"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso"

quinta-feira, 1 de maio de 2014

PONEROLOGIA: psicopatas no poder

Título original: Political Ponerology (A Science on the Nature of Evil Adjusted for Political Purposes) 
Autor: Andrew Lobaczewski (1921-2007) 
Tradução: Adelice Godoy 
Editora: Vide Editorial 
Assunto: Psicopatia (Ideologias Políticas) 
Edição: 1ª 
Ano: 2014 
Páginas: 298



Sinopse: Neste livro o Dr. Andrzej [Andrew] M. Lobaczewski, brilhante psicólogo polonês, examina a natureza do mal – tradicionalmente considerado como assunto teológico[1] – à luz de conhecimento médico-científico moderno sobre doenças e psicopatias.
O Dr. Lobaczewski verificou que 6% da população dos países analisados era constituída por vários tipos de personalidades desviantes. Uma percentagem menor destes “tipos humanos” era composta de psicopatas genéticos, ou seja, de pessoas que nascem sem consciência, sem dilema moral, verdadeiras máquinas biológicas incapazes de qualquer empatia. Os psicopatas, embora menos numerosos que as pessoas com desordens psicológicas, produzem e propagam o mal em grande escala, superando o mal produzido pelo universo de pessoas com personalidades desviantes.


[1] Ponerologia [do grego Poneros = mal] n. divisão da teologia que lida com o mal.

O autor, em seu prefácio, faz três revelações dramáticas sobre as circunstâncias por trás da composição deste livro antes de chegar ao conhecimento público. Diz ele que este é, na verdade, o terceiro manuscrito que ele criou sobre o mesmo assunto. O primeiro, ele teve que jogá-lo na fornalha de seu aquecedor central, após ter sido avisado em cima da hora sobre uma busca oficial que seria conduzida apenas alguns minutos depois. O segundo rascunho ele enviou a um dignitário da Igreja no Vaticano através de um turista norte-americano, e nunca conseguiu obter qualquer tipo de informação sobre o destino da encomenda depois que saiu de suas mãos. Lobaczewski complementa que os dois primeiros rascunhos foram escritos numa linguagem muito diferente e destinada para o benefício dos especialistas com a bagagem necessária, particularmente no campo da psicopatologia. O desaparecimento da segunda versão também significou a perda da maioria dos dados e fatos estatísticos que teriam sido muito valiosos e conclusivos para especialistas da área. Diversas análises de casos individuais também foram perdidas. Lobaczewski diz que nutre a esperança de que este trabalho possa alcançar uma audiência mais ampla e disponibilizar alguns dados científicos úteis, que possam servir como uma base para a compreensão do mundo e história contemporâneos. Finalmente ele revela que a síntese esperada deste trabalho não aconteceu. Todos os seus contatos se tornaram inoperantes como resultado de uma onda pós-Stálin de repressão e de prisões secretas de pesquisadores no início da década de sessenta. “Levou muitos anos de trabalho solitário para soldar esses fragmentos em um todo coerente, preenchendo as lacunas com minha experiência e pesquisa próprias.”, conclui.

Esta fantástica obra veio a lume em 1984, e somente 30 anos após chega ao Brasil graças ao esforço e denodo da equipe da Vide Editorial. Não fosse a iniciativa desses verdadeiros heróis culturais, muitos deles meus amigos, estaríamos ainda na mais completa escuridão sobre este importantíssimo assunto para toda a humanidade (Anatoli Oliynik).


[1] Ponerologia [do grego Poneros = mal] n. divisão da teologia que lida com o mal.

Apresentação da edição brasileira: Tragédias, Genocídios, Massacres. O homem, em sua breve história, tem sido capaz das mais terríveis atrocidades, deixando em sua história um rastro indelével de maldade e sofrimento. Mas de onde vem esse comportamento? O que permite a vazão do mal por dentro dos grupos humanos e das sociedades a ponto de fomentar as mais nefastas manifestações de maldade, que o homem comum tem sequer a capacidade de compreender?
Os cientistas sociais têm tentado responder a essas perguntas enquanto observam perplexos as manifestações do mal sobre a Terra. Diante de seus olhos, especialmente nos últimos cem anos, regimes cada vez mais assassinos têm se descortinado, numa sequência nefasta de psicopatas detentores de muito poder: Stálin, Mao, Hitler, Pol Pot, Ho Chi Minh, Fidel Castro. Homens que mataram mais do que as pragas, doenças, guerras e cataclismos do passado.
Existe algo que possamos fazer para nos prevenir destas pessoas, que muitas vezes nem conseguimos catalogar como humanas, de tão cruéis e sanguinárias que são? As sociedades modernas podem se utilizar da história recente para evitar a repetição das tragédias que assolaram o século XX? Que conhecimento é esse e em que ramos da ciência ele se encontra?

A resposta é muito simples: precisamos estudar a Ponerologia.

Excerto do prefácio: “Não é preciso nenhum estudo especial para saber que, invariavelmente, o discurso comunista, pró-comunista ou esquerdista é cem po cento baseado na exploração da compaixão e da culpa. Isso é da experiência comum.”
"Mas o que o dr. Lobaczewski e seus colaboradores descobriram foi muito além desse ponto. Eles descobriram, em primeiro lugar, que só uma classe de psicopatas tem a agressividade mental suficiente para se impor a toda uma sociedade por esses meios. Segundo: descobriram que, quando os psicopatas dominam, a insensitividade moral se espalha por toda a sociedade, roendo o tecido das relações humanas e fazendo da vida um inferno. Terceiro: descobriram que isso acontece não porque a psicopatia seja contagiosa, mas porque aquelas mentes menos ativas que, meio às tontas, vão se adaptando às novas regras e valores, se tornam presas de uma sintomatologia claramente histérica, ou histeriforme. O histérico não diz o que sente, mas passa a sentir aquilo que disse – e, na medida em que aquilo que disse é a cópia de fórmulas prontas espalhadas na atmosfera como gases onipresentes, qualquer empenho de chamá-lo de volta às suas percepções reais abala de tal modo a sua segurança psicológica emprestada, que acaba sendo recebido como uma ameaça, uma agressão, um insulto.” (Olavo de Carvalho).
Excertos da obra: "Esta civilização foi insuficientemente  resistente ao mal, o qual se origina além das áreas da consciência humana facilmente acessíveis e que tira vantagem da enorme lacuna entre o pensamento formal ou legal e a realidade psicológica. Em uma civilização deficiente  no conhecimento psicológico, indivíduos hiperativos direcionados pelas suas dúvidas internas, que são causadas por uma sensação de ser diferente, encontram facilmente um eco pronto nas consciências pouco desenvolvidas de outras pessoas. Tais indivíduos sonham em impor seu poder e seus diferentes modos de experimentar sobre seus ambientes e sua sociedade. Infelizmente, em uma sociedade ignorante psicologicamente, seus sonhos têm uma boa chance de se tornar realidade para eles e um pesadelo para os outros."
"Para entender o funcionamento de um organismo, a medicina começa com a citologia, que estuda as diversas estruturas e funções das células. Se queremos entender as leis que governam a vida social, nós devemos, de forma similar, primeiro entender o ser humano individual, sua natureza fisiológica e psicológica, e aceitar  totalmente a qualidade e a perspectiva das diferenças (particularmente as psicológicas) entre os indivíduos que constituem os dois sexos, as diferentes famílias, associações e grupos sociais, bem com a estrutura complexa da sociedade mesma."
"A interpretação tradicional das grandes doenças históricas já ensinou aos historiadores a distinguir duas fases. A primeira é representada por um período de crise espiritual na sociedade, associada ao esgotamento dos valores morais, religiosos e ideativos, que até então alimentavam a sociedade. O egoísmo aumenta entre os indivíduos e os grupos sociais, e as ligações entre a obrigação moral e as conexões sociais parecem se afrouxar. Assuntos sem importância, em seguida, dominam as mentes humanas em tal extensão que não há espaço sobrando para pensar sobre assuntos públicos ou para um sentimento de comprometimento com o futuro. Uma atrofia da hierarquia de valores no pensamento dos indivíduos e das sociedades é também uma indicação disso (...). O governo do país é finalmente paralisado, impotente frente aos problemas que poderiam ser resolvidos sem grande dificuldade sob outras circunstâncias."
Sobre o autor: Dr. Andrew [Andrzej] M. Lobaczewski nasceu na Polônia, em 1921, e estudou psicologia na Universidade Jagiellonian em Cracóvia. Trabalhando em hospitais gerais e psiquiátricos, o autor desenvolveu  suas habilidades em diagnóstico clínico e em psicoterapia. Sistematizou toda a pesquisa de um grupo de cientistas do Leste Europeu - do qual fez parte - que dedicava-se ao estudo de desordens de personalidade em líderes políticos de regimes totalitários. Todos os seus pares foram presos ou exterminados, restando a ele recuperar e apresentar ao mundo as conclusões alcançadas nessa corajosa investigação.
Em 1977, quando as autoridades suspeitaram que ele tinha muito conhecimento sobre a natureza patológica do sistema, ele foi forçado a emigrar. A presente obra foi escrita em Nova Iorque, em 1984, mas todas as tentativas de publicação, naquela ocasião, não foram bem sucedidas. O autor retornou à Polônia em 1990 e faleceu em novembro de 2007, aos 86 anos de idade.

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