Publicado originalmente neste blog em 03/11/2009 e republicado em 14/10/2014
O Editor.
Título original: L´Homme Révolté
O Editor.
Título original: L´Homme Révolté
Autor: Albert Camus.
Tradução: Valerie Rujanek
Editora: Record.
Assunto: Ensaio (Literatura estrangeira).
Edição: 6ª
Ano: 1996
Páginas: 352
Sinopse: Em outubro de 1951, deu-se a publicação de um livro que abalou a esquerda francesa. Tratava-se do ensaio de Albert Camus intitulado O Homem Revoltado, uma brilhante e literariamente bem articulada exposição sobre as mazelas da revolução através dos tempos contemporâneos, inclusive com reparos aos acontecimentos decorrentes de 1789. Entre outras coisas, a obra provocou o fim da longa amizade que Jean-Paul Sartre mantinha com ele.
Tradução: Valerie Rujanek
Editora: Record.
Assunto: Ensaio (Literatura estrangeira).
Edição: 6ª
Ano: 1996
Páginas: 352
Sinopse: Em outubro de 1951, deu-se a publicação de um livro que abalou a esquerda francesa. Tratava-se do ensaio de Albert Camus intitulado O Homem Revoltado, uma brilhante e literariamente bem articulada exposição sobre as mazelas da revolução através dos tempos contemporâneos, inclusive com reparos aos acontecimentos decorrentes de 1789. Entre outras coisas, a obra provocou o fim da longa amizade que Jean-Paul Sartre mantinha com ele.
Mais de 50 anos depois de sua primeira publicação, com as disputas ideológicas e os questionamentos existenciais da humanidade radicalmente deslocados de seus eixos, este livro adquire uma dimensão especial. Não e possível mais ignorar crimes contra a humanidade sejam eles quais forem seus pretextos revolucionários. A revolta não desculpa tudo. E assim que o humanismo proposto por Camus revela-se fundamental para aqueles que preferem defender os seres humanos antes de defenderem sistemas teóricos abstratos.
"A democracia não é o melhor dos regimes. É o menos mau. Experimentamos um pouco de todos os regimes e agora podemos compreender isso. Mas esse regime só pode ser concebido, realizado e sustentado por homens que saibam que não sabem tudo, que se recusem a aceitar a condição proletária e nunca se conformem com a miséria dos outros, mas que recuse, justamente, a agravá-la em nome de uma teoria ou de um messianismo cego."
Albert Camus, novembro de 1948
Comentários: O homem revoltado é todo o indivíduo que se revolta contra o mundo porque acha o mundo injusto e se rebela contra essa realidade culpando Deus pela sua condição humana trágica. Albert Camus faz a denúncia contra os crimes praticados pelos intelectuais revoltados que utilizam um projeto lógico de matança para conceber um mundo idealista e utópico. As mortes de paixão e cobiça, embora condenáveis, são da natureza humana; todavia, não se pode conceber as mortes ideológicas iniciadas com a Revolução Francesa e depois continuadas pelas revoluções que se seguiram, as quais, até 1951, assassinaram em torno de 90 milhões de seres humanos tendo por base a matança lógica alimentada por uma ideologia utópica, só porque aqueles humanos não comungavam da idéia de que o Estado é capaz de resolver a ordem estabelecida por Deus no mundo.
O Homem Revoltado é um livro que exige, depois de uma primeira leitura, uma re-leitura mais cuidadosa - os conceitos, ideologias e atitudes de tantos e diferentes homens são imensas, mais a argumentação de Camus sobre eles, torna muito difícil fazer uma síntese deste ensaio sob pena de pecar por defeito e não expressar condignamente o pensamento do autor. Nada substitui a leitura do livro.
Um pouco de Albert Camus:
Nascido em 7 de Novembro de 1913, nos arredores de Mondovi (Argélia), Albert Camus viria a ficar na História como um dos maiores escritores e ensaístas de língua francesa. Tendo superado uma infância pobre e difícil, Camus logrou, ainda assim, licenciar-se em Filosofia. Não pôde, devido à doença, prosseguir uma carreira no ensino.
Com o advento da segunda guerra mundial, Camus junta-se à resistência francesa, primeiro como jornalista do jornal Combat, tendo posteriormente assumido a sua direção. É nesta época da sua vida que trava conhecimento com Jean-Paul Sartre. Prêmio Nobel da Literatura em 1956, Albert Camus viria a falecer no dia 4 de Janeiro de 1960, num acidente de automóvel (um Facel-Vega dirigido por seu editor Michel Gallimard).
Gostaria, porém, para finalizar, de escrever umas linhas sobre o que esteve na origem do corte de relações entre Camus e Sartre, precisamente quando da publicação de “O Homem Revoltado”.
Esta obra, ao tratar do tema dos extermínios em massa, tocou num ponto sensível do pensamento intelectual parisiense da época. A existência de campos de concentração na URSS era conhecida como um fato, mas no círculo mais próximo de Sartre discutia-se qual a atitude a adotar em relação a esse fato. Camus deixara inequívoco que iria denunciar essas situações e condená-las, repudiando todas as considerações políticas e táticas (aqui, o sociopata José Saramago, deveria ter aprendido alguma coisa...) sobre o assunto. É que, segundo os seus opositores do círculo de Sartre, era inoportuno tomar uma posição clara contra o terror Estalinista, na medida em que, para eles, a existência da União Soviética era ainda a garantia de uma desejada mudança revolucionária. Tais construções intelectuais da história, face às quais o sofrimento humano se torna secundário, são rejeitadas por Camus em nome das vítimas. Nos seus Carnets, escreve: “É fácil pensar a história, mas é difícil a todos aqueles que a sofreram no corpo compreender as suas razões”.
Depois de “O Homem Revoltado” ter sido alvo de uma crítica demolidora na revista Les Temps Modernes, dirigida por Sartre, crítica essa que termina com o anúncio da cessação de qualquer forma de comunicação por parte de Sartre, Camus escreve ainda nos seus Carnets: “Arrivistas do espírito revolucionário, novos-ricos e fariseus da justiça. Sartre, o homem e o espírito, não leal”. Em 1956, perante a sublevação popular na Hungria, pode-se ler, ainda com mais violência: “Intelectuais do progresso. Eles fazem o tricô da dialética. A cada cabeça que cai, eles apanham as malhas das reflexões rasgadas pelos fatos”.
Trata-se, pois, da lógica que justifica a matança de pessoas que são contrárias às idéias dos regimes comunistas, socialistas, esquerdistas, enfim, totalitários. Só na Rússia foram 25 milhões, na China 65 milhões, e no mundo todo mais de 90 milhões constituindo-se no maior genocídio da história da humanidade. Razão pela qual recomendo a leitura deste fantástico livro. (Num estudo de pesquisa mais recente, R.J. Rummel aponta que foram 149 milhões e 500 mil pessoas. Portanto, algo aterrador.)
Lamentavelmente, aqui no Brasil, os esquerdopatas, os sociopatas e os comunalhas que infestam o país, se unem para implantar o regime totalitário na busca desenfreada do poder pelo poder. A grande massa ignara, prisioneira do absurdo, aplaude e ovaciona... a burguesia silencia.
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