"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso"

sábado, 17 de janeiro de 2009

PALESTRA: Tomas Schuman (Yuri Bezmenov) - PARTE I

Tomas Schuman, nome adotado depois da deserção da extinta União Soviética é, na realidade, Yuri Alexandrovitch Bezmenov, ex-agente de propaganda da KGB.

A palestra foi realizada na Summit University em Los Angeles, em 1983, e trata das estratégias e táticas aplicadas pela União Soviética em países-alvo visando a implantação do comunismo no planeta. Você não precisa se preocupar com a data e o tempo transcorrido, pois o seu conteúdo permanece mais atual do que nunca. Você mesmo comprovará isso lendo os textos que foram divididos em sete partes seguindo a divisão dos vídeos.

É muito importante que você leia os textos e assista aos vídeos no YouTube. Eles não são uma relíquia para que você possa entender mais sobre a Guerra Fria. Não!!! Eles explicam o que vem ocorrendo no mundo nas últimas décadas, e que continuará ocorrendo nas próximas. Então, se você quer entender o que ocorre ao seu redor, sugiro que faça um esforço intelectual e um pequeno investimento de tempo. Garanto que não se arrependerá.

Boa leitura!

Tomas Schuman (Yuri Bezmenov) L.A. 1983 pt. III
Soviet Defector from Novosti Press KGB Propaganda Expert

Vídeo 1/7
Subversão é o termo, se você olhar no dicionário ou código penal deste assunto normalmente explicado como uma parte de uma atividade para destruir coisas como religião, governo, sistema, sistema político, econômico de um país, e normalmente é ligado a espionagem e coisas românticas como explodir pontes, descarrilar trens, atividade capa e espada estilo Hollywood.
Quando... O que vou falar a respeito agora não tem absolutamente nada a ver com o clichê de espionagem ou a atividade de coletar informação. Então o maior erro ou conceito errado, eu acho, é que quando estamos falando de KGB, por alguma razão estranha, de produtores de Hollywood a professores de ciência política e (aspas) “especialistas” em assuntos soviéticos, - kremlinólogos, como se autodenominam – eles acham que a coisa mais desejável para Andropov e toda a KGB é roubar o esquema de algum jato supersônico trazer de volta prá União Soviética e vender para o complexo industrial militar soviético.
É apenas em parte verdadeiro. Se tomarmos todo o tempo, dinheiro, e mão-de-obra que a União Soviética e a KGB em particular gasta fora das fronteiras da URSS descobriremos – claro que não há estatísticas oficiais ao contrário da CIA ou FBI – que a espionagem como tal ocupa apenas dez a quinze por cento do dinheiro, tempo e mão-de-obra. Quinze por cento da atividade da KGB. Os oitenta e cinco por cento restantes são sempre subversão. E ao contrário de um dicionário de inglês, - dicionário Oxford – subversão na terminologia soviética significa sempre uma atividade distratora e agressiva visando a destruir o país, nação ou área geográfica do seu inimigo. Então não há românticos lá, de forma alguma. Nada de explodir pontes, nada de microfilmes em latas de Coca-Cola, nada desse tipo! Sem nonsense James Bond!
A maior parte... Esta atividade é aberta, legítima e facilmente observável se você se der ao tempo e trabalho de observá-la, mas, de acordo com a lei, e sistemas fiscalizadores da civilização ocidental, não é crime! Exatamente por causa do conceito errado, manipulação de termos. Nós achamos que o subversor é uma pessoa que vai explodir nossas lindas pontes! Subversor é um estudante que vem para intercâmbio, um diplomata, um ator, um artista, um jornalista, como eu – fui – há dez anos.
Bem, subversão é uma atividade que é uma via de duas mãos. Você não pode subverter um inimigo que não quer ser subvertido. Se vocês conhecem a história do Japão, por exemplo... Antes do século XX o Japão era uma sociedade fechada. No momento em que um barco estrangeiro chega às margens do Japão o exército imperial japonês educadamente os mandava sumir. E se um vendedor americano chega às margens do Japão, digamos uns sessenta, setenta anos atrás, e diz “Oh, eu tenho um aspirador de pó muito lindo pra você! sabe, com um bom financiamento...”. “Por favor, deixe-nos. Não precisamos do seu aspirador.” Se não forem embora, eles atiram. Para preservar sua cultura, ideologia, tradição, valores, intactos. Você não foram capazes de subverter o Japão. Vocês não podem subverter a União Soviética, porque as fronteira estão fechadas, a mídia é censurada pelo governo, a população é controlada pela KGB e polícia interna. Com todas as lindas figuras lisas da revista TIME e Magazine América, que é publicada pela embaixada americana em Moscou você não pode subverter os cidadãos soviéticos porque a revista nunca CHEGA aos cidadãos soviéticos. Ela é coletada das bancas e jogada na lata de lixo.
A subversão só pode ser bem sucedida quando o iniciador, o ator, o agente da subversão tem um alvo que responde. É um tráfego de mão dupla. Os EUA são um alvo receptivo de subversão. Não há resposta similar àquela dos EUA à União Soviética. Ela pára em algum lugar no meio do caminho, nunca chega aqui.
A teoria da subversão remonta a dois mil e quinhentos anos atrás. O primeiro se humano que formulou as táticas de subversão foi um filósofo chinês chamado Sun Tsu. Foi um conselheiro para várias côrtes imperiais na China antiga. E ele disse – após longa meditação – que para implementar... Para implementar política estatal de uma maneira belicosa é o mais contra produtivo, bárbaro e ineficiente lutar num campo de batalha.
Vocês sabem que a guerra é a continuação da política estatal, certo? Então se você quer implantar com sucesso sua política estatal e começa a lutar, esta é a maneira mais idiota de fazer. A mais alta arte da guerra é não chegar a lutar. Mas subverter qualquer coisa de valor no país do seu inimigo até o momento em que a percepção da realidade do seu inimigo deteriora a ponte de ele não perceber você como um inimigo e que o seu sistema, a sua civilização e suas ambições parecem ao seu inimigo uma alternativa se não desejável, então ao menos factível. “Antes vermelho que ser morto.” Esse é o propósito final, a etapa final da subversão, após o qual você pode simplesmente dominar seu inimigo sem disparar um tiro... se a subversão for bem sucedida. Isto é basicamente o que a subversão é.
Como vocês podem ver, nenhuma menção a explodir pontes. Claro que Sun Tsu não sabia muito sobre explodir pontes. Talvez não houvesse tantas pontes naquela época.
Mas... o básico da subversão está sendo ensinado a todo aluno da escola da KGB na URSS e a oficiais de academias militares. Eu não sei se o mesmo autor está incluído na lista de leituras para oficiais americanos sem falar de estudantes comuns de ciência política. Eu tenho dificuldade de achar a tradução de Sun Tsu na biblioteca universitária em Toronto e depois aqui em Los Angeles, mas é um livro que não está “disponível”; ele é FORÇADO pra todo estudante na URSS. Todo estudante que se pensa que lidará mais em sua carreira com estrangeiros.
O que é subversão?
Basicamente consiste de quatro períodos, temporalmente. Se começarmos aqui e formos neste sentido no tempo... certo? Aqui é o ponto inicial. A primeira etapa da subversão é o processo chamado basicamente desmoralização. Fala por sí o que é.

Desmoralização
Leva, digamos, de quinze a vinte anos para desmoralizar uma sociedade. Por que quinze ou vinte anos? Esse é o tempo suficiente para educar uma geração de estudantes, ou crianças.

Link para assistir a Parte I
Continua na PARTE II

5 comentários:

Unknown disse...

coloque as demais traduções dos vídeos sequencias.
é muito interessante!

bloglinks disse...

Olá,
Você sabe como foi que Yuri Bezmebov morreu? Li qualquer coisa sobre um acidente de trânsito. Teria sido assassinado?

ANATOLLI disse...

Infelizmente não há fontes oficiais falando sobre a morte de Yuri Bezmenov. Existem algumas especulações, mas difíceis de confrmação.

bloglinks disse...

Obrigada. Já estou aqui de novo procurando informações...

AM disse...

Pois é, mais uma vez morre um que mostra a verdade...