Se você, leitor, deseja saber como funciona a Estratégia Comunista, leia a entrevista que se segue, nos seus mínimos detalhes.
Ex-Agente da KGB
Entrevistador: G. Edward Griffin
Ω
“SUBVERSÃO SOVIÉTICA DA IMPRENSA DO MUNDO LIVRE”
UMA CONVERSA COM YURI BEZMENOV, EX-PROPAGANDISTA DA KGB
VÍDEO 1
Griffin ― Nossa conversa é com o Sr. Yuri Alexandrovitch Bezmenov. O Sr. Bezmenov nasceu em 1939 em um subúrbio de Moscou. Ele foi filho de um oficial soviético de alta patente. Ele foi educado nas escolas de elite dentro da União Soviética e se tornou um especialista em cultura indiana e línguas indianas. Ele teve uma carreira brilhante com a Novosti, que o foi o – e ainda é – devo dizer o braço ou a agência da Imprensa da União Soviética e acaba que ela é também uma frente para a KGB. Uma de suas tarefas interessantes era fazer lavagem cerebral em diplomatas estrangeiros quando visitam Moscou. E ele nos contará como eles faziam isso e como planejavam a informação que eventualmente acabava na imprensa do mundo livre.
Ele escapou para o Ocidente em 1970, após ficar totalmente enojado com o sistema soviético, e ele o fez com grande risco para a sua vida. Ele certamente é um dos grandes especialistas do mundo no tema de propaganda soviética, desinformação e medidas ativas.
- Sr. Bezmenov, eu gostaria de começar pedindo para nos contar um pouco de suas memórias de infância.
Yuri ― Bem, a lembrança mais vivida de minha infância foi a 2ª Guerra Mundial. Ou, para ser mais preciso, o fim da 2ª Guerra Mundial. Quando, de súbito, os EUA de uma nação amiga que nos ajudou a derrotar o nazismo se transformou da noite pro dia num inimigo mortal. E foi muito chocante, porque todos os jornais estavam tentando apresentar uma imagem de imperialismo americano beligerante e agressivo.[1] A maioria das coisas que nos ensinavam é que os EUA são uma potência agressiva prestes a invadir nosso país socialista lindo e livre. E que a CIA dos EUA está jogando besouros-da-batata em nossas lindas plantações de batatas para eliminar nossas plantações. E todo aluno tinha uma foto de um besouro da batata nas costas do caderno. [2] E éramos instruídos a ir aos campos coletivos para procurar esses besourinhos da batata – é claro que não conseguíamos achar nenhum. Tampouco conseguimos achar muitas batatas! E novamente isto foi explicado nas intrusões do poder imperialista decadente. A paranóia, a histeria anti-americana na propaganda soviética era a tal ponto, a tão alto grau que muitas pessoas menos céticas, ou menos teimosas de fato acreditavam que os EUA estavam prestes a invadir nossa linda pátria-mãe. E alguns secretamente esperam que isto se realize!
Griffin – Isso é interessante!
Yuri – sim!
Griffin – Mas, voltando à vida dentro da União Soviética, ou dentro de países comunistas em geral, neste país no nível universitário primariamente, nós lemos e ouvimos que o sistema soviético é diferente do nosso mas não tão diferente, que há uma convergência se desenvolvendo entre todos os sistemas do Mundo. E não faz muita diferença de verdade o sistema sob o qual você vive porque há corrupção, desonestidade, tirania e esse tipo de coisa. Pela sua experiência pessoal, qual é a diferença entre a vida sob o comunismo e a vida nos EUA?
Yuri – Bom, a vida é obviamente muito diferente, pelo simples motivo de que a União Soviética é uma capitalismo de Estado – economicamente, e um capitalismo de Estado – onde um indivíduo não tem absolutamente direito algum, valor algum, sua vida não é nada, ele é como um inseto, ele é descartável, enquanto nos EUA até o pior criminoso é tratado como um ser humano, ele tem um julgamento justo, e alguns faturam em cima de seus crimes. Eles publicam suas memórias nas prisões. E são pagos generosamente por vossos editores malucos. As diferenças, é claro, na vida quotidiana são muito variadas dependendo de quem você está falando. Na minha vida particular eu nunca sofri com o comunismo simplesmente porque cresci numa família de oficial militar de alta patente. A maioria das portas estavam abertas para mim. A maioria das minhas despesas foram pagas pelo governo.[3] E nunca tive nenhum problema com as autoridades ou com a polícia. Então, em outras palavras, eu diria que eu gozei ou que tinha bons motivos para gozar das vantagens do dito sistema socialista.[4] Minhas principais motivações para desertar eram... não tinha nada a ver com a afluência, era mais indignação moral, protesto moral, rebelião contra os métodos desumanos do sistema soviético.
Griffin – Bem, especificamente, a que você se objetava?
Yuri – Eu me objetava antes de tudo à opressão de meus próprios dissidentes e intelectuais. E esta foi a coisa mais nojenta que presenciei quando jovem, jovem estudante, fui criado num período problemático de nossa história de Stalin a Khrushchov. Da total tirania e opressão a um certo tipo de liberalização. Em segundo, quando comecei a trabalhar para a embaixada soviética na Índia eu, para meu horror, descobri que nós somos milhões de vezes mais opressores que qualquer potência colonial ou imperialista na história da humanidade. Que meu país traz à Índia não liberdade, progresso e amizade entre as nações, mas racismo, exploração e escravidão. E, é claro, ineficiência econômica para este país. Desde que me apaixonei pela Índia, desenvolvi algo que pelos padrões da KGB é algo extremamente perigoso. É chamado “dupla lealdade”, quando um agente gosta mais de seu país de atribuição do que de seu próprio país. Eu literalmente me apaixonei por este lindo país, um país de grandes contrastes, mas também um país de grande humildade, grande tolerância e liberdades filosóficas e intelectuais. Meus ancestrais viviam em cavernas e comiam carne crua, enquanto a Índia era uma nação altamente civilizada, há seis mil anos atrás. Então, obviamente a escolha foi não para a vantagem de minha própria nação, eu decidi desertar e me desassociar inteiramente daquele regime brutal.
Griffin – Sr. Bezmenov, nós lemos um bocado sobre os campos de concentração e campos de trabalho escravo sob o regime de Stalin. Agora a impressão geral na América é que essas coisas são parte do passado. Ainda está acontecendo hoje, ou qual é a situação?
Yuri – Sim. Não há mudança qualitativa no sistema soviético de campos de concentração. Há mudanças no número de prisioneiros. Mas novamente, isso são estatísticas soviéticas inconfiáveis. Não sabemos quantos prisioneiros políticos estão nos campos de concentração soviéticos. O que sabemos de certo de várias fontes é que em cada época em particular há perto de 25 a 30 milhões de cidadãos soviéticos que são mantidos virtualmente como escravos no sistema de campos de trabalho forçado. Uma população do tamanho de um país como o Canadá está cumprindo penas como prisioneiros.
Griffin – Incrível!
Yuri – Então, eu diria que aqueles intelectuais que tentam convencer o público americano de que o sistema de campos de concentração é algo do passado ou estão conscientemente enganando a opinião pública ou não são pessoas muito intelectuais, elas são seletivamente cegas. [5] Elas não... falta a elas honestidade intelectual quando dizem isso.[6]
VÍDEO 2
Griffin – Bom, nós falamos de intelectuais neste país e de intelectuais na União Soviética. Mas é no nível mais baixo das massas? As pessoas em geral, as pessoas trabalhadoras, os trabalhadores em geral na União Soviética elas apóiam o regime, qual é a atitude delas?
Yuri – Bom, o cidadão médio soviético, se é que existe esse bicho, é claro, não gosta do sistema porque ele machuca, ele mata. Ele pode não entender os motivos, ele pode não ter informação suficiente ou instrução para entender, mas eu duvido muito que haja muitas pessoas que conscientemente apóiem o sistema soviético. Não existem tais pessoas na URSS. Mesmo aqueles que têm todas as razões para gozar do sistema – pessoas como eu que fui membro da elite jornalística – elas também odeiam o sistema por motivos diferentes não porque lhes falta afluência material, mas porque não são livres para pensar, estão sob medo constante, duplicidade, dupla personalidade. E esta é a maior tragédia pra minha nação.
Griffin – Quais você pensa que são as chances do povo chegar a superar o regime ou o substituírem?
Yuri – Há uma grande possibilidade do sistema, cedo ou tarde, ser destruído desde dentro. Há um mecanismo auto-destrutivo entranhado em todo o sistema socialista, comunista ou fascista. Porque não há retorno, porque o sistema não conta com a lealdade da população. Mas enquanto esta junta soviética estiver sendo apoiada pelos ditos imperialistas ocidentais, quer dizer, multinacionais, estabelecimentos, governos, e – admitamos – intelectuais, a dita “academia” nos EUA é famosa por apoiar o sistema soviético, enquanto a junta soviética continuar a receber crédito, dinheiro, tecnologia, acordos de cereais e reconhecimento político de todos estes traidores da democracia ou da liberdade não há esperança ou não há muita esperança de mudanças em meu país. E o sistema não desmoronará sozinho simplesmente porque está sendo alimentado pelo dito imperialismo americano. Este é o maior paradoxo da história da humanidade: quando o mundo capitalista apóia e ativamente alimenta seu próprio destruidor... destrutor.
Griffin – Acho que você está tentando nos dizer algo.
Yuri – Ah sim! Estou dizendo que tem que ser impedido a não ser que queiram acabar no sistema de gulags e gozar de todas as vantagens da igualdade socialista: trabalhar de graça, catar pulgas no seu corpo, dormir em taboas de compensado – no Alasca neste caso, eu suponho. Este será o lugar dos americanos a não ser que acordem, é claro, e FORCEM seu governo a parar de ajudar o fascismo soviético.
Griffin – Você nos disse há pouco POR QUÊ você deixou o sistema. Eu gostaria de ouvir detalhes de COMO você deixou. Deve ter sido algo muito perigoso.
Yuri – Não foi tão perigoso. Foi maluco. Primeiro de tudo porque desertar na Índia é virtualmente impossível, graças à uma pressão muito forte do governo soviético.
Griffin – Desculpe, você estava na Índia, em missão.
Yuri – Sim. Eu estava trabalhando para a embaixada soviética em Nova Délhi como oficial de imprensa. E desertar, para um diplomata soviético, é quase impossível, é suicídio, como eu disse, porque uma grande amiga Indhira Ghandi, empurrou uma lei no parlamento que diz “Nenhum desertor de país algum tem direito a asilo político em embaixada alguma no território da República da Índia” o que é uma obra-prima da hipocrisia. Nenhum desertor exceto o soviético PRECISA de um asilo político. Então, sabendo perfeitamente disso, eu... planejei a maneira mais maluca possível de desertar. Eu estudei contra-cultura na Índia. Havia milhares de garotos e garotas americanos, sem sapatos, cabelos compridos, fumando haxixe e maconha, estudando às vezes filosofia indiana, às vezes simplesmente fingindo estudar e eles amolavam muito a policia indiana, e eram motivo de piada para os indianos, porque, é claro, eles eram estudantes de araque. Eu estudei cuidadosamente onde eles se reuniam, quais rotas eles percorriam, em que língua eles falavam, o que eles fumavam, e um dia eu simplesmente me uni a um grupo de hippies para evitar detecção pela polícia indiana. Eu estava vestido como um típico hippie, com jeans azul, camisão comprido, com todo tipo de decoração bonita como contas, cabelos compridos, eu comprei uma peruca, porque em algumas semanas eu tive que me transformar de um diplomata soviético conservador em um hippie americano bem progressista. E este foi o único jeito com que pude evitar detecção. Foi uma experiência muito interessante mas foi necessária porque do meu próprio conhecimento como funcionário da embaixada soviética eu soube de muitos casos em que desertores russos foram traídos pela polícia indiana. E também algumas embaixadas ocidentais desempenharam um papel muito sujo ao trair os desertores soviéticos.[7] De acordo com nossa informação havia alguns... eu não os chamaria de agentes duplos mas simplesmente de pessoas amorais trabalhando para a embaixada dos EUA. E confiar nesse tipo de gente seria um suicídio. Então eu tinha que ter muito cuidado, eu não podia confiar em ninguém. Esta foi a razão para essa maneira maluca de desertar.
Griffin – Tivesse você sido pego no ato de tentar fugir o que teria acontecido com você?
Yuri – O mais provável é que eu acabaria num campo de concentração ou dependendo da situação ou vontade de algum burocrata da KGB talvez até executado. Isto é prática comum. Discretamente, é claro. Não publicamente. Mas este seria o fim de minha deserção, é claro.
Griffin – Bom, quando foi que finalmente você chegou aos EUA?
Yuri – Em 1970, depois de cerca de seis meses de interrogatório em Atenas pela CIA e, presumo, pelo FBI também, eles me deixaram ir primeiro para a Alemanha e então para o Canadá. Esta foi a minha decisão. Eu tinha que mudar a minha identidade para proteger a minha família e meus amigos na URSS. E eu também estava um pouquinho paranóico sabendo que a KGB russa e provavelmente alguns agentes duplos no sistema americano estavam talvez atrás de mim. Então eu queria me estabelecer o mais longe possível e pedi à CIA para me dar alguma nova identidade e simplesmente deixar eu ir embora por minha conta e eu me estabeleci no Canadá – eu era estudante – e mudei de várias profissões de ajudante de fazendeiro, motorista de caminhão de lavanderia, a instrutor de línguas e radialista para Corporações Canadenses de Rádio (CBC) em Montreal.
Griffin – Bom, nós falamos de intelectuais neste país e de intelectuais na União Soviética. Mas é no nível mais baixo das massas? As pessoas em geral, as pessoas trabalhadoras, os trabalhadores em geral na União Soviética elas apóiam o regime, qual é a atitude delas?
Yuri – Bom, o cidadão médio soviético, se é que existe esse bicho, é claro, não gosta do sistema porque ele machuca, ele mata. Ele pode não entender os motivos, ele pode não ter informação suficiente ou instrução para entender, mas eu duvido muito que haja muitas pessoas que conscientemente apóiem o sistema soviético. Não existem tais pessoas na URSS. Mesmo aqueles que têm todas as razões para gozar do sistema – pessoas como eu que fui membro da elite jornalística – elas também odeiam o sistema por motivos diferentes não porque lhes falta afluência material, mas porque não são livres para pensar, estão sob medo constante, duplicidade, dupla personalidade. E esta é a maior tragédia pra minha nação.
Griffin – Quais você pensa que são as chances do povo chegar a superar o regime ou o substituírem?
Yuri – Há uma grande possibilidade do sistema, cedo ou tarde, ser destruído desde dentro. Há um mecanismo auto-destrutivo entranhado em todo o sistema socialista, comunista ou fascista. Porque não há retorno, porque o sistema não conta com a lealdade da população. Mas enquanto esta junta soviética estiver sendo apoiada pelos ditos imperialistas ocidentais, quer dizer, multinacionais, estabelecimentos, governos, e – admitamos – intelectuais, a dita “academia” nos EUA é famosa por apoiar o sistema soviético, enquanto a junta soviética continuar a receber crédito, dinheiro, tecnologia, acordos de cereais e reconhecimento político de todos estes traidores da democracia ou da liberdade não há esperança ou não há muita esperança de mudanças em meu país. E o sistema não desmoronará sozinho simplesmente porque está sendo alimentado pelo dito imperialismo americano. Este é o maior paradoxo da história da humanidade: quando o mundo capitalista apóia e ativamente alimenta seu próprio destruidor... destrutor.
Griffin – Acho que você está tentando nos dizer algo.
Yuri – Ah sim! Estou dizendo que tem que ser impedido a não ser que queiram acabar no sistema de gulags e gozar de todas as vantagens da igualdade socialista: trabalhar de graça, catar pulgas no seu corpo, dormir em taboas de compensado – no Alasca neste caso, eu suponho. Este será o lugar dos americanos a não ser que acordem, é claro, e FORCEM seu governo a parar de ajudar o fascismo soviético.
Griffin – Você nos disse há pouco POR QUÊ você deixou o sistema. Eu gostaria de ouvir detalhes de COMO você deixou. Deve ter sido algo muito perigoso.
Yuri – Não foi tão perigoso. Foi maluco. Primeiro de tudo porque desertar na Índia é virtualmente impossível, graças à uma pressão muito forte do governo soviético.
Griffin – Desculpe, você estava na Índia, em missão.
Yuri – Sim. Eu estava trabalhando para a embaixada soviética em Nova Délhi como oficial de imprensa. E desertar, para um diplomata soviético, é quase impossível, é suicídio, como eu disse, porque uma grande amiga Indhira Ghandi, empurrou uma lei no parlamento que diz “Nenhum desertor de país algum tem direito a asilo político em embaixada alguma no território da República da Índia” o que é uma obra-prima da hipocrisia. Nenhum desertor exceto o soviético PRECISA de um asilo político. Então, sabendo perfeitamente disso, eu... planejei a maneira mais maluca possível de desertar. Eu estudei contra-cultura na Índia. Havia milhares de garotos e garotas americanos, sem sapatos, cabelos compridos, fumando haxixe e maconha, estudando às vezes filosofia indiana, às vezes simplesmente fingindo estudar e eles amolavam muito a policia indiana, e eram motivo de piada para os indianos, porque, é claro, eles eram estudantes de araque. Eu estudei cuidadosamente onde eles se reuniam, quais rotas eles percorriam, em que língua eles falavam, o que eles fumavam, e um dia eu simplesmente me uni a um grupo de hippies para evitar detecção pela polícia indiana. Eu estava vestido como um típico hippie, com jeans azul, camisão comprido, com todo tipo de decoração bonita como contas, cabelos compridos, eu comprei uma peruca, porque em algumas semanas eu tive que me transformar de um diplomata soviético conservador em um hippie americano bem progressista. E este foi o único jeito com que pude evitar detecção. Foi uma experiência muito interessante mas foi necessária porque do meu próprio conhecimento como funcionário da embaixada soviética eu soube de muitos casos em que desertores russos foram traídos pela polícia indiana. E também algumas embaixadas ocidentais desempenharam um papel muito sujo ao trair os desertores soviéticos.[7] De acordo com nossa informação havia alguns... eu não os chamaria de agentes duplos mas simplesmente de pessoas amorais trabalhando para a embaixada dos EUA. E confiar nesse tipo de gente seria um suicídio. Então eu tinha que ter muito cuidado, eu não podia confiar em ninguém. Esta foi a razão para essa maneira maluca de desertar.
Griffin – Tivesse você sido pego no ato de tentar fugir o que teria acontecido com você?
Yuri – O mais provável é que eu acabaria num campo de concentração ou dependendo da situação ou vontade de algum burocrata da KGB talvez até executado. Isto é prática comum. Discretamente, é claro. Não publicamente. Mas este seria o fim de minha deserção, é claro.
Griffin – Bom, quando foi que finalmente você chegou aos EUA?
Yuri – Em 1970, depois de cerca de seis meses de interrogatório em Atenas pela CIA e, presumo, pelo FBI também, eles me deixaram ir primeiro para a Alemanha e então para o Canadá. Esta foi a minha decisão. Eu tinha que mudar a minha identidade para proteger a minha família e meus amigos na URSS. E eu também estava um pouquinho paranóico sabendo que a KGB russa e provavelmente alguns agentes duplos no sistema americano estavam talvez atrás de mim. Então eu queria me estabelecer o mais longe possível e pedi à CIA para me dar alguma nova identidade e simplesmente deixar eu ir embora por minha conta e eu me estabeleci no Canadá – eu era estudante – e mudei de várias profissões de ajudante de fazendeiro, motorista de caminhão de lavanderia, a instrutor de línguas e radialista para Corporações Canadenses de Rádio (CBC) em Montreal.
VÍDEO 3
Griffin – Você teve alguma ameaça à sua vida, ou...
Yuri – Sim. Em uns cinco anos a KGB descobriu, na época eu estava trabalhando para a rádio canadense. Eu cometi um erro muito grande. Comecei a falar... trabalhar para o serviço internacional da CBC, que é similar a Voz da América. Na língua russa, e, é claro, o serviço de monitoramento na URSS captava toda nossa voz, todo novo locutor eles tratavam de descobrir quem ele é, e em cinco anos, foi certo, devagar mas certo, eles descobriram, que eu não sou Thomas Schuman, que eu sou Yuri Alexandrovitch Bezmenov, e que estou trabalhando para a rádio canadense e solapando a linda deténte entre Canadá e URSS. E o embaixador soviético Alexander Yakovlev fez seu esforço pessoal para me desacreditar. Ele reclamou com Pierre Trudeau, conhecido por ser um pouco frouxo com o socialismo. E a direção da CBC se comportou de uma maneira estranha e covarde indigna de representantes de um país independente como o Canadá. Eles escutaram toda sugestão que o embaixador soviético deu. E começaram uma vergonhosa investigação analisando o conteúdo de minhas transmissões para a URSS. E de fato descobriram que algumas de minhas afirmações eram provavelmente muito... seriam ofensivas ao politburo soviético. Então eu tive que deixar o meu emprego. E, é claro, intimidações sutis. Eles diziam algo como “Por favor, cuidado ao atravessar a rua, porque o tráfego é muito pesado em Quebec”. E... Felizmente eu sei a respeito da psicologia e lógica de atividade da KGB e nunca deixei me intimidar. Essa é a pior coisa. Isso é o que eles esperam de uma pessoa, um desertor: ser intimidado. Assim que percebem que você está assustado eles continuavam desenvolvendo esta linha ou então, eventualmente, você ou tem de se render inteiramente e trabalhar para eles, ou eles te neutralizam, eles definitivamente impedem todo tipo de atividade política, o que falharam em fazer no meu caso. Porque eu estava teimosamente trabalhando para a emissora canadense e em resposta às intimidações deles eu disse “Olha, este é um país livre e sou tão livre quanto você e também posso dirigir bem rápido e controle de armas não está ainda estabelecido no Canadá então eu tenho um par de boas espingardas no meu porão, então esteja a vontade para me visitar algum dia com suas metralhadoras Kalashnicov”. Então, obviamente não funcionou. Intimidação não funcionou. Então tentaram uma estratégia diferente. Como descrevi, eles foram pelo nível mais alto, no nível da burocracia canadense.
Griffin – E neste nível conseguiram.
Yuri – Neste nível conseguiram. No nível individual eles fracassaram. Bonito.
Griffin – O Sr. Bezmenov trouxe uma série de slides com ele que ele trouxe da União Soviética e creio que esta é uma boa hora para dar uma olhada nos slides.
Yuri – Sim.
Griffin – O publico poderá ver esses slides enquanto falamos deles.
Yuri – Sim, essa é uma coleção de slides que alguns deles são fotos do meu álbum de família, alguns são documentos que contrabandeei da embaixada da soviética e alguns são reproduções da mídia de massa local. Eu normalmente os mostro para confirmar minha credibilidade como desertor.
Esta é uma foto da minha cidade natal, Mytishchi, cerca de 20 milhas ao norte de Moscou. Caracteristicamente, está uma estátua do camarada Lênin na praça central. Este sou eu aos sete anos de novo caracteristicamente abaixo da estátua do camarada Stalin estendendo a mão amiga para os povos do mundo. Nesta idade, é claro, eu ainda era um jovem comunista de mente idealista, e ainda acreditava que cedo ou tarde as coisas melhorariam. Mas eu percebi que o sistema fede, que tem algo estranho e que a ideologia é falsa e que a propaganda do avanço da agricultura soviética simplesmente não satisfazia ao critério da realidade. Eles falavam de abundância de comida e não tinha nenhuma nas lojas. Deve ter algo errado. Meu pai foi, ele está à esquerda aqui, oficial do quadro geral do exército soviético. Ele foi inspetor de tropas terrestres – tropas soviéticas estacionadas em países como Mongólia, Cuba, países do leste europeu. Fosse ele vivo hoje, o mais provável é que estivesse inspecionando tripas soviéticas na Nicarágua, Angola e muitas outras partes do mundo. Felizmente, ele morreu e não viu a desgraça porque no fundo ele era um patriota russo. Ele não estava a fim... ele não gostava da idéia de expandir o poderio militar soviético, especialmente nas regiões onde não éramos bem-vindos de forma alguma. Diferente de muitos outros oficiais militares ele se relatava diretamente ao ministro da defesa ignorando a KGB e o serviço diplomático. Em outras palavras: ele foi um profissional militar confiável. E minha impressão é que esse tipo de pessoa é muito menos guerreira e aventureira que burocratas do partido no Kremlin. Quando a mídia de massa americana descreve o poderio militar soviético como uma contraparte potencialmente perigosa para o Pentágono eu simplesmente rio, porque eu sei como é que é e eu sei que a parte mais perigosa da estrutura de poder soviética não é militar de jeito nenhum. Mas provavelmente se eles subissem ao poder no meu país eles seriam negociadores mais sensatos para o desarmamento nuclear e retirada de tropas soviéticas de várias partes do mundo.
Griffin – Mas se alguém da estrutura do partido ou da KGB desse ordens para intervenção militar...
Yuri – Eles teriam que obedecer. Sim, porque eles são militares profissionais. Mas eles... veja, o triângulo de poder e ódio na URSS é o partido no topo – a elite, a oligarquia do partido – e ai os militares e a KGB na base. Eles se odeiam. E o triângulo mais odiado a ponta mais odiada do triângulo são os burocratas do partido comunista. Eles são os megalomaníacos mais senis e aventureiros. Eles podem começar a guerra, eu não me surpreenderia. Os militares não. Eles sabem o que é a guerra. Pelo menos o meu pai sabia.
Esta é a foto tirada na porta de meu Instituto de Línguas Orientais – é parte da Universidade Estatal de Moscou. Eu me formei em 1963.
Griffin – Desculpe, qual deles é você?
Yuri – Estou à direita.
Griffin – Você está à direita.
Yuri – À esquerda está meu colega Vadim Smirnoff que depois foi apparatchik no comitê central no Partido Comunista da União Soviética.
Griffin – O que é um apparatchik?
Yuri – É um funcionário, tipo um servidor público no Império Britânico. Alguém que nunca é despedido do serviço. Alguém que fica lá eternamente. Ele pode até não ser muito promovido mas ele é um burocrata de confiança que ficará PRÁ SEMPRE.
Não estudei apenas linguagens, mas também história, literatura e até música. Nesta foto estou tentando aprender um instrumento musical indiano. Até tentei parecer com um indiano quando eu estava no segundo ano.
Griffin – Nada mau.
Yuri – Sim! Na verdade era muito encorajado pelos instrutores na minha escola porque os formandos da minha escola eram depois empregados como diplomatas, jornalistas no estrangeiro ou espiões. Como todo estudante soviético, fui “voluntário” para colher cereais no Casaquistão. Essa foi a maior mancada agricultural do governo soviético. Mas eu não tinha muita escolha, é claro, porque o lema comunista emprestado da bíblia diz: “Aqueles que não trabalham não comerão”, então você pode me ver comendo, logo eu estava trabalhando e você pode ver o quanto eu estava feliz com isso. Eu passei por um treinamento físico e militar muito extenso incluindo as manobras... incluindo os jogos militares nas áreas suburbanas de Moscou. E aqui, por exemplo, estamos num tour pela área de Aranginsk. Ao final de minha instrução na escola fui recrutado pela KGB – esta foto foi tirada neste dia, e você pode ver quão feliz é ser recrutado pela KGB.
Griffin – Nossa conversa com Yuri Alexandrovith Bezmenov que foi desertor da União Soviética e ex-agente de propaganda para a Novosti e a KGB continuará após o intervalo.
VÍDEO 4
Yuri – Pois bem, como todo estudante na URSS passei por treinamento físico e militar bem extenso. E treinamento de defesa civil também, ao contrário dos EUA, onde defesa civil é virtualmente inexistente. Zero. Na URSS qualquer aluno, qualquer que seja sua área principal tem que passar por quatro anos de treinamento bem extensivo militar e de defesa civil. Você pode me ver aqui um grupo de estudantes durante um dos jogos de guerra perto de Moscou. A idéia central, é claro, é preparar um exército reservista enorme para a URSS. Cada estudante tem que se formar como tenente junior. No meu caso era serviço de inteligência administrativo e militar. Minha primeira atribuição foi a Índia como tradutor para o grupo de ajuda econômica soviético construindo complexos de refinaria nos estados de Bihar e Gujarat. Naquela época eu ainda estava ingenuamente acreditando idealisticamente que aquilo que eu estava fazendo contribuía para compreensão e cooperação entre as nações. Levou alguns anos para eu perceber que o que estávamos levando para a Índia era um novo tipo de colonialismo mil vezes mais opressor e explorador do que qualquer colonialismo ou imperialismo na história da humanidade. Mas naquela época eu ainda tinha esperança de que... bem, talvez não é tão mau assim, podia ser pior e as coisas podiam melhorar. Eu ainda tentei implementar o lindo lema marxista “Proletários de todos os países, uni-vos!”. Eu tentei me unir com uma garota indiana boazinha. E eu... na verdade eu estava fascinado com a cultura indiana, pela vida familiar neste país. Mas obviamente o Partido Comunista tinha planos diferentes para meus genes então eu tive que me casar com esta linda garota russa. Ao longo de minha carreira eu me casei três vezes. A maioria desses casamentos eram casamentos de conveniência por sugestão do departamento de pessoal. É prática comum na URSS. Quando o cidadão soviético recebe um trabalho no estrangeiro ele tem que ser casado ou para manter a família dentro da URSS como reféns, ou se é um casamento de conveniência como o meu, para que o marido e mulher sejam virtualmente informantes um do outro para prevenir contra deserção ou contaminação por idéias imperialistas ou capitalistas decadentes. No meu caso, eu odiava tanto aquela garota que no momento em que pousamos em Moscou nós nos divorciamos e eu me casei depois uma segunda vez. Ao fim de minha primeira tarefa na Índia fui promovido a posição de oficial de relações públicas. Você pode me ver aqui traduzindo o discurso de um patrão soviético.
Griffin – E você está à direita.
Yuri – Sim, estou à direita aqui e a ocasião era a comissão do complexo de refinarias em Bihar e Barauni. De volta a Moscou fui mediatamente recrutado pela Agência de Imprensa Novosti que é uma frente de propaganda e subversão ideológica da KGB. 75% dos membros da Novosti são oficiais comissionados da KGB. Os outros 25% são como eu: agentes cooptados que são designados a operações específicas. Neste caso particular, você pode me ver falando com estudantes da Universidade de Amizade Lumumba em Moscou. Esta é uma escola enorme sob controle direto da KGB e Comitê Central, onde futuros líderes dos ditos “Movimentos de Libertação Nacional” estão sendo educados e selecionados cuidadosamente. E alguns deles não tem absolutamente... Este é um grupo de estudantes da Lumumba. Eles não se parecem nem um pouco com estudantes. Parecem-se mais com militares e isto é exatamente o que eram. Eles eram mandados de volta para seus países para serem líderes dos ditos “Movimentos de Libertação Nacional” ou, traduzindo para linguagem humana normal, líderes de grupos terroristas internacionais.[8]
Outra área de atividade quando eu trabalhava para a Navosti era acompanhar grupos de ditos “intelectuais progressistas”: escritores, jornalistas, editores, professores, professores universitários. Aqui você pode me ver no Kremlin – sou o segundo à esquerda – com um grupo de intelectuais paquistaneses e indianos. A maioria deles fingia não entender que nós estávamos trabalhando para o governo soviético e a KGB. Eles fingiam que eles eram convidados de verdade, VIPs, intelectuais, que eles eram tratados de acordo com seus méritos e habilidades intelectuais. Para nós eles eram apenas um bando de prostitutas políticas a serem aproveitadas para várias operações de propaganda. Então você pode ver perfeitamente bem meu colega superior à esquerda não demonstra lá muito respeito em sua cara e eu com um sorriso bem cético – típico sorriso sarcástico da KGB antecipando outra vítima de lavagem cerebral ideológica. É assim que uma típica conferência no quartel-general da Novosti em Moscou se parece. Sentado ao meio está Boris Burkov, então diretor da Novosti, burocrata de alto escalão do Partido no departamento de propaganda. Estou em pé do lado do famoso poeta indiano Sumitharanandan Panth. Ele era famoso porque foi um autor... o autor de um poema famoso chamado “Rapsódia a Lênin” – por isso ele foi convidado à URSS e tudo foi pago pelo governo soviético. Preste atenção especial ao número de garrafas na mesa. Este é um dos jeitos de matar a atenção ou curiosidade de jornalistas estrangeiros. Minha... uma de minhas funções era manter convidados estrangeiros permanentemente embriagados a partir do momento em que pousam no aeroporto de Moscou. Eu tinha que os levar ao salão VIP e brindar à amizade e compreensão entre as nações do mundo um copo de vodca e aí um segundo copo de vodca e em pouco tempo meus convidados estariam se sentindo bem alegres, eles veriam tudo em uma cor rosa bonitinha e este é o estado no qual eu tinha de os manter permanentemente pelos próximos 15 ou 20 dias. Num certo momento eu tinha que tirar o álcool deles de modo que alguns deles, que são os mais recrutáveis estariam meio abalados, culpados, tentando se lembrar do que falaram na noite anterior. Esta é a hora de se aproximar deles com todo tipo de nonsense tipo comunicado conjunto ou manifesto em prol de propaganda soviética esta é a hora em que estão mais flexíveis e, é claro, o que não compreendiam ou não perceberam ou fingiram que não perceberam é que eu mesmo que estava bebendo com eles na verdade não estava bebendo nada. Eu tinha jeitos de me livrar do álcool através de várias técnicas incluindo pílulas especiais dadas a mim por meus colegas. Mas eles estavam tomando pra valer, em outras palavras, eles consumiam grandes volumes de álcool e se sentiam bem mal na manhã seguinte.
Em 1967 a KGB me associou a essa revista, a revista LOOK. Um grupo de 12 pessoas chegou à URSS vindos dos EUA para cobrir o 50º aniversário da revolução socialista de outubro em meu país. Da primeira a última página era um pacote de mentiras, clichê de propaganda que foi apresentado a leitores americanos como deduções e opiniões de jornalistas americanos. Nada podia estar (mais) longe da verdade. Essas não eram opiniões, não eram opiniões de jeito nenhum. Eram os clichês que a propaganda soviética queria que o público americano pensasse que ELES pensam se isso chega a fazer algum sentido. Certamente faz, porque do ponto de vista da propaganda soviética, apesar de haver criticas sutis ao sistema soviético, a mensagem básica é que a Rússia hoje é um sistema bom, funcional e eficiente apoiado pela maioria da população. Essa é a maior mentira. E, é claro, intelectuais e jornalistas americanos da revista Look elaboraram esta inverdade de várias formas diferentes, eles intelectualizaram essa mentira, eles acharam todo tipo de justificativas para contar mentiras ao público americano.
Griffin – Com licença. Era em parte o seu trabalho se certificar de que eles receberiam essas idéias...
Yuri – Sim.
Griffin – ... e as aceitassem como suas próprias idéias.
Yuri – Certo. Na verdade, antes mesmo que eles chegassem à URSS, e pagaram uma quantia astronômica por essa visita, eles se submeteram... a Agência de Imprensa Novosti desenvolveu os ditos “históricos” – 20 a 25 páginas de informação e opiniões que foram apresentadas aos jornalistas antes mesmo de comprarem suas passagens para Moscou. Eles tinham que analisar a situação e julgando pelas suas reações ao tal histórico o representante local da Novosti ou diplomata soviético local em Washington iria julgar se eles receberiam o visto para a URSS ou não.
Griffin – Então eles eram selecionados...
VÍDEO 5
Yuri – Ah, sim! Eles eram pré-selecionados muito cuidadosamente; não há muita chance de um jornalista honesto chegar à URSS e ficar lá por um ano e trazer esse pacote de mentiras pra casa.
Esta, por exemplo, é a página central da revista Look. Eles apresentaram esse monumento erigido pelo Partido Comunista em Estalingrado como o símbolo, a personificação do poderio militar russo. E disseram no artigo publicado na margem que os soviéticos têm muito orgulho de sua vitória na 2ª Guerra Mundial. Esse é outro grande mito, uma mentira. Nenhum povo sensato teria orgulho de perder 20 milhões de seus compatriotas numa guerra que foi deflagrada por Hitler e camarada Stalin e paga por multinacionais americanas. A maioria dos cidadãos soviéticos olha para esse tipo de monumento com nojo e dor porque toda família perdeu pai, irmão, irmã ou criança (filho) na 2ª Guerra Mundial. Ainda assim, jornalistas americanos que estavam tentando apaziguar, agradar seus anfitriões apresentaram esta foto na página central como o símbolo, a personificação do que eles chamam de “espírito nacional russo”. E foi o maior – o maior – erro, e uma incompreensão trágica. É claro, a revista Look não foi distribuída na URSS. O público principal estava nos EUA. Ma eu suponho que muitos americanos – milhões de americanos que liam a revista Look naquela época tiveram uma idéia absolutamente errada sobre os sentimentos de minha nação, ou de que os soviéticos têm orgulho ou odeiam.
Este é um grupo – você pode ver a mesma dama com uma espada em Estalingrado – É um grupo de jornalistas. Eu estou no centro com o mesmo sorriso diabólico. E o Sr., Philip Harrington está lá na ponta esquerda com sua câmera. Este foi o senhor que foi tão surdo... ou tão desinteressado no que eu tinha a lhe dizer. Esta é a mesma foto, uma ampliação da mesma foto. Muitos convidados de muitos países e neste caso particular da Ásia e África eram levado por mim, como funcionário da Agência Novosti, por um tour pela Sibéria, por exemplo. Nós os mostrávamos uma creche típica, está vendo? Nada especial para os padrões americanos, só crianças boazinhas sentadas comendo o café da manhã ou almoço. O que eles não podiam entender ou fingiam não entender é que esta é uma creche EXEMPLAR. Esta não é uma creche para a pessoa média ou família média na URSS. E nós mantivemos essa ilusão na mente deles. Você pode me ver abaixo da mancha vermelha lá no meio com a mesma expressão de negócios. Estou fazendo meu trabalho. É o que me mandaram fazer e me pagaram pra fazer. Mas no fundo eu esperava que ao menos alguns desses idiotas úteis compreendessem que o que eles estavam vendo não tinha nada a ver com o nível de riqueza na minha nação. Esta é uma foto melhor, que reflete o espírito verdadeiro da infância soviética. Esta foto foi impressa numa publicação do governo canadense por engano. No meio você pode ver crianças brincando num pequeno quintal e a legenda diz “Esta é uma típica creche na Sibéria”. O que esses idiotas não entendiam é que isso não é uma creche de forma alguma. É uma prisão para filhos de prisioneiros políticos. Mas não houve uma única menção de que aquilo que estavam visitando era na verdade uma área de campos de concentração. E o trabalho de pessoas como eu era ajudá-los a não perceber que estavam na verdade falando com prisioneiros. A maioria das crianças estava vestida especialmente na ocasião da visita dos estrangeiros, e claro que não havia corpos pelo chão, não havia guardas de metralhadora, e não parece muito agradável, pelo que você pode ver, parece chato mas obviamente não dá a impressão de que isso é na verdade uma prisão.
Griffin – Bom, alguns dos jornalistas teve a curiosidade de perguntar sobre prisões, afinal na Sibéria...
Yuri – Sim, sim! Alguns deles perguntavam, e nós naturalmente para pergunta estúpida dávamos uma resposta estúpida: “Não, não há prisões na Sibéria. Não, a maioria das pessoas que você vê são cidadãos livres da URSS, estão muito felizes de estar aqui, e estão contribuindo para a glória do sistema socialista”. Alguns fingiam acreditar no que eu lhes dizia, e a maioria deles... podemos discutir depois, quais são as motivações dessas pessoas? Por quê elas iriam levar mentiras para sua própria gente através de sua própria mídia de massa? Tenho várias respostas para isto, não há uma explicação única, é um complexo de explicações. É medo. Puro medo biológico. Elas entendem que estão no território de um Estado inimigo, um Estado policial, e só para salvar suas peles imprestáveis, seus empregos miseráveis, sua afluência em casa, eles preferiam contar uma mentira a fazer perguntas verdadeiras e noticiar informação verdadeira. Em segundo, a maioria desses imbecis tinha medo de perder seus empregos porque obviamente, se você fala a verdade sobre meus país você não vai durar muito como correspondente do New York Times ou Los Angeles Times. Eles irão te despedir. “Que tipo de correspondente é você? Você obviamente não pode se entender com os russos se eles te chutam pra fora em 24 horas.” Então por tentar serem conformistas com seus chefes de redação eles tentam não ofender os sentimentos dos administradores soviéticos e pessoas como eu. No fundo eu desejava que eles insultassem SIM meus ou ofendessem sim meus sentimentos. Obviamente eles preferiram não o fazer. Outro motivo – eu me recusava a acreditar – mas obviamente há outra razão. Obviamente, é uma ambição. Essas pessoas ganham muito dinheiro quando elas voltam para os EUA, elas alegam que são especialistas em meu país. Escrevem livros e vendem milhões de cópias. Entitulados “Russos”, “A Verdade sobre a Rússia” a maior parte é mentira sobre a Rússia. Ainda assim alegam se sovietologistas. Eles repetem mitos sobre meu país, os clichês de propaganda. Ainda assim resistirão teimosamente à verdade. Se uma pessoa como Soljenitsin deserta ou é chutada pra fora da URSS eles fazem o melhor que podem para desacreditá-lo e desencorajá-lo. Eu não tenho muita chance de aparecer em rede nacional com a história verdadeira sobre o meu país. Mas um idiota útil como Hendrix Smith ou Robert Kaiser eles são grandes heróis, eles voltam da URSS dizendo “Oh, nós estávamos falando com dissidentes na Rússia”. Grande coisa! Dissidentes soviéticos estão correndo atrás de correspondentes americanos pelas ruas. E eles estão covardemente escapando destes contatos. Por alguma razão estranha, se você quiser saber mais sobre a Espanha você consulta escritores espanhóis, se você quiser saber mais sobre os franceses, você lê escritores franceses, mesmo sobre a Antártica você leria os pingüins, só sobre a União Soviética, por alguma razão estranha, você lê Hendrix, imbecilendrix e todo o tipo de Kissingers porque eles alegam saber mais sobre meu país. Eles não sabem de nada, ou perto de nada, ou pretendem saber mais do que sabem de fato. Eu diria que são pessoas desonestas a quem falta integridade e bom senso e honestidade intelectual. Eles trazem de volta todo tipo de estórias, como aquela: uma creche na Sibéria! Omitindo o fato mais importante: é uma prisão para filhos de prisioneiros políticos. Outro grande exemplo de idiotice monumental de políticos americanos. Edward Kennedy estava em Moscou. E ele pensou que era um político americano popular e carismático que é pra frente, que sorri, que dança no casamento no palácio russo de casamentos. O que ele não entendeu, ou fingiu que não entendeu é que na verdade ele estava passeando de coleira. Esse é um casamento montado para impressionar mídia estrangeira ou idiotas úteis como Ed Kennedy. A maioria dos convidados lá tinham permissão da segurança e eram instruídos no que dizer para estrangeiros. E era o que eu estava fazendo. Você pode me ver no mesmo maldito palácio de casamentos em Moscou onde Ed Kennedy dançava aqui. E sorrindo. Ele acha que é muito inteligente. Do ponto de vista de cidadãos soviéticos que assistem a essa idiotice ele é... ele é um idiota egocêntrico de mente estreita que tenta ganhar sua popularidade através de participação em farsas de propaganda como essa.
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Yuri – Aqui você pode me ver. À direita, de novo, uma noiva soviética exemplar, à esquerda três jornalistas de vários países: Ásia, África e América Latina. Obviamente estão adorando a situação, eles vão voltar pra casa e escrever uma notícia “Nós estávamos presente em um casamento comum.” Eles NÃO estavam presentes em um casamento soviético comum. Estavam presentes... eles foram parte de uma farsa, de uma apresentação de circo. Outra coisa que eu tive que, às vezes, arriscando a minha vida para explicar a estrangeiros. A revista Time, por exemplo, foi muito crítica do regime racista da África do Sul. Todo o artigo foi dedicado ao vergonhoso sistema de passaportes internos onde negro não tem permissão para viver com brancos. Por alguma razão estranha, pelos últimos 14 anos, desde minha deserção ninguém queria prestar atenção no MEU passaporte. Este é o meu passaporte. Ele também mostra a minha nacionalidade. E tem um carimbo da polícia que é chamado prapiska na língua russa que me designa a uma certa área de residência. Eu não posso deixar esta área da mesma forma que este negro não pode deixar a área na África do Sul. Ainda assim chamamos o governo da África do Sul de regime racista. Nenhuma Jane Imbecilonda ou Fonda tem bravura, coragem suficiente para ir até a mídia e dizer: “Olha! Isto é o que acontece na URSS!” Mandei cópias do meu passaporte para vários “liberais” americanos, defensores de direitos civis e todos os outros idiotas úteis. Eles nem se preocuparam em me responder. Isso mostra que tipo de integridade, que tipo de honestidade essa gente tem. São um bando de hipócritas porque não querem conhecer um bom exemplo de racismo em meu país. Esse é o primeiro estágio em se tornar amigo de um professor. Você pode me ver à esquerda com o mesmo sorriso de James Bond, à direita está meu supervisor da KGB, o camarada Leonid Mitrokhin, e no meio está um professor de ciência política da Universidade de Délhi. O próximo passo seria convidá-lo para uma convenção de amizade indo-soviética. Aí está ele sentado ao lado de sua esposa antes de ser mandado para a URSS em viagem grátis, tudo pago pelo governo soviético. Ele é induzido a acreditar que ele está sendo convidado para a URSS porque ele é um intelectual talentoso que pensa sobriamente. Absolutamente falso. Ele está sendo convidado porque é um idiota útil porque iria concordar e subscrever a maioria dos clichês de propaganda soviética e quando voltar ao seu próprio país ele irá ensinar por anos e anos as belezas do socialismo soviético para novas e novas gerações de seus estudantes, assim promovendo a linha de propaganda soviética.
A KGB estava até curiosa sobre este senhor ele pode parecer inocente: Maharishi Mahesh Yogi, um grande líder espiritual ou talvez um grande charlatão e pilantra dependendo de qual lado você olha para ele. Os Beatles foram treinados em seu ashram em Haridwar na Índia em como meditar. Mia Farrow e outros idiotas úteis de hollywood visitaram sua escola e voltaram aos EUA absolutamente alucinados com maconha, haxixe e idéias malucas de meditação. Meditar, em outras palavras, se isolar dos assuntos sociais e políticos atuais de seu próprio país, entrar em sua própria bolha, esquecer os problemas do Mundo. Obviamente, a KGB esta muito fascinada com uma escola tão linda. Tal centro de lavagem cerebral para americanos estúpidos. Eu fui enviado pela KGB para checar que tipo de VIPs americanos freqüentavam a escola.
Griffin – É você à esquerda?
Yuri – Sim, estou à esquerda. Eu estava tentando me matricular na escola; infelizmente Maharishi Mahesh Yogi cobrava muito. Ele queria 500 dólares americanos para matricula. Mas minha função não era realmente me matricular, minha função era descobrir que tipo de gente dos EUA freqüenta esta escola. E descobrimos que – sim – há alguns membros de famílias influentes fazedores de opinião pública dos EUA. Que voltam com histórias malucas de filosofia indiana. Os próprios indianos os enxergam como idiotas – idiotas úteis. Pra não falar da KGB, que os enxergava como gente extremamente ingênua e desorientada. Obviamente, um VIP, digamos a esposa de um deputado ou uma personalidade proeminente de hollywood depois de ser treinada naquela escola é muito mais instrumental nas mãos de manipuladores de opinião pública e da KGB do que uma pessoa normal que entende, que enxerga através desse char... desse tipo de treinamento religiosos fajuto.
Griffin – Por que elas seriam mais susceptíveis à manipulação?
Yuri – Eu acabei de falar, porque veja bem... Uma pessoa que está muito envolvida em meditação introspectiva se você vir cuidadosamente o que Maharishi Mahesh Yogi está ensinando para americanos é que todos... a maioria dos problemas, a maioria dos assuntos quentes de hoje podem ser resolvidos simplesmente meditando. Não balance o barco, não se envolva, apenas sente-se, olhe para seu umbigo e medite. E as coisas, por alguma lógica estranha, por vibrações cósmicas, vão se assentar sozinhas. Isso é exatamente o que a KGB e a propaganda marxista-leninista quer dos americanos. Distrais sua opinião, sua atenção, sua energia mental de assuntos REAIS dos EUA para não-assuntos, para um não-Mundo, para uma harmonia inexistente. Obviamente é mais benéficos para os agressores soviéticos ter um bando de americanos abestalhados do que americanos que são auto-conscientes, saudáveis, em forma física e alertas à realidade. Maharishi Mahesh Yogi obviamente não está na folha de pagamento da KGB. Mas sabendo ele ou não, ele contribui muito para a desmoralização da sociedade americana. E ele não é o único. Há centenas desses gurus que vêm para o seu país para faturar em cima de ingenuidade e estupidez de americanos. É uma moda... É uma moda meditar, é uma moda não se envolver. Então obviamente, você pode ver se a KGB estava tão curiosa, se pagaram minha viagem para Haridwar, se eles me designaram aquela missão estranha, obviamente eles estavam muito fascinados. Eles estavam convencidos de que esse tipo de lavagem cerebral é muito eficiente e instrumental na desmoralização dos EUA.
VÍDEO 7
Yuri – Esta foto mostra parte do edifício da embaixada da URSS e meus supervisores. À esquerda está o camarada Mehdi, um comunista indiano e à direita o camarada Mitrokhin. Meus supervisores no departamento secreto de pesquisa e contra-propaganda. Não tem nada a ver nem com a pesquisa nem com a contra-propaganda. A maioria da atividade do departamento era compilar uma enorme quantidade... volume de informação sobre indivíduos que eram instrumentais em criar opinião pública. Editores, redatores, jornalistas, atores, educadores, professores de ciência política, membros do parlamento, representantes de círculos empresariais. A maioria destas pessoas estava dividida basicamente em dois grupos: Aqueles que apoiavam a política externa soviética seriam promovidos às posições de poder através da manipulação de mídia e opinião pública. Aqueles que rejeitavam a influência soviética em seus países seriam difamados OU... executados fisicamente vindo a revolução da mesma maneira que na pequena cidade de Huê, no Vietnã do Sul. Vários milhares de vietnamitas foram executados em uma noite quando a cidade foi capturada pelos vietcongues por apenas dois dias e a CIA americana não conseguia entender como possivelmente os comunistas podiam saber de cada indivíduo onde ele mora, onde pegá-lo, e seriam presos em uma noite, - basicamente em umas quatro horas antes do amanhecer – colocados em furgões, levados para fora dos limites da cidade e fuzilados. A resposta é muito simples: muito antes dos comunistas ocuparem a cidade havia uma rede extensa de informantes, cidadãos vietnamitas locais, que sabiam absolutamente tudo sobre pessoas que eram instrumentais em opinião pública incluindo barbeiros e taxistas. Todo mundo simpático aos EUA foi executado. A mesma coisa foi feita sob a tutela da embaixada soviética em Hanói e a mesma coisa eu estava fazendo em Nova Délhi. Para meu horror descobri que nos arquivos de pessoas marcada para execução estavam os nomes de jornalistas pró-soviéticos com quem eu tinha amizade pessoal.
Griffin – Pró-soviéticos?
Yuri – Sim! Eles eram esquerdistas de pensamento idealista que fizeram várias visitas à URSS, e ainda assim, a KGB decidiu que vindo a revolução ou mudanças drásticas na estrutura política da Índia eles teriam que morrer.
Griffin – Por quê?
Yuri – Porque eles sabem demais! Simplesmente porque – veja bem – os idiotas úteis os esquerdistas que acreditam idealisticamente na beleza do socialismo soviético, comunista ou o sistema que for, quando se desiludem, eles se tornam os piores inimigos. Isto é porque meus instrutores da KGB frisaram especificamente: “Nunca ligue pros esquerdistas. Esqueça essas prostitutas políticas. Mire mais alto”. Esta era a minha instrução: “Tente entrar na mídia de grande circulação conservadora estabelecida, cineastas ricos, podres de ricos, intelectuais, os ditos ‘círculos acadêmicos’, pessoas cínicas e egocêntristas que podem olhar nos seus olhos com expressão angelical e te contar uma mentira.” Estas são as pessoas mais recrutáveis, pessoas que carecem de princípios morais, que são ou ambiciosas demais ou que sofram de auto-importância. Elas sentem que são muito importantes. Estas são as pessoas que a KGB queria muito recrutar.
Griffin – Mas eliminar os outros, executar os outros... eles não teriam um propósito, não era para confiar nelas?
Yuri – Não. Eles só têm propósito no estágio de desestabilização de uma nação, por exemplo seus esquerdistas nos EUA, todos esses professores e todos esses lindos defensores de direitos civis (direitos humanos) eles são instrumentais no processo de subversão apenas para desestabilizar uma nação. Quando o serviço deles está completo, eles não são mais necessários, eles sabem demais. Alguns deles, quando se desiludem, quando vêem os marxistas-leninistas chegarem ao poder, obviamente eles se ofendem. Eles acham que ELES vão para o poder. Isto nunca acontecerá, é claro: eles serão alinhados no paredão e fuzilados. Mas eles podem se tornar os inimigos mais rancorosos dos marxistas-leninistas quando chegam ao poder, e isto é o que aconteceu na Nicarágua; você lembra que a maioria desses ex-marxista-leninistas, ou foi presa e um deles se separou e agora trabalha contra os sandinistas, aconteceu em Grenada quando Maurice Bishop... ele já era um marxista e foi executado por novos marxistas que eram mais marxistas que este marxista. O mesmo aconteceu no Afeganistão quando primeiro foi Taraki, que foi morto por Amin, a Amin foi morto pro Babrak Karmal com ajuda da KGB. O mesmo aconteceu em Bangladesh quando Munjibur Rahman, um esquerdista bem pró-soviético foi assassinado por seus próprios camaradas militares marxistas-leninistas. É o mesmo padrão em todos os lugares. No momento em que cumprem seu propósito, todos os idiotas úteis ou são executados inteiramente – os marxistas idealistas – ou exilados ou metidos na prisão, como em Cuba muitos ex-marxista estão em Cuba... na prisão. Então, a maior parte dos indianos que estava cooperando com os soviéticos especialmente com nosso departamento de informação da embaixada da URSS estavam marcados para execução. E quando eu descobri este fato, eu passei mal, é claro. Eu passei mal mentalmente, fisicamente, achei que eu ia explodir um dia durante as instruções no escritório do embaixador eu iria me levantar e dizer algo como “Nós somos basicamente um bando de assassinos!” “É o que somos... não tem nada a ver com amizade e compreensão entre as nações e blábláblá. Nós somos assassinos, nós nos comportamos como uma quadrilha de bandidos em um país que é hospitaleiro conosco, um país com tradições milenares.” Mas eu não desertei, eu tentei repassar a informação. Para meu horror ninguém queria nem ouvir. Ouvir ou acreditar no que eu tinha para dizer. Eu tentei todo tipo de truques. Eu vazava informação por cartas ou “documentos perdidos” ou coisa assim ainda assim não obtive mensagem, a mensagem não foi publicada, mesmo na mídia de massa conservadora da Índia. O impulso imediato para desertar foi a crise de Bangladesh que foi descrita por correspondentes americanos como revolução islâmica comunitária o que é pura enganação. Não teve nada a ver com o Islã e não houve revolução comunitária. Aliás, não existem revoluções comunitárias, ponto final. Toda revolução é produto de um grupo altamente organizado. Consciente e profissional e... organizado mas nada a ver com a comunidade. Em Bangladesh não teve NADA de comunitário. A maior parte dos membros da Liga Awami, do Partido Popular da Liga Awami foram treinados em Moscou na escola superior do partido a maioria dos lideres Mukti Fauji – Mutki Fauji em Bengali significa “exército do povo” – o mesmo que SWAPO e todos tipos de “exércitos de libertação” pelo Mundo afora. O mesmo bando de idiotas úteis. Eles foram treinados na Universidade Lumumba e vários centros da KGB em Simferopol na Criméia e Tashkent. Então, quando eu vi territórios indianos sendo usados como trampolim para destruir o Paquistão Oriental eu mesmo vi milhares de ditos estudantes viajando através da Índia, através do Paquistão Oriental, através do território da Índia e o governo da Índia fingia não ver o que estava acontecendo eles sabiam perfeitamente bem, a polícia indiana sabia, o departamento de inteligência do governo indiano sabia, a KGB, é claro, sabia e a CIA sabia! Isso era o mais revoltante, porque quando eu desertei e expliquei aos interrogadores da CIA que deviam tomar cuidado porque o Paquistão Oriental iria estourar a qualquer momento eles disseram que eu estava lendo muitos livros da James Bond. Mas então... o Paquistão oriental estava perdido. Um de meus colegas no consulado soviético em Calcutá quando estava trêbado foi pro porão para se aliviar e achou caixas grandes que diziam “Material impresso para a Universidade de Daca”. Daca é a capital do Paquistão Oriental. E como estava bêbado e curioso ele abriu uma das caixas e descobriu não material impresso; ele descobriu armas Kalashnikov e munição lá. De qualquer maneira, é uma longa estória. Quando vi as preparações para a invasão do Paquistão Oriental, eu obviamente queria desertar imediatamente. A única coisa que eu podia... Na época eu não conseguia decidir quando, onde e como. Uma das razões, é claro, veja você, é que eu estava apaixonado pela Índia – eu já mencionei antes – eu falava as línguas. Eu socializava com as pessoas. E entendi que eu tinha que agir rápido a não ser que quisesse que esse lindo país fosse permanentemente e irreparavelmente danificado por nossa presença.
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Yuri – Uma das razões para NÃO desertar era, como você pode ver, eu estava vivendo em relativa afluência. Quem diabos em sã consciência iria desertar e fazer o quê?! Ser ofendido pela sua mídia? Ser chamado de macartista, fascista e paranóico? Ou para dirigir um táxi em Nova Iorque? Pra quê? Pra quê diabos eu iria desertar? Para ser ofendido por americanos, ser insultado? Em troca de meu esforço de levar informação verídica sobre o perigo iminente de subversão? Como você pode ver, eu estava vivendo em condições bem confortáveis perto de piscinas – onde aliás indianos eram proibidos de entrar – Eu era um especialista em propaganda muito bem pago, eu tinha minha família, eu era respeitado por minha nação, minha carreira estava limpinha. A terceira razão: como desertar com a família? Desertar com o bebê e a esposa seria praticamente suicídio porque de acordo com a lei – aquela lei hipócrita de que falei antes – A polícia indiana teria que me entregar de volta para a KGB e este seria o fim de minha deserção e provavelmente da minha vida. Novamente: Eu não posso contrabandear minha esposa porque ela não sabia bem o que eu estava fazendo. Ela não estava tão idealisticamente envolvida e definitivamente não estava por dentro do quadro geral do que eu estava fazendo para a KGB – ela ficaria chocada! Se eu a colocasse na minha perua e a levasse para a embaixada americana ou outro lugar isso seria um grande perigo. Então, novamente, eu tinha que desertar de maneira tal que minha deserção parecesse simples desaparecimento – e houve muitos casos assim quando um agente soviético simplesmente desaparecia ou morto em serviço ou devido a sua curiosidade e seu contato próximo com radicais alguns foram mortos pelos marxistas aliás. Aconteceu em muitos países africanos quando um KGB soviético era morto pelos próprios africanos, não porque odiavam o maxismo-leninismo mas simplesmente porque eram um bando de sujeitos desordeiros com gatilho coçando. Se você dá uma metralhadora pra eles, eles vão atirar! E alguns soviéticos obviamente não tomaram o cuidado de se proteger e se meteram em situações embaraçosas quando eram baleados no fogo cruzado entre facções dos ditos “movimentos de libertação”. Então eu decidi, com eu disse, estudar a... contra-cultura. Eu decidi que este provavelmente seria o melhor jeito de desaparecer. Eu socializei com figuras como essa à esquerda. Como você vê, é um hippie americano descalço. Me levou algum tempo estudar o que estavam fazendo e como me misturar a eles. Mas eventualmente consegui. A maioria dos ornais indianos tinham minha foto e a promessa de duas mil rúpias por informação de minha localização, mas estavam procurando pela pessoa errada, porque obviamente estavam tentando impedir um jovem diplomata soviético de camisa branca e gravata, e esta era a minha aparência durante a deserção, de camisa branca e gravata, ninguém iria possivelemente pensar que um diplomata soviético seria maluco a ponto de se juntar a um bando de hippies...
Griffin – Este é você!...
Yuri – É!... viajar pela Índia e fumar haxixe. Então consegui, literalmente, quase como numa história de detetive hollywoodiana. Debaixo do nariz da KGB no aeroporto de Bombaim eu embarquei num avião e fui pra Grécia onde fui interrogado pela CIA. Isto basicamente é o fim dos meus slides. –
Griffin – OK, podemos desligar o projetor. Isto é muito interessante. Você falou várias vezes antes sobre subversão ideológica – esta é uma frase que temo que alguns americanos não compreendam totalmente. Quando os soviéticos usam a frase “subversão ideológica”, o que querem dizer?
Yuri – Subversão ideológica é o processo que é legitimo, público e aberto. Você pode ver com seus próprios olhos. Tudo que você tem que fazer... tudo o que a mídia de massa americana tem que fazer é desenfiar as bananas dos ouvidos abrir os olhos e poderão vê-la. Não tem mistério, não tem nada a ver com espionagem. Sei que espionagem, coleta de informação parece mais romântico vende mais desodorantes em propagandas, provavelmente é por isso que vossos produtores de Hollywood são tão loucos por thrillers tipo James Bond. Mas na realidade, a ênfase principal da KGB não é de maneira alguma na área de inteligência. De acordo com minha opinião e a opinião de muitos desertores do meu calibre, apenas 15% de tempo, dinheiro e pessoal são gastos em espionagem como tal. Os outros 85% são um processo lento que chamamos de subversão ideológica ou medidas ativas, aktivnye meropriyatiya na linguagem da KGB ou guerra psicológica. O que significa basicamente é mudar a percepção da realidade de todo americano a tal ponto que apesar da abundância de informação ninguém é capaz de chegar a conclusões razoáveis no interesse de defender a si mesmos, suas famílias, sua comunidade e seu país. É um grande processo de lavagem cerebral que anda bem devagar e é dividido em quatro estágios básicos. Sendo o primeiro desmoralização. Leva 15 a 20 anos para desmoralizar uma nação. Por que este número de anos? Porque este é o número mínimo de anos necessário para educar uma geração de estudantes no país do seu inimigo exposta à ideologia do inimigo. Em outras palavras, ideologia marxista-leninista está sendo injetada nas cabeças moles de pelo menos três gerações de estudantes americanos sem ser contestada ou contrabalanceada pelos valores básicos do americanismo... patriotismo americano. O resultado... o resultado você pode ver. A maioria das pessoas que se formaram nos anos 60 desistentes ou intelectuais de miolo mole estão agora ocupando as posições de poder no governo, funcionalismo, negócios, mídia de massa, sistema educacional. Vocês estão atolados com eles, vocês não conseguem se livrar deles. Eles estão contaminados, estão programados para pensar e reagir a certos estímulos, a um certo padrão. Você não consegue mudar suas idéias, mesmo se você os expuser a informação autêntica, mesmo que você prove que branco é branco e preto é preto você não consegue mudar a percepção básica e lógica de comportamento deles. Em outras palavras, essa gente... O processo de desmoralização é completo e irreversível. Para livrar a sociedade dessa gente, você precisa de outros 20 ou 15 anos para educar uma nova geração de gente de mente patriótica e bom senso que agiriam em favor de e pelos interesses de... da sociedade dos EUA.
Griffin – E essas pessoas que foram programadas, como você diz, in loco favoráveis a uma abertura ao conceito soviético são as mesmas que estariam marcadas para extermínio neste país?
Yuri – A maioria delas sim. Simplesmente porque o choque psicológico quando elas virem no futuro o que a linda sociedade de igualdade e justiça social significa na prática, obviamente elas irão se revoltar. Serão pessoas muito infelizes, frustradas. E o regime marxista-leninista não tolera estas pessoas. Obviamente elas se juntarão às fileira dos dissentores... dissidentes. Ao contrário de nos atuais EUA, não haverá lugar para dissenção na futura América marxista–leninista. Aqui você pode ficar... popular como Daniel Ellsberg e podre de rico como Jane Fonda por ser dissidente, por criticar vosso Pentágono. No futuro essa gente será simplesmente... esmagada como baratas. Ninguém os pagará nada por suas lindas idéias nobres de igualdade. Isto eles não entendem e... será o maior choque para eles, é claro. O processo de desmoralização nos EUA já está basicamente completo. Pelos últimos 25 anos... Aliás está mais que completo, porque a desmoralização agora chega a áreas que antes nem o camarada Andropov e todos seus especialistas sequer sonhariam em tal sucesso tremendo. A maior parte é feita por americanos em americanos. Graças à falta de padrões morais. Como mencionei antes... exposição a informação verdadeira não importa mais. Uma pessoa que foi desmoralizada é incapaz de avaliar informação verdadeira. Os fatos não lhe dizem nada. Mesmo que eu o bombardeie com informação, com provas autênticas, com documento, com fotos. Mesmo que eu o leve à força para a URSS e o mostre um campo de concentração ele se recusará a creditar até ele levar um chute em seu traseiro gordo. Quando uma bota militar arrebentar sua (censurado) aí ele entenderá, mas não antes. Isto é o trágico da situação de desmoralização permanentemente e irreparavelmente danificado por nossa presença.
Então, basicamente a América está atolada com a desmoralização e a menos que... Mesmo que você comece agora, neste minuto... você começar a educar uma nova geração de americanos ainda assim vai levar 15 a 20 anos para reverter a maré da percepção ideológica da realidade de volta à normalia (normalidade) e patriotismo.
O próximo estádio é desestabilização. Desta vez o subversor não liga pras suas idéias, e seus padrões de consumo, se você come porcarias e fica gordo e flácido, não importa mais. Desta vez, e leva só de dois a cinco anos para desestabilizar uma nação, É... o que importa são os essenciais: economia, relações exteriores e sistemas de defesa. E você pode ver bem claramente que em algumas áreas em áreas sensíveis como... defesa e economia a influência de idéias marxista-leninistas nos EUA é absolutamente fantástica. Eu nunca iria acreditar há 14 anos atrás quando pousei nesta parte do mundo que o processo andaria tão rápido.
O próximo estágio, é claro, é a crise. Pode precisar de até apenas seis semanas para levar um país à beira da crise. Você pode ver isso na América Central agora. E depois da crise, com a mudança violenta de estrutura de poder e economia você o dito período de normalização. Pode durar indefinidamente. “Normalização” é uma expressão cínica emprestada da propaganda soviética quando os tanques soviéticos entraram na Tchecoslováquia em 68 o camarada Brezhnev disse “Agora a situação na fraternal Tchecoslováquia está normalizada.” Isto é o que acontecerá aos EUA se você permitirem todos os imbecis levarem o país à crise, prometerem ao povo todo tipo de benesses e o paraíso na Terra, desestabilizarem sua economia, eliminarem o princípio de concorrência de mercado livre e colocarem um governo do Grande Irmão em Washington DC com ditadores benevolentes com Walter Mondale que prometerá um mooonte de coisas, não importa se as promessas serão cumpridas ou não. Ele viajará pra Moscou para lamber as botas da nova geração de assassinos soviéticos. Não importa, ele criará falsas ilusões de que a situação está sob controle. A situação NÃO está sob controle. A situação está asquerosamente FORA de controle. A maioria dos políticos americanos, mídia e sistema educacional treina outra geração de pessoas que pensam que estão vivendo em tempos de paz. Falso. Os EUA estão num estado de guerra. Guerra total não declarada contra os princípios básicos e alicerces deste sistema. E quem iniciou esta guerra não é o camarada Andropov, claro. É o sistema... por mais ridículo que possa soar, é o sistema comunista mundial, ou a conspiração comunista mundial. Se isto assusta algumas pessoas ou não, estou pouco me lixando. Se você não está assustado a esta altura, nada pode te assustar. Mas você não precisa ficar paranóico com isto. O que de fato acontece agora, que, ao contrário de mim, vocês têm literalmente vários (alguns) anos para viver a não ser que os EUA acordem. A bomba-relógio está fazendo tique-taque. A cada segundo, o desastre está se aproximando mais e mais. Ao contrário de mim, você não terão para onde desertar. A não ser que queiram viver na Antártica com os pingüins.
É isso: este é o último país de liberdade e possibilidade.
Griffin – OK, então o que vamos fazer? Qual é a sua recomendação ao povo americano?
Yuri – Bom, a... coisa imediata que vêm à minha mente é, claro, deve haver um esforço nacional muito forte para educar as pessoas em... no espírito de verdadeiro patriotismo, número um. Número dois, explicar-lhes o perigo real do socialismo, comunismo, qualquer estado de bem-estar social, governo do Grande Irmão. Se as pessoas falharem em captar o perigo iminente a seu desenvolvimento nada mesmo poderá ajudar os EUA. Você podem dar adeus às suas liberdades, incluindo liberdades dos homossexuais, dos presos, toda esta liberdade vai sumir, evaporar em cinco segundos, incluindo suas preciosas vidas.
A segunda coisa que eu... no momento em que... pelo menos parte da população dos EUA está convencida de que o perigo É real. Elas têm que FORÇAR seu governo – e não estou falando de mandar cartas, fazer abaixo-assinados, e todas essas lindas atividades nobres. Estou falando de forçar o governo dos EUA a parar de ajudar o comunismo. Porque não há outro problema mais ardente e urgente do que impedir o complexo industrial militar soviético de destruir o que quer que tenha sobrado do mundo livre. E é muito fácil de fazer: nada de crédito, nada de tecnologia, nada de dinheiro, nada de reconhecimento político ou diplomático, e, é claro, nada de idiotices como acordos de cereais com a URSS. O povo soviético – 270 milhões de soviéticos – serão eternamente gratos a você se vocês pararem de ajudar um bando de assassinos que agora estão sentados no Kremlin e a quem o presidente Reagan respeitosamente chama de governo. Eles não governam nada, muito menos complexidades como a economia soviética. Então basic... duas muito simples... talvez soluções muito simplísticas. Mas ainda assim são AS únicas soluções: eduque-se, entenda o que está acontecendo ao seu redor. Você não está vivendo em tempos de paz. Você está em um estado de guerra. E você tem pouco e precioso tempo para se salvar. Vocês não têm muito tempo, especialmente se estamos falando da geração jovem. Não resta muito tempo para convulsões (censurado) para a linda música disco. Muito em breve vai simplesmente sumir... da noite pro dia. Se estamos falando de capitalistas ou empresários ricos, creio que estão vendendo a corda na qual serão enforcados muito em breve. Se eles não pararem, se não conseguirem frear seu desejo insaciável de lucro e se continuarem a comerciar com o monstro do comunismo soviético eles irão pra forca, muito em breve. E eles rezarão para serem mortos mas infelizmente serão mandados para o Alasca provavelmente para gerencia a indústria de escravos. É simplista, eu sei que soa desagradável, eu sei que americanos não gostam de escutar coisas que são desagradáveis mas eu não desertei para lhes contar estórias de idiotices como microfilme, espionagem tipo James Bond; isso é lixo. Você não precisa mais de espionagem. Eu vim falar de sobrevivência. É uma questão de sobrevivência deste sistema. E você pode me perguntar o que eu ganho com isso. Sobrevivência obviamente, porque diferente de... como eu disse... Eu estou agora no seu barco. Se nós afundarmos juntos, vamos afundar lindamente juntos. Não há outro lugar neste planeta para onde desertar.
Créditos:
A conversation with Yuri Bezmenov, former propagandist for the KGB
Legendas por David Balparda de Carvalho.
Câmera Crew:
- Dusty Ebsen
- Lee Grover
- Rick Simonton
Post Production at
ALL WEST VIDEO
An
American Media Production
MCMLXXXIV (1984).
Transcrição dos vídeos por Anatoli Oliynik.
[1] É exatamente isso que o governo do PT está fazendo no Brasil, Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, Tabaré Vázquez no Uruguai e Cristina Kirchner na Argentina. Demonizar os EUA.
[2] No Brasil usam-se a estória do Mapa do Brasil sem a região amazônica, a invasão americana para tomar a Amazônia, a CIA para derrubar o governo igualitário do PT, além do ensino marxista nas escolas, universidades, sindicatos e Igreja.
[3] É exatamente isso que o governo do PT faz para os seus militantes, todos empoleirados no serviço público.
[4] É como funciona em Cuba para os adeptos ao regime. O povo, como um todo, não goza desses privilégios.
[5] Isto se aplica perfeitamente aqui no Brasil aos “intelectuais” e aos “jornalistas” da grande imprensa e aos idiotas úteis.
[6] Isto também ocorre no Brasil em elevado grau.
[7] No Brasil, o exemplo mais recente, foi a deserção, prisão e extradição, em tempo recorde, dos boxeadores cubanos Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara pelo ministro da justiça, o trotskista revolucionário Tarso Genro, durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.
[8] O PCB e outros grupos revolucionários brasileiros enviaram dezenas de militantes para Moscou para serem transformados em guerrilheiros e formar a “Frente Nacional de Libertação” no Brasil, mesmo antes de 1964 quando o regime era aberto. Que libertação seria essa?