas, das farsas que eram os processos e os julgamentos. Não sem alguma piedade, Aron afirma que "nessa religião sem alma, os oponentes tornam-se efetivamente piores do que criminosos".

Em uma sucessão de curtos e densos capítulos, Aron discorre sobre o pretenso sentido que teria a História, sua pluralidade de significações, as supostas unidades históricas, o suposto Fim da História e a História tratada com fanatismo. É deprimente ver como as pessoas, tomadas pela ilusão ideológica, se deixam levar pelas teses mais mirabolantes.

Na seqüência, o autor demole a ilusão de uma suposta necessidade histórica, seu determinismo, suas previsões e ridiculariza a sua suposta dialética. Nas suas palavras: "A pretensa dialética da história social resulta de uma metamorfose da realidade em idéia. Endurece-se cada regime, atribui-se a ele um princípio único, opõe-se o princípio do capitalismo ao do feudalismo ou do socialismo. Afinal, fala-se como se os regimes fossem contraditórios e como se a passagem de um para o outro fosse comparável à passagem de uma tese a uma antítese. Comete-se um duplo erro. Os regimes são diferentes e não contraditórios e as chamadas formas intermediárias são mais freqüentes e duráveis do que as formas puras". Aron é implacável nas suas conclusões.

É interessante como o autor nota que os cristãos são muito sensíveis à mensagem marxista. Mal sabia ele à época que uma suposta teologia da libertação seria fundada, na qual a mensagem de Cristo foi substituída sumariamente pela mensagem revolucionária. A Igreja Católica no Brasil está hoje majoritariamente contaminada por esse câncer intelectual. Uma ligeira conversa com algum sacerdote engajado na "causa" revela que não são mais cristãos, usam o nome da religião em vão. O marxismo, em sua essência, é radicalmente contra os valores cristãos, contra a ética cristã, contra a sua mensagem. O Cristianismo exalta o triunfo, a dignidade e a responsabilidade do ser individual. O marxismo é o contrário: exalta o coletivo, torna os valores morais relativos e propõe a salvação coletiva pela economia nesse Mundo, em substituição à salvação individual, no Além. Um cristão, por definição, não pode ser marxista, sendo a recíproca verdadeira.

Nas páginas finais desse trecho do livro, Aron lembra: "History is again on move: esta fórmula de Toynbee, dificilmente traduzível, atende a um sentimento forte e estranho que cada um de nós experimentou em dado momento de sua vida. Eu o experimentei na primavera de 1930, quando, ao visitar a Alemanha, assisti aos primeiros êxitos do nacional-socialismo. Tudo estava novamente em questão: a estrutura dos Estados e o equilíbrio das forças no mundo: a imprevisibilidade do futuro pareceu-me tão evidente quanto à possibilidade de manter o status quo". Ler essa citação me remeteu diretamente à minhas angústias mais íntimas. É o mesmo sentimento de que estou tomado ao ver os acontecimentos políticos que de desenrolam no Brasil na atualidade. Os augúrios são os piores possíveis.

São os mesmos, homens da mesma raça, em 1917 em Moscou, em 1933 em Berlim e em 2002 em Brasília. Homens com uma caricatura de consciência histórica são capazes de qualquer coisa para chegar ao poder e para exercê-lo de forma implacável e tirânica. Será a destruição aqui na mesma ordem de grandeza registrada no passado? Quem viver, verá.


(IV)

"O comunismo é uma versão aviltada da mensagem cristã. Dela retém a ambição de conquistar a natureza, de melhorar a sorte dos humildes, mas sacrifica o que foi e continua sendo a alma da aventura definitiva: a liberdade de pesquisa, a liberdade de controvérsia, a liberdade de crítica e de voto do cidadão. Submete o desenvolvimento da economia a um planejamento rigoroso e a edificação socialista a uma ortodoxia de Estado".

Raymond Aron

A terceira e última parte do livro "O Ópio dos Intelectuais", de Raymond Aron, traz uma exaustiva demonstração da alienação dos intelectuais, com farta demonstração por diversos países. Mas o mais notável é a ênfase que o autor dá ao caráter religioso que assumiu as diversas seitas marxistas – socialistas e comunistas – que se tornaram uma forma de religião secular.

Aron desmistifica a idéia de que os intelectuais sejam essencialmente revolucionários. Eles o foram em momentos específicos. Lembra Aron que "os letrados chineses defenderam e ilustraram a doutrina, mais moral do que religiosa, que lhes dava o primeiro, que lhes dava o primeiro lugar e consagrava a hierarquia. O reis ou os príncipes, os heróis coroados ou mercadores enriquecidos sempre encontraram poetas (que não eram necessariamente ruins) para cantar a sua glória. Nem em Atenas, nem em Paris, nem no século V antes da nossa era, nem no décimo nono século após Jesus Cristo, o escritor ou o filósofo inclinaram-se espontaneamente para o partido do povo, da liberdade e do progresso. O admiradores de Esparta que se encontravam no interior dos muros de Atenas eram numerosos, como também aqueles do Terceiro Reich nos salões ou nos cafés da Rive Gouche de Paris".

E, com grande agudeza psicológica, Aron intui o porquê dos intelectuais contemporâneos tenderem para o ativismo e a ação revolucionária: "A conjunção de peritos (profissões técnicas – NC) decepcionados e letrados irritados põe as próprias sociedades industriais do Ocidente em perigo. Uns que procuram eficácia e outros que perseguem uma idéia unem-se contra um regime culpado por não inspirar nem o orgulho do poder coletivo, nem a satisfação íntima de participar de uma grande obra".

O que Aron não sabia à época é que foi colocada em marcha a mais formidável indústria de mentiras por parte dos revolucionários, dispostos a qualquer coisa para fazer triunfar as suas idéias impraticáveis, muitas vezes em sacrifício dos próprios revolucionários. Nos expurgos, eles mesmo que arderiam nas fogueiras. A cegueira ideológica chegou a tal estágio que o sentido de realidade desapareceria. Aqui não é possível deixar de lembrar a maléfica obra de Antonio Gramsci e a engenharia de comunicação política traçada desde os tempos de Lênin, com o propósito exclusive de produzir a mentira política. A ordem era confundir, subverter a moral cristã, solapar os valores mais essenciais da tradição ocidental.

É na alma desses homens que talvez resida a resposta para essa atitude tão insensata e destrutiva. Não creio que o mero impulso em direção ao poder possa explicar o fato, embora reconheça que o mesmo possa estar na origem de sua força dinâmica. Tampouco creio que explique isso algum eventual "pulsão de morte" de corte freudiano. Aron, ainda uma vez, foi genial ao perceber o paralelo com o fenômeno religioso. É, para mim, a tomada da alma desses homens pelo íncubo obsediante, em transe demoníaco, fazendo das massas um súcubo passivo e sugestionável. É na psicologia de Jung que se terão as categorias necessárias para uma correta análise dessa hipnose de massas.

Forças transcendentais estão na verdade em disputa pela alma coletiva e de cada um. É o duelo eterno das forças do Bem e do Mal. A manifestação no mundo político é apenas um reflexo menor desse duelo maior. E não há dúvida de que as idéias coletivistas assumem o lado negativo, são a própria expressão do Anti-Cristo.

"O cristão nunca poderá ser um autêntico comunista, do mesmo modo que o comunista não pode crer em Deus ou no Cristo, porque a religião secular, animada por um ateísmo fundamental, declara que o destino do homem cumpre-se todo inteiro nesta terra. O cristão progressista esconde de si mesmo essa incompatibilidade", nota Aron.

Em e-mail recebido de José Stelle, que reside no EUA, ele me relatou que entrevistou Aron em 1982, quando da sua vinda ao Brasil para o lançamento do livro, para a revista "Visão". Respondendo à pergunta sobre a diferença entre um liberal e um socialista, Aron declarou:

"O liberal é humilde. Reconhece que o mundo e a vida são complicados. A única coisa de que tem certeza é que a incerteza requer a liberdade, para que a verdade seja descoberta por um processo de concorrência e debate que não tem fim. O socialista, por sua vez, acha que a vida e o mundo são facilmente compreensíveis; sabe de tudo e quer impor a estreiteza de sua experiência – ou seja, sua ignorância e arrogância – aos seus concidadãos". Resumiu tudo.

Para concluir, quero aqui indicar a resenha de Roger Kimball ("Raymond Aron & the power of ideas"), publicada no site http://www.newcriteriom.com/ , que pode ser de grande utilidade aos pesquisadores e interessados na obra do autor.
Nivaldo Cordeiro.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

CONSPIRAÇÃO DE PORTAS ABERTAS

Autor: Paulo Diniz Zamboni
Editora: É Realizações
Assunto: Política
Edição: 1ª
Ano: 2008
Páginas: 200

Sinopse: O livro descreve como o movimento revolucionário comunista ressurgiu na America Latina através do Foro de São Paulo. (...) uma pequena amostra de um assunto que precisa ser conhecido pela opinião pública brasileira de forma mais clara e abrangente: o Foro de São Paulo – FSP. E por que este assunto precisa ser conhecido? Pelo fato de que o FSP é a única força política organizada e coesa na América Latina. Continuar insistindo na irrelevância do Foro de São Paulo, ou pior, em que esse não passa de uma “teoria da conspiração” (afirmação, não por acaso, repetida, sobretudo por alguns dos próprios membros do PT, sendo ele próprio um integrante do FSP) torna-se não apenas uma atitude de ignorância suicida, mas sobretudo de covardia criminosa, diante dos rumos que a política e a sociedade brasileiras estão tomando, cada vez mais sombrios.


Cumpre, portanto, aos homens de bem e que ocupam posições de destaque por suas profissões e formação intelectual, ao menos conhecer o potencial destruidor da ideologia que guia o Foro de São Paulo, e tirar suas próprias conclusões sobre a organização. É ela um mero “clube de amigos” saudosistas de uma tirania genocida sem semelhante na história da humanidade (como é o comunismo), mas sem potencial algum de ação efetiva em nossos dias, ou uma organização habilitada a pautar a política de vários governos latino-americanos e, em especial, do Brasil?




O FORO DE SÃO PAULO

Anatoli Oliynik


Em junho de 1988 foi realizada a 19ª Conferência do Partido Comunista da União Soviética. Naquela oportunidade debateram-se os caminhos da “PERESTROIKA” de Mikhail Gorbachev, e já se vislumbrava a eminente queda do Muro de Berlim, o que de fato aconteceu em 9/11/1989.

Com a queda do Muro e com o desmoronamento planejado do comunismo pela União Soviética, Fidel Castro e as esquerdas latino-americanas perderam seu tutor financeiro e ideológico, a Rússia. Era preciso, portanto, articular a criação de um organismo que pudesse manter viva a “chama ideológica marxista-leninista”, bem como orientar e coordenar as suas ações comunistas no Continente.

Antes, porém, em janeiro de 1989, em Havana, por ocasião da reunião de cúpula do Partido Comunista de Cuba e o PT do Brasil foi estabelecido que, se Lula não ganhasse as eleições em novembro de 1989, deveria ser formada uma organização para coordenar as ações de toda a esquerda continental e que a liderança e organização do processo caberia a Luiz Inácio “Lula” da Silva. Portanto, Fidel já sabia dos planos arquitetados na 19ª Conferência do Partido Comunista e preparava terreno no Continente.

Aproveitando o poder parlamentar que tinha o Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil, Fidel Castro, com o apoio de Luis Inácio “Lula” da Silva, convocou os principais grupos terroristas revolucionários da América Latina para uma reunião na cidade de São Paulo. Acudiram ao chamado de Fidel e Lula, além do próprio PT e do Partido Comunista de Cuba, o Exército de Libertação Nacional (ELN), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua, a União Revolucionária Nacional da Guatemala (URNG), a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador, e o Partido da Revolução Democrática (PRD) do México.

O primeiro Encontro aconteceu no Hotel Danúbio na cidade de São Paulo, no período de 1 a 4 de julho de 1990. O nome “FORO DE SÃO PAULO” foi adotado na segunda reunião realizada na cidade do México, no período de 12 a 15 de junho de 1991, quando reuniu 68 organizações de 22 países. E assim nasceu o FORO DE SÃO PAULO. Uma coalizão de terroristas revolucionários, partidos comunistas, partidos de esquerda, enfim, a escória do Continente latino-americano, Caribe e América Central.

Para dirigi-lo centralizadamente, foi criado um Estado Maior civil constituído por Fidel Castro, Lula, Tomás Borge e Frei Betto, entre outros, e um Estado Maior militar, comandado também pelo próprio Fidel Castro, além do líder sandinista Daniel Ortega e o argentino Enrique Gorriarán Merlo.
[1]
Em 1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida uma direção que ficou composta pelo Partido Comunista Cubano (Cuba), Partido da Revolução Democrática (México), Partido dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), Movimento Lavalas (Haiti), Movimento Bolívia Livre e os 6 partidos integrantes da Esquerda Unida (Peru) e da Frente Ampla (Uruguai, uma frente constituída por diversos partidos e organizações, dentro da qual o Movimento Tupamaros é hegemônico). Em 1992, a URNG - União Revolucionária Nacional Guatemalteca, que agrupa várias organizações voltadas para a luta armada, foi admitida como membro dessa direção.

A partir do II Encontro, realizado no México no período de 12 a 15 de junho de 1991, o FORO DE SÃO PAULO passou a ter CARÁTER CONSULTIVO e DELIBERATIVO dos Encontros. Isso significa que as decisões aprovadas em plenárias e constantes das Declarações finais passaram, a partir de então, a ser consideradas DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE ACEITAÇÃO e CUMPRIMENTO pelos membros do Foro, subordinando-os, portanto, aos ditames dos Encontros na ação a ser desenvolvida em nível internacional e nos respectivos países. Tais deliberações obedecem a uma política internacionalista, com vistas à implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo plano os interesses nacionais e fere os princípios da soberania e autodeterminação. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP) e a Constituição da República definem que “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da LOPP). Isso no conceito dos dirigentes dos países membros do FORO DE SÃO PAULO é letra morta.

O FORO DE SÃO PAULO foi descoberto por José Carlos Graça Wagner, um advogado paulista e que o denunciou publicamente em 1º de setembro de 1997, em painel realizado na Escola Superior de Guerra, que versava sobre o tema "Movimentos Sociais e Contestação Sócio-Política – a Questão Fundiária no Brasil". Com a sua morte, passou a acompanhar e denunciar a formação “eixo do mal” pelo Foro de São Paulo, o jornalista, filósofo e ensaísta, Olavo de Carvalho, o que lhe custou o emprego no jornal “O Globo” e muitos outros jornais nos quais era articulista. O Olavo foi o brasileiro que mais denunciou o Foro de São Paulo nos último dezoito anos. Poucos lhe deram ouvido, lamentavelmente.

O FORO DE SÃO PAULO permaneceu no mais absoluto anonimato, eficientemente protegido pela mídia brasileira, toda ela engajada no esquerdismo marxista. O publico brasileiro, mais atento, somente tomou conhecimento e muito discretamente, quase que imperceptivelmente, por ocasião do 7º Encontro realizado na cidade de Porto Alegre em julho de 1997. Foi apenas uma discreta aparição que a imprensa brasileira procurou ocultar por meio da suspensão de todo e qualquer destaque que pudesse levantar suspeitas do que se tratava esse encontro, apesar de presentes 158 delegados, 58 partidos procedentes de 20 países, 36 organizações fraternas e cerca de 400 representantes de partidos e organizações de esquerda do continente.

No dia 2 de julho de 2005, por ocasião do XII Encontro ocorrido em São Paulo, se comemorou os 15 anos de fundação da organização, com discurso laudatório do presidente do Brasil cujo trecho selecionado é reproduzido a seguir:

Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política. Foi assim que surgiu a nossa convicção de que era preciso fazer com que a integração da América Latina deixasse de ser um discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se candidataram a alguma coisa, para se tornar uma política concreta e real de ação dos governantes. Foi assim que nós assistimos a evolução política no nosso continente.”

E é por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o Foro de São Paulo, porque tinha noção do que éramos antes, tinha noção do que foi a nossa primeira reunião e tenho noção do avanço que nós tivemos no nosso continente, sobretudo na nossa querida América do Sul.”

Por isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília com a consciência tranqüila de que esse filho nosso, de 15 anos de idade, chamado Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se transformou num adulto sábio. E eu estou certo de que nós poderemos continuar dando contribuição para outras forças políticas, em outros continentes, porque logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de países africanos para participarem do nosso movimento, para que a gente possa transformar as nossas convicções de relações Sul-Sul numa coisa muito verdadeira e não apenas numa coisa teórica.”

(Discurso de comemoração dos 15 anos do Foro, julho de 2005)


A documentação acerca do FORO DE SÃO PAULO jamais teve ampla divulgação, tendo sido inicialmente publicado apenas na edição doméstica do GRANMA, órgão oficial do Partido Comunista Cubano. Na edição internacional nada transpirou. Mais tarde, passou a ter algum tipo de noticiário restrito em poucos jornais de alguns países e, até numa revista editada na Argentina chamada “América Libre”, quase de circulação interna, dirigida por Frei Betto.

O objetivo do Foro de São Paulo é implantar governos socialistas na América Latina, via eleições “democráticas”, que mais tarde serão convertidos em governos totalitários, a exemplo do modelo cubano em vigor, tudo sob a falsa retórica de “democracia”, tal como eles, os comunistas entendem. Os campos de atividade do Foro são a subversão política e social de todo o continente latino-americano. Veja-se o caso de Zelaya na embaixada brasileira em Honduras. Tudo sob a falsa retórica da “democracia”, repito. Trata-se, portanto, de uma organização que se mantém no anonimato para que seus projetos totalitários não sejam identificados antes que se complete o plano de dominação e implantação do pensamento hegemônico no Brasil e no continente Latino-americano. Para este desiderato o FORO DE SÃO PAULO conta com o apoio da ONU e da OEA.
Desde a sua fundação, o Foro realizou quinze encontros segundo a cronologia a seguir:

Encontros desde a fundação:

I Encontro
São Paulo - Brasil - 1 a 4 de julho/1990

II Encontro
Cidade do México - México - 12 a 15 de junho/1991

III Encontro
Manágua - Nicarágua - 16 a 19 de julho/1992

IV Encontro
Havana - Cuba - 21 a 24 de julho/1993

V Encontro
Montevidéu - Uruguai 25 a 28 de maio/1995

VI Encontro
San Salvador - El Salvador - 26 a 28 de julho/1996

VII Encontro
Porto Alegre - Brasil - 27 a 31 de julho/1997

VIII Encontro
Cidade do México - México - novembro/1998

IX Encontro
Manágua - Nicarágua - fevereiro/2000

X Encontro
Havana - Cuba - 4 a 7 de dezembro/2001

XI Encontro
Antigua - Guatemala - 2 a 4 de dezembro/2002

XII Encontro
São Paulo - Brasil - 1 a 4 de julho/2005

XIII Encontro
San Salvador - El Salvador - 12 a 16 de janeiro/2007

XIV Encontro
Montevidéu - Uruguai - 23 a 25 de maio/2008

XV Encontro
Cidade do México - México - 20 a 23 de agosto/2009


Como vimos, participam do FORO DE SÃO PAULO partidos e organizações de esquerda, reformistas e revolucionárias; Partidos Comunistas que se definem como marxistas-leninistas; organizações e grupos trotskistas; Partidos Comunistas que continuam se definindo como marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina, Peru e Uruguai) e que possuem uma articulação internacional própria em 17 países; Partidos Socialistas filiados ou não à Internacional Socialista; organizações que continuam desenvolvendo processos de luta armada, como as FARC e ELN, na Colômbia e organizações que participaram da luta armada e hoje atuam na legalidade, como o Movimento 19 de Abril, também da Colômbia e os Tupamaros, do Uruguai.

Esta é, portanto, a breve radiografia do FORO DE SÃO PAULO, uma organização que os brasileiros não conhecem e a maioria nem sabe que existe, e cujo objetivo maior é comprar a sua alma para vendê-la ao demônio.


[1] Enrique Gorriarán Merlo foi o fundador do Exército Revolucionário do Povo (ERP) e posteriormente do Movimento Todos pela Pátria (MTP). Gorriarán Merlo foi, também, o autor do ataque terrorista em janeiro de 1980 ao regimento de infantaria La Tablada, em Buenos Aires, no qual morreram 39 pessoas, e foi quem encabeçou a esquadra que assassinou Anastásio Somoza em Assunção, Paraguai, em setembro de 1980. Organizou a máquina militar do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o mesmo que tomou a residência do embaixador japonês em Lima.

domingo, 20 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO: NA MORTE DE UM HOMEM MAU

Morreu um homem amargo e mau, incapaz de sorrir, que se esforçava por tornar a sua Pátria amarga, como ele.

José Saramago era, de facto, um homem mau. Provava-o a sua cara vincada incapaz de exprimir um sorriso, prova-o a sua escrita prenhe de ódio e crítica aos valores mais normais e caros à civilização que o viu nascer, valores esses que ele, com as suas ideias, suas declarações e sua obra, renegou em Lanzarote. Será que no fundo, Saramago, para além do seu marcado azedume e soberba, tinha valores? Nunca o saberemos.

Repito, José Saramago era um homem mau. Que o digam os seus colegas, que em pleno período revolucionário foram vítimas de saneamentos selvagens. O homem, nessa época, tinha o “estribo nos dentes”, e era imparável algoz como sub-director do Diário de Notícias. Tinha por desporto arruinar a vida de quem não era comunista como ele.

Foram 87 anos de infecundidade, travestida de um aparente sucesso, revelado pelos livros que vendeu, e pela matreira estratégia de marketing que o conduziu ao Prémio Nobel, em detrimento de outros escritores Lusos, genuinamente com mais categoria e menos maldade crónica do que ele. Penso, por exemplo, no insuspeito Torga.

Tentei ler dois livros dessa personagem, para com honestidade poder dizer que, para além de não gostar dele como pessoa, o não considerava como um bom escritor, e que ofendia na sua essência a cultura Cristã da nossa Grei. Consegui apenas ler um, e o início de outro. A sua escrita, para além de ser incorrecta, era amarga como as cascas dos limões mais amargos. A sua originalidade era, afinal, o sinistro das suas ideias; o que, convenhamos, é pouco original. É mais fácil ser sinistro, provocador e mau, do que ter categoria, e valor. Saramago optou pelo mau caminho, como sempre, o mais fácil. E teve aparentemente sorte, na Terra, que a eternidade pouco lhe reservará.

Fiquei contente quando ameaçou (apenas ameaçou, porque na realidade a sua vaidade não lho permitia praticar), nunca mais pisar solo Pátrio. Uma figura como ele, é melhor estar longe da Pátria que em má hora o viu nascer. Afinal de que serve a este Portugal destroçado, um Iberistra convicto, ainda para mais, estalinista? Teria ficado bem por essas ilhas perdidas de Espanha, não fosse uma série de lacaios da cultura dominante “chorarem” por ele, por aqui por terras lusas, alimentando-lhe a sua profunda soberba.

Para além da sua obra escrita, de qualidade duvidosa e brilhantemente catapultada por apuradas técnicas comerciais que lhe conseguiram um Prémio Nobel da Literatura, (prémio com cada vez menos prestígio devido à carga política que contém), nada deixou em herança, para além de certamente muito dinheiro, o que é um contrasenso para um qualquer estalinista como ele. Mas a sua existência foi um perfeito logro. Foi uma existência desnecessária.

Saramago afastou-se da Pátria, e estou certo de que a Pátria, no seu todo mais puro, que não no folclore da "inteligentzia", não teve saudades dele. Foi uma bandeira da esquerda ortodoxa, e também da esquerda ambígua, essa do Primeiro-Ministro que nos desgoverna. Dessa mesma esquerda que decidiu usar o nosso dinheiro, para trazer em avião da Força Aérea Portuguesa, os seus restos inanimados para Portugal, a expensas de todos nós, e infamemente coberto com a Bandeira Nacional. Um Iberista, coberto com a Bandeira Nacional, que Saramago ofendeu vezes incontáveis, na essência da sua obra, e no veneno das suas declarações públicas. Era um relapso. Um indesejável.

Um homem que voluntariamente se afastou da sua Pátria, comentando-a de uma forma negativa no Estrangeiro, não é digno de nela entrar cadáver, coberto com a sua Bandeira. A bandeira de Saramago, era a do ódio, da arrogância, e da maldade praticada.

Mas os símbolos Nacionais estão hoje nas mãos de quem estão, e a representação das “vontades” Nacionais, está subordinada a quem está: à esquerda, tão sinistra como foi Saramago. Assim sendo, as homenagens que lhe fazem, incluindo os exagerados e ilegítimos dois dias de Luto Nacional, valem o que valem, e são apenas um acto de pura “camaradagem”, na verdadeira acepção da palavra. Quem nos desgoverna, pode cometer as maiores atrocidades, que ao povo profundo só resta pagar, e calar. Até ver.

Amanhã, Saramago mergulhará pela terceira vez nas chamas. A primeira, terá sido quando nasceu, e ao longo de toda a sua vida, retrato que foi de ódio e maldade pela sua imagem espelhados e espalhados; a segunda, terá sido quando o seu corpo ficou irremediavelmente inanimado, e estou certo de que entrou no Inferno, a confraternizar com o seu amigo Satanás; a terceira, amanhã, será quando o seu corpo inerte e sem alma, entrar para ser definitivamente destruído, no Crematório do Alto de S. João.

Será um maravilhoso e completo Auto de Fé. O Homem e a sua obra venenosa, serão queimados definitivamente nas chamas da terra, que nas da eternidade já o foram no dia em que morreu.

De Saramago recordaremos um homem que não sabia rir, que gostava certamente muito de dinheiro, e que o terá ganho, que era mau e vaidoso, e que o provou ao longo da sua vida, que quis viver longe da sua Pátria por a ela não saber ter amor, e que foi homenageado por meia dúzia de palhaços esquerdistas, “compagnons de route” coniventes com um dos últimos fósseis estalinistas, que ilustrava uma forma de estar na vida e na política sem alma, amoral, e que globalmente contribuiu para a destruição de toda uma Pátria, e suas tradições.

Ocorreu ontem, quando soube que este cavalheiro de triste figura tinha morrido, que estaria por certo  no inferno, sentado com Rosa Coutinho, também lá entrado há poucos dias, à espera de Mário Soares e Almeida Santos, para os quatro juntos jogarem uma animada e bem “quente” partida de sueca...

O País está mais limpo. Um dos maiores expoentes do ódio e da maldade, desapareceu da superfície da Terra. Espero que a Casa dos Bicos, um dia possa ter melhor função, do que albergar a memória de tão pérfida personagem. As suas letras, estou certo de que cairão no esquecimento, ao contrário das de Camões, Torga ou Pessoa, entre muitos outros.

Apesar de tudo, e porque sou Católico (e porque a raiva não é pecado), que Deus tenha compaixão de tão grande pobreza, mas que se lembre fundamentalmente de nós, de todos os Portugueses íntegros que tentamos sobreviver com dificuldade, neste Portugal governado pelos amigalhaços do extinto, que apesar do luto em que fingem estar, mas que na verdade não sabem viver, continuam a todo o custo a viver o enorme bacanal que arruina Portugal...

No fundo, no fundo, e porque as palavras as leva o vento, que Deus tenha piedade de tão grande pobreza! Cabe-nos perdoar. Mas não temos que esquecer!
 

António de Oliveira Martins - Lisboa, 19/06/2010. 

Nota: Saramago morreu no dia 18/06/2010. Seu corpo foi cremado no dia 20/06/2010. Era ateu.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

SUNSHINE – O Despertar de um Século

NOTA DO EDITOR: Este filme mostra a realidade dos regimes nazista e comunista: ambos genocidas. O primeiro terminou com o fim da Segunda Guerra Mundial, mas o segundo, o comunismo, viceja entre nós, alimentado e divinizado pela massa de psicopatas traidores da pátria.


Título Original: Sunshine
Gênero: Drama
Atores: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, William Hurt, Rosemary Harris, Jennifer Ehle, Deborah Unger, James Frain, Molly Parker.
Diretor: István Szabó
País: Áustria, Canadá, Alemanha e Hungria.
Ano: 1999
Duração: 180 min.

Sinopse: O contemporâneo Ivan Sonnenschein, narra a saga de três gerações de sua família judia-húngara, de 1828 até os dias atuais misturando ficção com cenas de documentários históricos. O tataravô produzia um tônico revigorante cuja receita é um segredo de família, mas morre na explosão de seu laboratório. Emmanuel, filho dos dois camponeses judeus, donos da receita secreta, depois que o laboratório explode muda-se para Budapeste e se casa com Rose Sonnenschein, onde funda a rentável fábrica do tônico revigorante Sunshine que dá o nome ao filme. Deste casamento nascem dois filhos: Ignatz e Gustave. Rose adota sua sobrinha Valerie, a quem cria como filha. Seu filho mais velho, Ignatz, apaixona-se pela própria irmã adotiva (na realidade prima) e provoca sérias discussões em família, mas mesmo assim acaba se casando com ela. Na ânsia de subir na carreira de advogado, ele troca o sobrenome judeu por um sobrenome húngaro, Sors. Torna-se fiel defensor do império austro-húngaro e acaba tendo problemas com o irmão Gustave, um revolucionário comunista. Adam, filho de Ignatz, não liga para a política e ainda muito jovem, descobre seu talento para a esgrima e torna-se um atleta olímpico. Envolve-se em uma relação secreta com a esposa de seu irmão, István.

Com a proximidade da II Guerra, os irmãos se convertem ao catolicismo. Adam ganha medalha de ouro nas Olimpíadas, mas quando a Alemanha invade a Hungria, nem mesmo sua reputação de medalhista olímpico consegue evitar que seja cruelmente morto no campo de concentração na presença de seu filho Ivan. Ivan, revoltado com o fim trágico de seu pai, decide entrar para a política como uma forma de vingança. Ele se torna comunista na luta para derrotar o nazismo. Não é preciso dizer que se dá mal. Pessoalmente, também tem no amor a sua desgraça, e acaba sob o domínio de uma mulher, casada com um influente líder comunista do governo húngaro. As coisas só mudam quando o nosso narrador Ivan, tataraneto daqueles dois camponeses judeus, decepcionado com as promessas políticas dos comunistas de um mundo melhor, decide se arriscar, enfrentando o passado e tendo a coragem de descobrir algumas verdades sobre si mesmo.

Informações que auxiliam a compreensão do filme:

Monarquia Austro-húngara (1867 - 1918)

A Monarquia que uniu a Áustria e a Hungria foi criada em 1867, sob o comando do Imperador Franz Joseph, que governou até 1916. Durante esta época, apesar do voto ser público, menos de dez por cento da população adulta votava. Os partidos políticos só tinham representantes da classe média húngara cristã, de origem nobre.

Lentamente vários alemães de nacionalidade húngara, capitalistas e famílias judias latifundiárias receberam títulos de nobreza e os negócios da classe média começaram a se expandir, mas só em 1868 reconheceu-se a total igualdade dos cidadãos que falavam idiomas diferentes, como os judeus e alemães, garantindo-lhes seus direitos - como receberem educação em seu idioma de origem e professarem sua própria religião.

ÁRVORE GENEALÓGICA / PRIMEIRA GERAÇÃO

Emmanuel Sonnenschein 1828 - 1897 (David de Keyser)

Emmanuel é filho de dois camponeses judeus, donos da receita secreta do tônico revigorante Sunshine, que morrem quando o laboratório explode. Ele muda-se para Budapeste e se casa com Rose Sonnenschein (1838-1905 - Miriam Margolyes), onde funda a rentável fábrica Sunshine.
Rose é a mãe de Ignatz e Gustave. Ela também adota sua sobrinha Valerie, a quem cria como filha.

Ignatz Sonnenschein/Sors 1896-1930 (Ralph Fiennes)

Ignatz é o personagem desta era. Ele é o filho mais velho e preferido de Emmanuel e Rose, que troca de nome para se tornar juiz. Sua extrema fidelidade ao poder e à carreira sacodem o seu casamento, pois ele se rende ao círculo que governa o país. Já seu irmão Gustave é seu rival na política: um comunista militante e fervoroso.

Gustave Sonnenschein/Sors jovem 1872-1952 (James Frain)

Gustave, irmão mais novo de Ignatz, é uma figura impetuosa e revolucionária. Ele realmente acredita, como muitos de sua geração na Europa, que o comunismo criará um mundo melhor. É a tragédia de Gustave que atesta o fracasso desse sonho.

Valerie Sonnenschein/Sors jovem 1872-1962 (Jennifer Ehle)

A apaixonada Valerie Sonnenschein sobrevive às três gerações do filme; é o único membro da família que consegue se manter fiel ao que sente. O diretor define seu personagem como o 'herói silencioso do filme". Jennifer Ehle interpreta o papel de Valerie jovem, enquanto sua mãe, Rosemary Harris, vive a personagem na fase mais velha.

Primeira Guerra Mundial (1914-1919) e o Regime de Horthy (1920-1944)

Depois da derrota na Primeira Guerra Mundial, a Monarquia Austro-húngara entra em colapso e novos estados surgem em seu lugar. Em março de 1919, a República do Conselho Comunista assume o poder por apenas 133 dias. Depois de um ataque cristão avassalador, o governo comunista foge e é substituído pelo novo governo do Almirante Miklos Horthy (1920-1944).

Em 1920, um acordo de paz realizado pelos franceses, norte-americanos e ingleses, divide dois terços da Hungria entre seus países vizinhos. Porém, o Almirante Horthy não está disposto a abrir mão de seu país. Ele estabelece contatos com a Itália e a Alemanha, e com o crescente apoio destes países permite a introdução gradual de duras políticas sociais. Começam a surgir medidas anti-semitas que impedem que os judeus exerçam algumas profissões e que impedem casamentos mistos.

Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

A aliança entre a Hungria e Alemanha se estabeleceu antes da explosão da Segunda Guerra Mundial. O Almirante Horthy entra na guerra contra a União Soviética em 27 de junho de 1941 pensando que, com a Alemanha ao seu lado, conseguiria recuperar territórios perdidos para outros países, mas, junto com seus aliados, a Hungria sofre uma derrota esmagadora no início de 1943.

A Hungria se transforma num campo de batalha da guerra. O novo governo pratica atos de cortesia para com o Ocidente, mas esta política de jogo duplo fracassa e provoca a invasão da Hungria pela Alemanha em março de 1944. Depois do Almirante Horthy ter sido deportado para a Alemanha, o partido Arrow-Cross assume o poder, adotando um governo sangrento.

ÁRVORE GENEALÓGICA / SEGUNDA GERAÇÃO

Adam Sors 1902-1944 (Ralph Fiennes)

Filho mais novo de Ignatz e Valerie, é o esgrimista, que, para escapar dos nazistas converte-se ao catolicismo, ocasião em que conhece Hannah Sors 1906-1944 (Molly Parker) e se casa com ela. Apesar de ter ganhado a Medalha de Ouro na Olimpíada e ser alheio à política, Adam não consegue escapar dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Adam Sors é a grande vítima desta era sendo cruelmente torturado e assassinado num campo de concentração na presença do seu filho. Seu filho, Ivan Sors promete vingá-lo.

István Sors 1900-1944 (Mark Strong)

É o irmão mais velho de Adam, um médico feliz, que desempenha um papel secundário diante dos talentos e desejos de seu irmão. Ele se casa com Greta Sors 1910-1944 (Rachel Weisz), a única da família que quer deixar a Hungria, pois enxerga que, com a dominação alemã eles deixarão de ser húngaros e passarão a ser apenas judeus.

Regime Soviético (1945-1989)

A ocupação da Hungria pelos alemães e o terror imposto pelo partido húngaro Arrow-Cross terminam no início de abril de 1945, mas são logo seguidos pela invasão soviética. O Partido Comunista ganha as eleições em 1947. A fusão do Partido Comunista Húngaro e o Partido Social democrata realiza-se em junho de 1948, sob o nome de Partido Trabalhista Húngaro, e todos os outros partidos desaparecem.

Revolução Anticomunista (1956) e o fim da ditadura 'branda'

Um levante público espontâneo, exigindo uma transformação democrática na política interna húngara, provoca a famosa Revolução Húngara de 1956. Em 23 de outubro de 1956, o povo húngaro e as forças armadas se enfrentam. Isto leva à sangrenta batalha de 4 de novembro, quando tanques soviéticos invadem as ruas de Budapeste e retomam o país. Apesar dos húngaros terem perdido a revolução, aqui começa o enfraquecimento do movimento comunista em escala mundial.

Depois da revolução o regime comunista na Hungria se tornou mais moderado. A Hungria era chamada de “o quartel mais alegre do acampamento socialista”. Um dos poucos países sob o jugo soviético cujo povo podia obter um passaporte para o Ocidente.

ÁRVORE GENEALÓGICA / TERCEIRA GERAÇÃO

Ivan Sors 1927 - até o presente (Ralph Fiennes)

Ivan (não confundir com seu tio, István) é o único filho de Adam e Hannah e é um dos poucos membros da família a sobreviver ao Holocausto. Ele sai da guerra obcecado em lutar pelo comunismo e vingar-se dos nazistas. Isto até conhecer os excessos totalitários do regime vermelho comandado pela Rússia. Num doloroso processo de seus crimes, Ivan participa da revolução anticomunista e torna-se um símbolo dos novos tempos. Finalmente, aprende a enfrentar o passado e buscar a liberdade que poucos membros de sua família tiveram. Ivan Sors é a personagem desta era e da seguinte, quando a democracia torna-se uma realidade.

Democracia (1989 - até hoje)

Em 1988, a Hungria conseguiu o que o povo aguardou por quase 50 anos, uma democracia multipartidarista de fato.

SOBRE O ELENCO

Ralph Fiennes interpreta três gerações de personagens - o avô Ignatz, o filho Adam e o neto Ivan.

Rosemary Harris faz o papel de Valerie na segunda e na terceira fase do filme.

Greta é a personagem de Rachel Weisz - a mulher apaixonada pelo irmão de seu marido, na segunda fase.

A Valerie da primeira fase do filme é o papel da atriz Jennifer Ehle. Filha de Rosemary Harris.
William Hurt interpreta o policial comunista Andor Knorr.

A esposa de Adam Sors, Hannah, é feita por Molly Parker.

Deborah Kara Unger faz o papel da Major Carole Kovacs.

Na primeira fase de Sunshine - O Despertar de Um Século, o papel de Gustave é de James Frain.
O Gustave da terceira fase do filme é interpretado por John Neville.

A matriarca da família, Rose Sonnenschein, é o papel de Miriam Margolyes na primeira fase do filme.

David de Keyser interpreta Emmanuel Sonnenschein que é o tataravô de todos.

O inglês Mark Strong interpreta István, o irmão de Adam Sors na segunda fase do filme.