"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso"

sexta-feira, 6 de março de 2009

REGRESSO AO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Original: Brave New World Revisited – (Escrito em 1956)
Autor: Aldous Huxley
Editora: Itatiaia Editora
Gênero: Ensaio (Literatura estrangeira)
Edição: 1ª
Ano: 2000
Páginas: 198

Sinopse: Este livro é um desafio à complacência e falsa ética social. Nele o autor defende vigorosamente a necessidade da raça humana educar-se em liberdade, antes que seja muito tarde. A atenção de Aldous Huxley é focalizada no que ele considera os dois maiores perigos à raça humana: superpopulação e superorganização.
Superpopulação deve inevitavelmente levar ao totalitarismo e o totalitarismo está prestes a fazer um uso errôneo das várias técnicas já disponíveis para o controle da mente humana. Huxley mostra como algumas técnicas são empregadas atualmente, não só em ditaduras, mas também em democracias – a liberdade do indivíduo e seus padrões são ameaçados por uma “imensa indústria de comunicações, preocupada principalmente não com o verdadeiro ou o falso mas com a irreal”.
Aldoux tem um imenso propósito: salvar a humanidade das conseqüências da loucura e crime humanos...
É interessante ver um autor comentar sobre a sua própria obra. Isto é o que ocorre em "Regresso ao Admirável Mundo Novo". Huxley analisa em cada capítulo deste livro, certo fato, valor ou situação de sua fictícia sociedade situada em 600 anos DF "depois de Ford". Ainda compara suas idéias com a de outros autores e livros da época, sempre enfocando a necessidade de liberdade de pensamento e ação.

Comentários:
Quando se fala em distopia é inevitável lembrar duas obras: “1984” e “Admirável Mundo Novo”. Sempre que um dos livros é mencionado, recorda-se o outro. Dois clássicos obrigatórios para aqueles que se preocupam com a evolução da sociedade e com os perigos da intervenção excessiva do Estado.
Enquanto Orwell imagina uma sociedade em que tudo está subvertido e é impossível fugir ao controle doentio do Big Brother, Huxley tem uma visão talvez mais profética e realista. No Mundo Novo o controle é conseguido de outra maneira – mantendo todos os seres humanos na ilusão de que são felizes. O condicionamento é total, os bebes são criados em laboratório com características já adaptadas à função que irão desempenhar e são educados através da repetição áudio de conceitos e valores enquanto dormem. Na idade adulta todos pertencem a todos e qualquer vestígio de tristeza ou depressão é facilmente curado com a dose certa de Soma.
Huxley explica depois em detalhe no Regresso ao Admirável Mundo Novo as idéias que deram origem ao romance-ficção e relaciona-as com a realidade, de forma a tentar aguçar-nos o sentido crítico e apelar à consciência coletiva. A leitura desta dissertação sobre o romance faz com que o compreendamos ainda melhor e o consideremos um sério aviso contra vários perigos da sociedade contemporânea.
Homens conscientes devem lutar contra o fim da individualidade e contra a morte do sentido crítico, sem se deixar cair no isolamento e no cepticismo. É preciso tentar pertencer sem pertencer realmente, e manter a capacidade de reconhecer aquilo que existe de bom, ainda que aquilo que é mau esteja notoriamente mais visível. Por Huxley, por Orwell e por todos nós.
Finalizando, recomendo aos que não o fizeram ainda, que leiam em seqüência as três obras: 1º) Admirável Mundo Novo; 2º) 1984; 3º) Regresso ao Admirável Mundo Novo.

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